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Sensor da USP monitora níveis de pesticidas sobre a pele de frutas, verduras e legumes

Desenvolvido pela USP e UFV, dispositivo permite que agrotóxicos sejam rastreados em poucos minutos, garantindo a segurança dos alimentos O post Se...

14/12/2023 às 09h59
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: Secom SP
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Sensores eletroquímicos podem combinar economia, detecção rápida, miniaturização, conveniência, praticidade, alta seletividade e detecção de pesticidas no local (foto: Paulo Augusto Raymundo Pereira)
Sensores eletroquímicos podem combinar economia, detecção rápida, miniaturização, conveniência, praticidade, alta seletividade e detecção de pesticidas no local (foto: Paulo Augusto Raymundo Pereira)

Pesquisadores das universidades de São Paulo ( USP ) e Federal de Viçosa (UFV) desenvolveram um sensor sustentável vestível capaz de monitorar os níveis de agrotóxicos diretamente na casca dos vegetais.

Feito de acetato de celulose, material produzido a partir da polpa de madeira, o dispositivo tem potencial para ajudar a garantir a segurança dos alimentos em um mundo que cada vez mais sofre com a escassez de comida e, ao mesmo tempo, com os problemas ambientais e de saúde causados pelo uso desenfreado de agrotóxicos. Os resultados do estudo foram publicados recentemente na revista Biomaterials Advances.

Pesticidas são amplamente utilizados para aumentar a produtividade agrícola. No entanto, apenas 50% dos agroquímicos pulverizados atingem o alvo correto. Para evitar que substâncias perigosas mal direcionadas contaminem seres humanos por contato com a pele, inalação e ingestão de alimentos e água, é necessário monitorar suas concentrações nos solos, águas subterrâneas, fluídos de águas residuais, águas superficiais, fontes de água potável integral e produtos alimentícios.

As ferramentas analíticas mais utilizadas para essa análise são as técnicas cromatográficas, que, embora efetivas, apresentam desvantagens, como a necessidade de pré-tratamento da amostra, do uso de instrumentos de custo elevado e de especialistas laboratoriais qualificados, além do longo tempo de análise e falta de portabilidade. Outro problema fundamental a se considerar nos dias de hoje são os resíduos inseguros produzidos por solventes orgânicos.

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“Como alternativa, os sensores eletroquímicos podem combinar economia, detecção rápida, miniaturização, produção em larga escala, conveniência, praticidade, alta seletividade e detecção de pesticidas no local, permitindo a análise diretamente na casca e nas folhas dos alimentos com sensores vestíveis nas plantas – e foi o que fizemos”, conta Paulo Augusto Raymundo Pereira, pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) e coordenador da pesquisa.

“Mas, em vez de materiais tradicionais ambientalmente insustentáveis e que necessitam de muito tempo para se degradar, como os cerâmicos ou plásticos derivados do petróleo, utilizamos o acetato de celulose, material de origem vegetal que tem baixo impacto ambiental e se desintegra completamente em 340 dias, dependendo das condições do local. Além de possuir, é claro, as características apropriadas para sensores, incluindo baixo custo, portabilidade e flexibilidade”, complementa.

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As folhas de acetato de celulose foram produzidas pelo método de moldagem (do inglês casting method), em que o material é colocado em um espaço com o formato adequado, e o sistema de sensoriamento completo de três eletrodos foi fabricado por serigrafia.

Durante os testes em laboratório, uma solução com os pesticidas carbendazim e paraquate – este último banido pela União Europeia em 2003 devido aos efeitos nocivos para os seres humanos, porém ainda utilizado no Brasil – foi pulverizada sobre folhas de alface e peles de tomate, simulando o uso de agrotóxicos no mundo real.

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O sensor vestível foi, então, anexado diretamente nas superfícies dos alimentos e a medição foi feita. Os resultados mostraram desempenho de detecção compatível com o de um sensor de tereftalato de polietileno, matéria-prima mais comumente utilizada.

Níveis de pesticidas acima dos limites

O estudo financiado pela FAPESP investigou ainda a eficiência da lavagem e da imersão dos vegetais em um litro de água por duas horas para remover os pesticidas. Foram removidos cerca de 40% de carbendazim e 60% de paraquate da folha de alface, enquanto na superfície do tomate foram eliminados 64% de ambos os agrotóxicos. Da casca do tomate, no entanto, os resíduos não foram completamente retirados.

“Todos os resultados indicam que as etapas de lavagem e imersão não foram suficientes para remover os resíduos de pesticidas. Pelo menos 10% das substâncias permaneceram na casca do alimento”, diz Raymundo.

De acordo com o pesquisador, a tecnologia poderia ser útil para agências internacionais de vigilância sanitária, produtores de orgânicos para certificação da ausência de pesticidas e, principalmente, produtores rurais, com a função de monitorar os níveis de agrotóxicos no campo com a aplicação da dose necessária em cada ponto da lavoura. Dessa forma, seria possível diminuir o uso dessas substâncias e aumentar a produtividade, levando ainda a uma redução do preço final ao consumidor.

Além da equipe do IFSC-USP, participaram do trabalho os pesquisadores Samiris C. Teixeira, Nilda de F. F. Soares e Taíla V. de Oliveira, da UFV, e Nathalia O. Gomes, Marcelo L. Calegaro e Sergio A.S. Machado, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC-USP).

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