Em publicação realizada, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2009/2019, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que foram identificadas tendências no consumo de tabaco entre estudantes do 9º ano do ensino fundamental nas capitais brasileiras. Segundo os dados apresentados, a experimentação de cigarros entre os estudantes permaneceu praticamente inalterada ao longo do período analisado, com uma taxa de 21,0% em 2019, comparada a 22,9% em 2009. No entanto, uma queda foi observada entre os alunos de escolas privadas, passando de 17,3% em 2009 para 12,2% em 2019.
Ao analisar os dados por gênero, informados no relatório, foi observado que, em 2019, as mulheres retornaram aos níveis de experimentação de 2009, enquanto os homens mantiveram taxas semelhantes. Embora tenham sido observadas oscilações em 2015 e 2019, essas diferenças não foram estatisticamente significativas, conforme apontado no estudo.
A análise do documento também revelou variações regionais. As capitais do Nordeste, como Aracaju e Salvador, apresentaram as menores chances de experimentação de cigarros entre os estudantes, enquanto as capitais do Sul, como Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis, mostraram as maiores chances. Além disso, foi identificada uma estagnação na precocidade da exposição ao tabaco, com 13,1% dos estudantes relatando terem fumado pela primeira vez antes dos 14 anos em 2019, comparado a 12,6% em 2015.
Sobre o assunto, Miler Nunes Soares, médico psiquiatra e responsável pela Clínica de Reabilitação para Dependentes Químicos Granjimmy, disse que é essencial que continuemos a investir em programas de prevenção do tabagismo nas escolas e na comunidade em geral. Miler continuou dizendo que isso inclui educação sobre os riscos à saúde associados ao tabagismo, restrições ao acesso de produtos de tabaco e apoio aos jovens que desejam parar de fumar. “Esses dados sugerem a necessidade contínua de medidas preventivas e de controle do tabagismo entre os jovens”.
Ainda sobre o indicador de precocidade de exposição ao cigarro entre os municípios das capitais brasileiras, vemos no relatório que os municípios das capitais de Curitiba e Rio Branco apresentaram as maiores chances de precocidade na exposição ao cigarro, com índices de 1,93 e 1,56, respectivamente. Campo Grande, Brasília, Cuiabá e Goiânia, também registraram altas chances de exposição precoce ao cigarro, com índices variando entre 1,30 e 1,56. O estudo ainda aponta que existem menores chances de uma exposição precoce ao cigarro em capitais como Salvador, Rio de Janeiro e Aracaju, com índices de 0,60, 0,63 e 0,71, respectivamente.
Perguntado sobre o assunto, Miler Nunes disse que essas descobertas fornecem insights importantes para orientar políticas e programas de saúde pública visando a redução do consumo de tabaco entre os escolares brasileiros e que isso é muito trabalhado na unidade da Clínica de Recuperação em Mato Grosso. “A pesquisa destaca a importância de abordagens regionais específicas e de intervenções direcionadas para reduzir os impactos do tabagismo na saúde dos adolescentes”.
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