Acabando com a distopia representada pela ciência e pela tecnologia utilizadas, também, para a produção do mal para a humanidade. É importante observar que a ciência busca a formulação de modelos e leis que explicam o funcionamento dos fenômenos e da natureza. A ciência busca o conhecimento para explicar os fenômenos da natureza identificando suas leis baseadas na observação e em métodos experimentais. A tecnologia se apoia nos conhecimentos gerados pela ciência através da qual a sociedade satisfaz suas necessidades. A ciência se refere ao conhecimento adquirido, a tecnologia se refere às habilidades, técnicas e processos usados para produzir os resultados desejados. A ciência tem o objetivo de explicar algo, enquanto a tecnologia está mais inclinada no desenvolvimento do uso de algo.
A humanidade vive, mais do que nunca, sob os auspícios e domínios da ciência e da tecnologia. O uso que se faz da ciência e da tecnologia é tão intensa que uma parcela significativa das pessoas acredita que elas só trazem apenas benefícios para a sociedade. Para o ser humano, a tecnologia torna a vida mais fácil, mais limpa e mais longa. O homem cultiva uma relação de dependência crescente em relação à ciência e à tecnologia na era contemporânea. É um comportamento habitual de grande parte da sociedade considerar a ciência e a tecnologia como libertadoras da humanidade dos fardos do trabalho e das ameaças representadas pelas forças da natureza. Somando a tudo isso, existe a visão generalizada de que o progresso científico-tecnológico traz não apenas o avanço do conhecimento, mas também uma melhoria real, inexorável e efetiva em todos os aspectos da vida humana.
No século XX, acreditava-se que os únicos meios confiáveis para o melhoramento da condição humana provinham das novas máquinas, substâncias químicas e as mais diversas técnicas. Inclusive os recorrentes males sociais e do meio ambiente que acompanham os avanços tecnológicos raras vezes têm afetado esta fé. Hoje, existe a clara percepção de que a ciência e a tecnologia têm proporcionado progresso para a humanidade, mas que, junto com isto, possuem a capacidade de também destruí-la. A ciência não é vista apenas como libertadora, mas sim, em determinadas situações, como desumanizadora e escravizadora da vida humana. O crescimento descontrolado da ciência e da tecnologia tem contribuído para destruir as fontes vitais de nossa humanidade ao criar uma cultura sem uma base moral. A tecnologia tem conformado nossas vidas porque estamos à mercê de sistemas interconectados e, o que é grave, porque estamos submissos à sua autoridade, moldando-nos ao seu funcionamento. A onipresença da tecnologia no mundo atual, aliada à sua maior complexidade, dá lugar a uma situação bastante problemática.
A Modernidade nasceu com a 1ª Revolução Industrial na Inglaterra significando um extraordinário esforço intelectual dos pensadores iluministas para desenvolver a ciência e a razão e descobrir as leis universais para serem postas a serviço da humanidade. Com a Revolução Industrial, a ciência e a tecnologia adquiriram uma importância fundamental para o progresso humano, mediante as contínuas inovações tecnológicas. A ideia era usar o acúmulo de conhecimento gerado em busca da emancipação humana e do enriquecimento da vida diária. É oportuno observar que a 1ª Revolução Industrial foi o conjunto de transformações socioeconômicas iniciadas por volta de 1760, na Inglaterra (e mais tarde em outros países), e caracterizadas especialmente pela substituição do homem pela máquina nos processos produtivos (tear mecânico e máquina a vapor, a princípio), seguida da formação de grandes conglomerados industriais.
A Modernidade é identificada com a crença no progresso e nos ideais do Iluminismo. Entretanto, a evolução da Modernidade foi marcada por eventos que marcaram negativamente a sociedade atual. O principal deles foi sem dúvida as catástrofes da 1ª e da 2ª Guerra Mundial. Na verdade, a ciência e a tecnologia contribuíram para a barbárie de duas guerras mundiais com a invenção de armamentos bélicos poderosos e destrutivos, especialmente a bomba atômica. A ciência e a tecnologia passaram a ser utilizadas numa escala sem precedentes tanto para o bem como para o mal. A consequência de tudo isto é a desilusão com a ciência em decorrência dos males que ela vem provocando para a humanidade. Todo esse desenvolvimento científico e tecnológico culminou na era atual com uma crise ecológica mundial que pode resultar em uma mudança climática global catastrófica que pode ameaçar a sobrevivência da humanidade. Nesse sentido pode-se duvidar dos reais benefícios trazidos pelo progresso científico e tecnológico com o advento da Modernidade.
Para fazer com que a ciência e a tecnologia sejam utilizadas exclusivamente para o bem da humanidade, urge atacar o mal desta barbárie pela raiz com a construção de uma nova ordem econômica mundial em substituição à ordem capitalista dominante para evitar que a ciência e a tecnologia sejam usadas, também, para o mal como tem ocorrido ao longo da história da humanidade. Para galgar a condição de sociedade civilizada, é preciso que haja intervenções econômicas e sociais do Estado para promover justiça social em um sistema capitalista e uma política de Bem-Estar Social no interesse geral da população e fazer com que a ciência e a tecnologia sejam utilizadas em prol do progresso da humanidade. Para tanto, é preciso que ocorra a reforma do capitalismo com a construção do Estado de Bem Estar Social como o construído nos países escandinavos que, sendo um híbrido entre o que existe de mais positivo nos sistemas capitalista e socialista, prepararia o terreno para a conquista do mais elevado nível de civilização com a construção do socialismo democrático em todos os países do mundo.
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* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.