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Salvador, BA

Direitos Humanos Condenadas

JÚRI DO TRIBUNAL PERMANENTE DOS POVOS CONDENA ESTADOS E EMPRESAS POR GENOCÍDIO DE POVOS DO CERRADO.

Na Bahia, Governo do Estado e Poder Judiciário Estadual foram instituições condenadas no caso das comunidades Tradicionais Geraizeiras x Condomínio Cachoeira Estrondo.

12/08/2022 às 21h41 Atualizada em 12/08/2022 às 22h00
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: Approach Comunicação - Yasmim Ribeiro
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Veredito foi apresentado ao vivo na tarde do dia 10 de julho, e seu resumo é divulgado. Foto: Card divulgação
Veredito foi apresentado ao vivo na tarde do dia 10 de julho, e seu resumo é divulgado. Foto: Card divulgação

Desde maio desse ano, pelo menos três indígenas Guarani e Kaiowá foram brutalmente assassinados dentro e fora de seus territórios. O primeiro foi o jovem Alex Recarte Vasques Lopes, de 18 anos, em 21 de maio. O segundo foi Vitor Fernandes Guarani Kaiowá, de 42 anos, assassinado dia 24 de junho pela Polícia Militar (PM) a serviço de fazendeiros que invadiram terras dos povos indígenas. O episódio, que tirou a vida de Vitor e deixou dezenas de pessoas feridas, ficou conhecido como o “Massacre de Guapoy”.

 

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O terceiro foi Márcio Moreira, liderança indígena sobrevivente do Massacre de Guapoy, assassinado em 14 de julho em uma possível emboscada.

 

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Na base dos assassinatos e de diversos outros conflitos nos territíorios Guarani e Kaiowá estão a disputa pelas terras dos povos originários pelo agronegócio e a conivência do Estado do Mato Grosso do Sul, por meio da Polícia Militar e outros órgãos, que vêm atuando como aliados privados de invasores e grileiros.

 

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No último dia 10 de julho, o júri do Tribunal Permanente dos Povos (TPP) em Defesa dos Territórios do Cerrado condenou estados e empresas pelo crime de ecocídio do cerrado e genocídio de seus povos. Os massacres históricos do povo Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul compuseram um dos 15 casos analisados e julgados pelo júri.

 

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O veredito foi apresentado ao vivo na tarde do dia 10 de julho, e seu resumo acaba de ser divulgado. Clique aqui para conferir.

 

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CONDENADOS PELOS CRIMES. 

 

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Após quase um ano de audiências e discussões sobre 15 casos de violência e violações de direitos contra povos e comunidades cerradeiras, a audiência final do TPP foi realizada presencialmente em Goiânia (GO) entre os dias 8 e 10 de julho.

 

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Povos indígenas, comunidades quilombolas e tradicionais cerradeiras presentes à audiência ouviram os nomes de governos, empresas e instituições condenados pelo júri por cometerem os crimes de ecocídio do Cerrado e genocídio cultural de seus povos.

 

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O júri presente em Goiânia, composto pela subprocuradora-geral da República aposentada Deborah Duprat, pela escritora e jornalista Eliane Brum, pela professora venezuelana da Universidade Federal do Pará (UFPA) Rosa Acevedo, pelo professor espanhol da Universidade Rovira i Virgili de Tarragona Antoni Pigrau e pelo jurista francês e presidente do TPP, Philippe Texier, apresentou, de forma contundente e explícita, sua condenação, lida na ocasião por Eliane Brum.

 

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“O Tribunal dos Povos condena o estado brasileiro pela sua contribuição decisiva, por ação e omissão, para o crime de ecocídio do Cerrado que envolve, inevitavelmente, o processo de genocídio dos povos do Cerrado. Por elaborar e implementar políticas e programas de desenvolvimento, nos últimos 50 anos, que concorreram para o grave dano, a destruição e a perda do ecossistema do Cerrado como um todo, cujo impacto provoca perda de benefícios ambientais e sociais para as populações da região e do país, que produz a expulsão ou força o deslocamento das comunidades, produz ameaça de extermínio dos povos indígenas, comunidades quilombolas, povos e comunidades tradicionais e comunidades camponesas, que têm no acesso às condições metabólicas da região ecológica, na capacidade reprodutiva das terras e dos bens naturais sua condição de existência como povos de identidade diferenciada.

 

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O Tribunal Permanente dos Povos condena o estado brasileiro, o atual governo executivo federal, as unidades da federação, instituições públicas federais e estaduais, estados estrangeiros, organizações internacionais, empresas nacionais e transnacionais, de forma objetiva e compartilhada, por sua contribuição à comissão de crimes econômicos, ecológicos, qualificados como crimes de sistema, que têm gerado graves violações a direitos humanos fundamentais e ao meio ambiente, de forma a obstaculizar o acesso a direitos básicos, como à alimentação, água, medicamentos, moradia, trabalho, entre outros.”
 

Estados

Estados estrangeiros, como Japão, China e países que integram a União Europeia, também foram condenados por sua compra massiva de commodities que estão na base da monoculturação do Cerrado. Entre as instituições internacionais, foram condenados o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização Mundial do Comércio (OMC), e em particular Banco Mundial, pela promoção e legitimação de reformas neoliberais que aprofundam o ecocídio-genocídio cultural no Cerrado.
 

Empresas

Entre os agentes privados, foram condenadas empresas transnacionais e fundos de investimento/pensão, cujas atividades econômicas estão vinculadas à violação de direitos fundamentais que causam e se beneficiam do ecocídio-genocídio cultural no Cerrado, como Amaggi & Louis Dreyfus Commodities, Bayer-Monsanto, Bunge, Cargill, ChemChina/Syngenta, China Communications Construction Company, China Molybdenum Company, Condomínio Cachoeira Estrondo, Horita Empreendimentos Agrícolas, Mitsui & Co, Mosaic Fertilizantes, SLC Agrícola, Sul Americana de Metais S.A., Suzano Papel e Celulose, TUP Porto São Luís, Vale S.A., e os fundos de investimento TIAA-CREF, Harvard e Valiance Capital.

Após o anúncio do veredito, os jurados apresentaram as recomendações prioritárias às instituições estatais brasileiras.

 

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Importância do TPP

As sentenças proferidas pelo júri do TPP não têm aplicação dentro do sistema jurídico formal do país em que é realizado. Um governante ou dirigente de uma empresa que sejam considerados culpados por um crime pelo júri do Tribunal não poderá ser preso, por exemplo.

 

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Ainda assim, as sentenças proferidas pelo TPP são de extrema importância para os sistemas de justiça nacionais e internacionais, e para a opinião pública de uma forma geral, uma vez que expõem os vazios e limites do sistema internacional de proteção dos Direitos Humanos e, assim, pressiona para sua evolução.

 

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“Cada sessão do TPP é produto de uma demanda por justiça, e o TPP, em si, não é um ponto final, mas o início de um novo momento de luta dos povos que o Tribunal, por meio do veredito, pretende legitimar”, afirmou Simona Fraudatario, secretária geral do TPP.

 

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Para conhecer todos os governos, estados, instituições e empresas condenados pelos crimes de ecocídio do cerrado e genocídio de seus povos, acesse o resumo do veredito.

 

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