Para evitar a escalada da guerra civil em Israel entre judeus e palestinos, de uma guerra regional entre Israel e Irã e outros países árabes e, até mesmo, de uma nova guerra mundial envolvendo as grandes potências. Os acontecimentos atuais em que os palestinos da Faixa de Gaza lançam foguetes sobre cidades israelenses e Israel revida lançando bombas e foguetes sobre a Faixa de Gaza, que podem evoluir para sua ocupação pelo Exército israelense e o massacre da população em Gaza, precisam ser paralisados. Diferentemente dos conflitos passados, o conflito atual está contribuindo, também, para a eclosão de uma guerra civil em Israel envolvendo judeus e palestinos. A paz precisa ser celebrada entre o Estado de Israel e o povo palestino para cessar a violência entre os dois povos irmãos, judeus e palestinos, e acabar com o banho de sangue que ocorre na região desde o fim da 1ª Guerra mundial em 1918.
É importante observar que o conflito entre judeus e palestinos teve início no século XIX, quando judeus sionistas expressaram o desejo de criar um Estado moderno em sua terra ancestral e começaram a criar assentamentos na Palestina, na época ainda controlada pelo Império Otomano. Tanto israelenses quanto palestinos reivindicam sua parte da terra com base na história, na religião e na cultura. As grandes potências vencedoras da Primeira Guerra Mundial decidiram o destino da Palestina a favor dos judeus, servindo-se para isso da Liga das Nações, configurando, desta forma, a prepotência que sempre caracterizaram as relações internacionais ao longo da história. Os palestinos viram no patrocínio que deram primeiro a Grã-Bretanha e depois a Liga das Nações ao projeto sionista de criação do lar nacional judaico na Palestina a negação do seu direito à independência.
Desde então, houve muita violência e controvérsia em torno da questão, assim como vários processos de negociações de paz durante o século XX. O Estado de Israel foi fundado em 1948, após o Plano de Partilha elaborado pela ONU, que dividiu a região, então sob domínio britânico, em Estados árabes e judeus. Como resultado desta partilha, os territórios ocupados por Israel no fim da Segunda Guerra Mundial constituíam cerca de 78% da Palestina. Tornaram-se, de fato, o território do Estado de Israel. Com a formação do Estado de Israel, em maio de 1948, houve a ocupação da Palestina pelos judeus quando muitos deslocados de guerra e refugiados judeus da 2ª Guerra Mundial migraram para o novo estado soberano. Ficaram fora de Israel a cadeia de baixas montanhas do centro e do sul da Palestina, a chamada Cisjordânia, assim como a Faixa de Gaza. Jerusalém ficou dividida: a parte oeste da cidade extramuros ficou do lado de Israel; a cidade antiga e o bairro extramuros a norte ficaram do lado palestino.
Os palestinos reivindicam estabelecer um Estado Palestino soberano e independente. Grande parte dos palestinos aceita as regiões da Cisjordânia e da faixa de Gaza como território para um futuro Estado palestino. Muitos israelenses também aceitam essa solução. Uma discussão em torno dessa solução ocorreu durante os Acordos de Oslo, assinados em setembro de 1993 entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que permitiu a formação da ANP (Autoridade Nacional Palestina). Apesar da devolução da faixa de Gaza e de partes da Cisjordânia para o controle palestino, um acordo final ainda precisava ser estabelecido. Para isso, seria preciso resolver os principais pontos de discórdia, que são a disputa sobre Jerusalém, o destino de refugiados palestinos e o fim de assentamentos judeus na Cisjordânia. Apesar de vários outros acordos e planos de paz, como os de Camp David e das negociações do chamado Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, União Europeia, Rússia e ONU), a situação ainda se encontra em um impasse.
Um fato é evidente: a história de Israel tem girado em torno de conflitos com palestinos e nações árabes vizinhas que vêm sendo sacudidos por guerras e confrontos entre judeus e árabes que não concordam com a divisão territorial das antigas terras palestinas como o que se estabelece no momento atual. Desde a criação do Estado de Israel, o conflito que o opõe aos palestinos tem sido o epicentro de um conflito entre Israel e o conjunto dos países árabes, com fortes repercussões mundiais. Houve guerras com o Egito, a Jordânia, a Síria e o Líbano, mas sem que a tensão na região diminuísse. Durante este período, Israel ocupou a península do Sinai, a Cisjordânia, a faixa de Gaza, as Colinas de Golã e o sul do Líbano depois da Guerra dos Seis Dias contra o Egito, a Síria e a Jordânia em 1967. A evolução do conflito entre judeus e palestinos fez com que Israel conquistasse progressivamente o território da Palestina de 1947 até o momento atual. Esta situação não pode continuar porque é geradora de conflito permanente entre judeus e palestinos. O mapa da Palestina tem se modificado ao longo dos anos com o avanço de Israel sobre território palestino. Dificilmente a paz entre judeus e palestinos poderá ser celebrada mantidas essas condições.
Pode-se afirmar que só há uma solução para o conflito entre o Estado de Israel e os palestinos: de um lado, Israel precisa aceitar a constituição do Estado palestino, buscar uma solução justa e negociada sobre Jerusalém e sobre o destino de refugiados palestinos e acabar com os assentamentos judeus na Cisjordânia e, de outro, os palestinos precisam reconhecer o Estado de Israel porque nem palestinos nem israelenses podem impor sua vontade um ao outro. Nem os sionistas nem os grupos extremistas palestinos terão condições de impor sua vontade pela força das armas na Palestina. A tese de Clausewitz, grande estrategista militar, não se aplica ao conflito Israel- Palestina porque nem Israel pode aniquilar os palestinos, nem vice-versa. Só há uma solução para o conflito na região: os judeus e palestinos celebrarem a paz e a conciliação. A construção da paz só poderá acontecer se o povo judeu em Israel e no mundo inteiro, bem como os palestinos repelirem politicamente os extremistas que exercem o poder em seus territórios e constituírem governos que busquem a conciliação entre os povos judeu e palestino. Esta seria a forma de evitar a continuidade do conflito entre o Estado de Israel e o povo palestino que poderá evoluir para uma guerra regional envolvendo todos os países da região.
A passagem de uma guerra regional para um conflito global pode também acontecer com o envolvimento das grandes potências militares com os Estados Unidos e a União Europeia ao lado de Israel e Rússia e China ao lado dos palestinos. Precisamos evitar que o conflito entre o Estado de Israel e o povo palestino se transforme no epicentro de uma nova Guerra Mundial. Só a paz entre palestinos e judeus, evitará o pior para seus povos e para a humanidade.
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