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Brasil Jornalismo preto

Gustavo de Lacerda, O Homem de Cor e muitos outros: o jornalismo preto mostra a sua cara.

A ideia inicialmente é preservar a memória da imprensa negra brasileira, mas também avançar no desenvolvimento de ações voltadas para mostrar a diversidade étnico-racial dentro das redações e em seus múltiplos ambientes de trabalho.

17/11/2023 às 20h39
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: abi.org.br
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Foto: Gustavo de Lacerda - reprodução internet banzeiros.com.br
Foto: Gustavo de Lacerda - reprodução internet banzeiros.com.br

Marcada por preconceito, poucas oportunidades e muita luta, a história da imprensa preta brasileira completa 190 anos em 2023 ainda em busca de reconhecimento. Para marcar a data, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) vêm reunindo, pela primeira vez, uma série de depoimentos em áudio e vídeo de jornalistas negros brasileiros das mais diferentes áreas de atuação e pensamento. O acervo histórico ganhou o nome de “Jornalista Gustavo de Lacerda”, uma homenagem ao fundador da ABI.

A ideia inicialmente é preservar a memória da imprensa negra brasileira, mas também avançar no desenvolvimento de ações voltadas para mostrar a diversidade étnico-racial dentro das redações e em seus múltiplos ambientes de trabalho. Sem esquecer de incentivar o reconhecimento dos jornalistas pretos numa área ainda hoje preconceituosa e de maioria branca.

Não é por acaso que o ano de 2023 foi escolhido para marcar a história dos 190 anos da imprensa negra no Brasil. A data resgata o lendário jornal O Homem de Cor, tabloide lançado em 14 de setembro de 1833 (portanto há 190 anos) na cidade do Rio de Janeiro. Hoje o jornal é considerado por historiadores a primeira manifestação plena da imprensa preta brasileira.

Não custa lembrar: o nome de Gustavo de Lacerda batiza o acervo porque o jornalista negro, catarinense, fundou a ABI há 115 anos (7 de abril de 1908). Segundo o próprio Lacerda, a Associação Brasileira de Imprensa deveria ser um campo neutro em que se pudessem abrigar todos os trabalhadores da imprensa.

– Um outro momento singular na história das presenças negras nas comunicações, foi a criação da Diretoria de Igualdade Étnico-Racial da ABI, um território democrático, potente, inquieto que resultou em várias ações, com destaque para a constituição da parceria institucional entre a ABI e a PUC-Rio, tornando realidade o Acervo Jornalista Gustavo de Lacerda. É o encontro da ciência com o cotidiano das vidas pretas nas comunicações – afirma Luiz Paulo Lima, diretor de Igualdade Étnico-Racial da ABI.

– Um dos maiores orgulhos do nosso corpo docente – em grande parte formado por jornalistas profissionais de diferentes gerações – é a presença forte de alunos de diferentes etnias em nossas salas de aula e laboratórios. Ali vemos surgir grandes profissionais, nos mais diferentes veículos e plataformas – destacou Mauro Silveira, professor do Departamento de Comunicação da PUC-Rio. Para o professor, o trabalho desenvolvido em parceria com a ABI é motivo de orgulho, além de um grande prazer.

Um Griô na ABI.

Coube ao jornalista Rubem dos Santos, o Rubem Confete, de 86 anos e sócio da ABI há 45 anos, estrear a série de depoimentos que será exibida no canal ABI TV no Youtube, a partir da próxima segunda-feira, 20, onde conta a sua origem familiar, o gosto pela leitura que o fez se destacar em sala de aula, a influência do primo Aniceto que o levou para o Império Serrano. Na Estação Primeira de Mangueira foi passista e destaque representando Dom Obá II d`África.

Jornalista, roteirista, teatrólogo, radialista, gráfico, cantor e compositor, Rubem Confete é um griô, ativista e estudioso das questões afro-brasileiras.

Na quarta-feira, 22, o canal ABI TV exibe a entrevista com Gilberto Porcidonio, Jornalista formado pela PUC-Rio. É produtor de redes e conteúdo na Rádio Novelo — onde também foi um dos pesquisadores do podcast do projeto Querino — e colunista do Coletivo Pretaria. Foi repórter dos jornais O Globo e Extra e revista Época. É um dos autores dos livros Larica Carioca (Rio de Letras, 2015), e 1979: O ano que ressignificou a MPB (Garota FM Books, 2022).

Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Estácio de Sá, Eliane Benício – que terá o seu depoimento exibido no canal ABI TV, na sexta-feira, 24 -, acumulou experiência factual na Agência Noticiosa Sport Press, em jornais impressos do Rio (O Povo, O Dia, O São Gonçalo, Jornal do Brasil) e oferecendo pautas ou redigindo matérias de comportamento para revistas como Raça Brasil (Ed. Símbolo) e Quem Acontece (Ed. Globo).

Na segunda-feira, 27, o canal ABI TV traz a entrevista com o jornalista Marcos Gomes, atual presidente do Conselho Deliberativo da ABI.

A jornalista, modelo e manequim Marielli Patrocínio fala de sua atuação na comunicação antirracista dando ênfase a auto estima da mulher negra, na entrevista que vai ao ar na quarta-feira, 29.

E, fechando a primeira temporada dos depoimentos para o Acervo Jornalista Gustavo de Lacerda, o canal ABI TV exibe na quinta-feira, 30, a entrevista com o jornalista Antonio Werneck, que sua trajetória marcada pela cobertura ligada a área de segurança pública, no jornal O Globo, que lhe rendeu diversos prêmios.

 

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