O paracanoísta Igor Tofalini, 41 anos, busca nesse ano a única conquista que ainda não tem no currículo. Paranaense de Cambé, no Norte do Estado, e bolsista do programa Geração Olímpica e Paralímpica do Governo do Paraná, ele já venceu seis vezes o Campeonato Brasileiro, duas o Sul-Americano, duas o Pan-Americano e duas o Mundial, competição em que também conquistou duas pratas.
Falta botar no peito apenas a medalha paralímpica. E é o ouro que ele vai buscar nos Jogos de Paris em setembro na prova de 200 metros VL2, categoria para paratletas que não têm movimentos nas pernas. A trajetória de Igor Tofalini é o tema da vez na série de reportagens Geração Olímpica e Paralímpica da Agência Estadual de Notícias (AEN) , que mostra a importância do apoio do Governo do Paraná na carreira dos atletas, paratletas e técnicos que disputarão os Jogos de Paris-2024.
“Se eu conseguir, essa medalha vai ser uma realização pessoal, de sonhar, trabalhar e conquistar algo que não tem preço. É como alcançar o nível mais alto da sua profissão. E, no meu caso, poder olhar para trás e ver que superei todas as dificuldades”, aponta o paratleta.
Igor se refere ao acidente que o deixou paraplégico em 2011, quando era peão de rodeio. Ao cair de cima de um boi numa prova, levou um pisão do animal que fraturou a coluna. Após o acidente, foram 45 dias de tratamento no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, referência nacional na reabilitação de pacientes vítimas de lesões com sequelas ortopédicas e neurológicas. E foi durante o tratamento na Capital Federal que Igor ouviu falar pela primeira vez sobre esportes adaptados.
Ao voltar a Londrina, onde ainda mora, decidiu se dedicar à natação, esporte em que até chegou a conquistar algumas medalhas. Mas, como ele mesmo diz, cansou de “contar azulejo” nos treinos. No mesmo clube em que nadava, viu a equipe de canoagem treinando e achou interessante praticar um esporte sobre as águas.
Em 2013, dois anos após o acidente que o tirou das arenas de rodeio, nascia o Peão das Águas, apelido que leva até hoje. Nascia também a parceria com o técnico Gelson Moreira Souza, com quem Igor segue treinando.
“A transição para a canoagem foi difícil. Mas em 2014 conquistei meu primeiro campeonato nacional e ali vi que a canoagem poderia mudar minha vida”, recorda. “Ali passou um filme na cabeça. Eu estava vencendo uma prova de um esporte que poucos anos antes eu nunca tinha sequer visto na TV, nem sabia que existia esportes paralímpicos”.
O primeiro grande feito veio em 2016, com a classificação à Paralíipíada do Rio de Janeiro. Ainda competindo no caiaque, Igor chegou até à semifinal – na sequência, fez a transição para competições de canoa. Para os Jogos de Tóquio, ele não obteve classificação. Já para a Paralimpíada de Paris o cenário é outro: Igor chega cotado ao ouro após um bom ciclo paralímpico, que inclui a conquista do Mundial de 2022 no Canadá e a prata no Mundial de 2023 na Alemanha.
“A medalha a gente ganha com entrega de 110% nos treinos, não é na prova. Por isso estou trabalhando duro para executar na prova tudo o que tenho treinado”, enfatiza.
Geração Olímpica e Paralímpica: Babi quer transformar participação inédita em legado
ADVERSÁRIO E AMIGO–Um dos principais adversários que Igor terá na Paralímpiada de Paris treina com ele na seleção brasileira. E é um de seus melhores amigos: o sul-matogrossense Fernando Rufino, campeão mundial em 2023 e ouro na Paralimpíada de Tóquio. Assim como Igor, Fernando era peão até ser atropelado e perder os movimentos da perna – daí o apelido Cowboy de Aço.
“É muito bom ter um adversário do mesmo nível treinando comigo. Treinar com quem é bom eleva o teu nível porque você tem que se esforçar mais. Nenhum dos dois pode bobear”, fala Igor sobre o amigo, com quem divide quarto na concentração, quando ouvem juntos modas de viola e torcem pelos amigos em comuns nas transmissões de rodeio.
APOIO– Sem o programa Geração Olimpíca e Paralímpica (GOP), Igor afirma que o caminho até a Paralimpíada de Paris seria muito mais complicado. Sem o recurso do programa, do qual é bolsista desde 2017, o parancanoísta afirma que dificilmente conseguiria manter a estrutura de treinamento que tem hoje.
“Quando você chega no alto nível precisa ter um equipamento bom, uma suplementação alimentar, o acompanhamento de um fisioterapeuta. E com esse apoio dá para manter isso, permitindo que o atleta se dedique ainda mais nos treinamentos e nas provas. E consequentemente vêm os resultados”, argumenta.
Igor elogia ainda mais o programa da Secretaria de Estado de Esportes (SEES) pelo fato de também envolver os paratletas e seus treinadores no apoio. “É uma iniciativa do Governo do Estado que tem que ser parabenizada, porque um paratleta se dedica igual ou muitas vezes até mais do que um atleta olímpico. A gente tem que valorizar muito esse apoio porque um atleta paralímpico também pode chegar ao alto nível”, reforça.
Geração Olímpica e Paralímpica: de olho no futuro do boxe, Adailton Gonçalves mira pódios
COPEL– Até o final de 2024, o programa terá investido mais de R$ 55 milhões em bolsas financeiras para atletas e técnicos vinculados a instituições paranaenses (federações e escolas), atendendo desde jovens promessas a estrelas de renome internacional. A iniciativa é patrocinada pela Copel desde o início - e de forma exclusiva desde 2013.
Para o presidente da Copel, Daniel Slaviero, o apoio busca tornar o Paraná referência de esporte olímpico e paralímpico no Brasil, ao valorizar os atuais talentos do Estado. "Nós temos orgulho de apoiar, junto com o governo do Paraná, esses atletas e profissionais que por muito tempo vêm se preparando para um dos momentos mais significativos da história dos esportes. Estamos torcendo com toda energia”, comenta.
O programa abrange, além do pagamento mensal de bolsas financeiras a atletas e técnicos, recursos necessários para a execução e gestão das atividades previstas, confecção de uniformes, material de divulgação e promoção, infraestrutura de logística (hospedagem, alimentação e transporte), programas de treinamento e capacitação, bem como avaliações médicas e laboratoriais dos atletas.
Confira a entrevista:
Mín. 24° Máx. 25°