A fachada da Câmara Municipal de Salvador está com uma nova iluminação nas cores rosa e azul em homenagem à abertura da “Semana Helena de sensibilização às perdas gestacional, neonatal e infantil na Bahia”. A iniciativa marca o “Dia Mundial das perdas gestacional, neonatal e infantil”, lembrado todo 15 de outubro, e é também um chamamento para a sessão especial sobre o tema que irá ocorrer no Plenário Cosme de Farias, na próxima quinta-feira (26), às 18h30, com transmissão ao vivo pela TV CAM (canal 12.3) e pelas redes do legislativo municipal (www.facebook.com/tveradiocam).
Solicitada pela vereadora Marta Rodrigues (PT), a sessão especial tem o objetivo de aumentar a visibilidade das questões de saúde pública para mulheres, como a necessidade de pré-natal, e garantir direitos nos âmbitos legislativo, institucional, público e privado, de mães que perderam seus filhos durante a gestação e após o parto.
Idealizadora e coordenadora da Semana Helena, a professora e servidora pública Flávia Carvalho afirma durante esses sete dias há um reforço de várias temáticas envolvendo as perdas gestacionais, neonatal e infantil, entrando também no contexto de prevenção. “Pois várias das perdas poderiam ser evitadas com o atendimento digno pré-natal. Além disso, muitas mulheres que perdem os bebês sofrem da falta de acolhimento e da falta de direitos que envolvem diversas situações, desde o luto, à saúde mental, à violência obstétrica, as ausências de acompanhamento psicológico nas maternidades e hospitais”, conta.
Segundo Flávia, muitas perdas poderiam não acontecer se houvesse fortalecimento das políticas públicas e a garantia do acompanhamento pré-natal. A semana de ações e atividades para chamar a atenção do tema virou Lei (14.558/2023) após projeto da deputada estadual Neusa Cadore (PT) na Assembleia Legislativa da Bahia. “Queremos agora fomentar junto aos municípios, inclusive Salvador, esse trabalho junto às maternidades e os postos de saúde, que fazem atendimento pré-natal para as famílias”, destaca.
Urgência – A principal medida cobrada pela Semana Helena é a criação de um protocolo de atendimento para as famílias que passam pela perda gestacional, neonatal e infantil. “Não temos hoje um protocolo estabelecido, de acolhimento. Hoje uma mãe que passa por uma perda gestacional é colocada no mesmo leito de uma mãe com seu filho do lado, recém-nascido, chorando. Temos relatos de mulheres que o enfermeiro bate na porta para saber como está o bebê, sendo que ela teve uma perda”, exemplifica.
O debate sobre a questão também é feito em diversas capitais. “Existe muito preconceito, independente da condição da perda, a mulher é julgada. Tem muita violência envolvida e entendemos que é falta de informação e formação do profissional. Estamos numa sociedade que não aprende a lidar com a morte. E muitos profissionais estão num posto para acolher uma mãe que vai ter o bebê e quando o silêncio toma conta daquele quarto o profissional não sabe como lidar”, declarou.
Para a vereadora Marta, o assunto precisa ter mais visibilidade para ganhar apoio na formulação e execução das políticas públicas. “Esta sessão tem este objetivo, assim como a fachada com a iluminação na Câmara”, ressalta.