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Plantio de amendoim direto na palha reduz custo de produção em até 20% e erosão em 90%

Método diminui ainda a infestação de pragas e doenças, a erosão e a aflatoxina, que impede o consumo do grão O post Plantio de amendoim direto na p...

26/02/2024 às 08h23
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: Secom SP
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Plantio de amendoim direto na palha reduz custo de produção em até 20% e erosão do solo em 90%
Plantio de amendoim direto na palha reduz custo de produção em até 20% e erosão do solo em 90%

Resultados de 24 anos de pesquisas do Instituto Agronômico ( IAC-APTA ) envolvendo a agricultura conservacionista e o plantio de amendoim direto na palha da cultura anterior mostram que a técnica reduz o custo de produção em até 20% e a erosão do solo em 90%. E esses não são os únicos benefícios que resultam desse método.

O plantio direto na palha diminui ainda a infestação de pragas e doenças, a erosão e a aflatoxina, que impede o consumo do grão. Também aumenta a tolerância à seca e às adversidades climáticas e favorece a preservação da matéria orgânica do solo. Com esses ganhos, esse método ainda possibilita as certificações e o arrendamento de terras. Esse foi o tema da palestra do pesquisador do IAC, Denizart Bolonhezi, durante o Dia de Campo Plantio de Amendoim na Palha, realizada no último dia 21 de fevereiro.

Segundo Bolonhezi, a redução nos custos de produção varia de 10% a 20% graças ao menor consumo de diesel nas operações de plantio. O benefício fitossanitário ocorre porque a palhada contribui para reduzir a infestação de algumas pragas, doenças e plantas daninhas, além de diminuir a incidência e a severidade de doenças ocasionadas por vírus. “O sistema diminui a dispersão do vetor e pode reduzir a incidência da pinta preta, doença que causa a desfolha da planta e pode derrubar a produção em 50%”, afirma o cientista do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

A semeadura na palha reduz em 90% as perdas de solo, condição que leva à conservação do solo, porque esse sistema diminui a erosão justamente por não o deixar desprotegido, sob a ação direta de águas da chuva.

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“Sem a palhada, para cada 1,0 kg de amendoim produzido, estimam-se perdas de 5,0 kg de terra por erosão”, explica. Para Bolonhezi, a redução de custos e da erosão são dois ganhos de grande impacto.

A palhada também preserva a matéria orgânica do solo, que contribui para aumentar a quantidade de elementos químicos disponíveis para reter nutrientes e água. Essa técnica também favorece a atividade de microrganismos no solo. “O amendoim é nativo da América do Sul e evoluiu com a biota presente no solo. Há uma tendência de uso de bioinsumos que são favorecidos pela palhada”, comenta.

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Segundo Bolonhezi, boa parte da produção nacional de amendoim, que tem sua concentração no estado de São Paulo, segue para exportação e o plantio na palha favorece as certificações e adequações dos exportadores às normas ESG (do inglês,Environmental, Social and Governance, ou em português, Ambientais, Sociais e de Governança). Esse padrão beneficia também quanto aos créditos de descarbonização.

“A cultura amplia a resiliência tanto na seca quanto nos períodos de intensa chuva”

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A redução do efeito da seca proporcionada pela palhada leva à diminuição da aflatoxina, substância que impede o consumo do amendoim e afeta as exportações do grão. Isso ocorre porque a seca na pré-colheita favorece a ação do fungo produtor da aflatoxina, chamado Aspergillus flavus. “A presença da palhada reduz o efeito da seca, mantém maior biodiversidade e, por consequência, diminui a ação desse fungo no solo”, esclarece. Além disso, reduz trincas nas cascas das vagens, que são portas de entrada do fungo.

O Plantio Direto na Palha e o arrendamento de terras

O mercado tem mostrado que produtor de amendoim que não adota o sistema é preterido pelas usinas, que preferem não preparar o solo de forma intensiva. Essas empresas então optam por arrendar com sojicultores, que adotam o plantio direto e acabam tendo maior facilidade em negociar com as usinas.

Os produtores de soja, milho e algodão no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul fazem uso do plantio direto. “Inserir o amendoim nesses novos arranjos produtivos demandará saber produzir palhada – insumo farto e disponível nas áreas de reforma de cana”, considera Bolonhezi

O pesquisador esclarece que a busca por arrendamentos de terras em outros estados se deve mais à mudança na escala de produção de uma parcela dos produtores, que necessitam de áreas maiores. Nessas novas regiões, a semeadura direta será importante pois já é realidade para outras culturas, como soja e amendoim.

“A grande vantagem da parceria com a reforma de canaviais é o vazio sanitário que a cana proporciona (5 a 7 anos sem outra cultura na área). Isso não ocorre em outros arranjos produtivos, demandando maior atenção dos agricultores, pois anos sucessivos de cultivo de amendoim podem inviabilizar a atividade em decorrência de pragas e doenças”, alerta.

Orientações com embasamento científico

Essas recomendações resultam do conhecimento técnico-científico produzido no IAC desde o final da década de 1990. Entre 2014 e 2019, Bolonhezi teve um projeto financiado pelo CNPQ e pela Fundação Agrisus, além de apoios de algumas cooperativas. Naquele período foram conduzidos experimentos e realizados dias de campo com o objetivo de transferir tecnologias. “Esses eventos foram indutores para que os produtores participantes adquirissem equipamentos que favoreceram a adoção do sistema, os quais impactam a arrecadação de ICMS no estado de São Paulo”, relata o pesquisador.

“De forma geral, cada R$ 1,00 recebido pelas ações de pesquisa resultou em R$ 7,00 de arrecadação de imposto para o estado de São Paulo. Imagine se houver uma política organizada e articulada com nosso trabalho, quanto poderemos impactar a economia paulista com uma prática sustentável do ponto de vista ambiental e econômico”, ressalta.

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