Para eliminar a distopia representada pelas cidades crescentemente degradadas na grande maioria dos países do mundo. Construir cidades verdes significa tornar as cidades sustentáveis. Toda cidade alcança a condição de cidade inteligente quando seus gestores a consideram como um sistema e fazem o uso da tecnologia da informação em seu processo de planejamento e controle contando com o efetivo apoio de sua população.
As cidades sustentáveis são cidades que têm uma política de desenvolvimento econômico e social compatível com o ambiente natural e construído. O desenvolvimento sustentável de uma cidade só será alcançado quando for evitada a degradação dos recursos naturais e existirem políticas claras e abrangentes para saneamento, coleta e tratamento de lixo, gestão da água, com coleta, tratamento, economia e reuso, sistemas de transporte que privilegiem o transporte de massa com qualidade e segurança, ações que preservem e ampliem áreas verdes, o uso de energias limpas e renováveis e, sobretudo, administração pública transparente e compartilhada com a sociedade civil organizada. Por sua vez, a democratização das decisões do governo com a participação de toda a população só existirá quando ela se envolver não apenas no fornecimento de dados, mas também, decidir sobre os rumos da cidade.
Na era contemporânea, quando os problemas do aquecimento global podem levar à mudança climática catastrófica em nível planetário, cada cidade precisa ter um plano de adaptação às mudanças climáticas, especialmente aquelas sujeitas a eventos extremos. As cidades costeiras, por exemplo, devem ter planejamento contra o aumento previsível do nível dos oceanos e se preocupar com deslizamentos de terra nas encostas, inundações, etc., resultantes de chuvas inclementes. Em suma, elas devem ter flexibilidade e adaptabilidade aos novos requisitos climáticos. É necessário redesenhar o crescimento urbano das cidades para integrá-las ao ambiente natural, para recuperar suas praias e seus rios agora comprometidos com o lançamento de esgotos, para que as cidades não recebam uma resposta hostil do meio ambiente natural.
Fazer uma cidade sustentável não é uma tarefa fácil, mas também não é uma tarefa impossível. O grande desafio estratégico do momento são as metrópoles. Se elas não funcionam bem, o planeta se torna inviável. Porém, metrópoles contemporâneas compactas, como as capitais dos países escandinavos (Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Islândia), propiciam maior desenvolvimento sustentável. A razão é que elas concentram tecnologia e novas oportunidades de crescimento e geram inovação e desenvolvimento. Eis o grande desafio apresentado às grandes cidades. O caminho é refazê-las, em vez de expandi-las, compactá-las, deixá-las mais sustentáveis e transformá-las numa rede estratégica de núcleos policêntricos compactos e densos.
O grande desafio é pensar em todas as partes relacionadas à construção de uma cidade de forma sistêmica, englobando aspectos econômicos, sociais e ambientais juntamente com outros aspectos como sua distância em relação às fontes de alimentos, o tratamento de resíduos, aquecimento, aproveitamento ou reaproveitamento das águas, materiais reciclados e recicláveis etc. A busca da sustentabilidade deve ser perseguida em níveis global e local. As cidades, sobretudo as megalópoles, deveriam adotar o modelo de desenvolvimento sustentável objetivando a compatibilização do meio ambiente com os fatores econômico e social. Para a consecução desse objetivo nas cidades, torna-se um imperativo aperfeiçoar a eficiência energética desenvolvendo ações que levem à obtenção de economias de energia nas edificações, nas indústrias e nos meios de transporte em geral contribuindo, dessa forma, para a redução das emissões globais de carbono e, consequentemente, do efeito estufa.
Toda cidade alcança a condição de cidade inteligente quando seus gestores a consideram como um sistema e fazem o uso da tecnologia da informação em seu processo de planejamento e controle contando com o efetivo apoio de sua população. Toda cidade inteligente requer o uso da tecnologia da informação com o uso de vários dispositivos conectados à rede IoT (Internet das coisas) para gerir as operações e serviços da cidade de forma racional e conectar-se com seus cidadãos. A Internet das Coisas (IoT, em inglês) se refere a uma revolução tecnológica que tem como objetivo conectar os itens usados do dia a dia à rede mundial de computadores e é uma das principais tendências globais seu uso na administração de uma cidade porque é aplicável em soluções que vão desde o monitoramento da iluminação pública, ao de pedestres, ciclistas, de veículos automotores, do transporte público, dos serviços de educação e saúde, entre outros. As aplicações da Internet das Coisas são quase infinitas. Além disso, a IoT vai levar a uma redução dos desperdícios de recursos públicos nas cidades.
A tecnologia da informação permite que os gestores da cidade interajam diretamente com seus órgãos executores e com a população e monitorem o que está acontecendo na cidade e como a cidade está evoluindo em tempo real. A tecnologia da informação deve ser usada para melhorar a qualidade, o desempenho e a interatividade dos serviços urbanos, reduzir custos e o consumo de recursos e aumentar o contato entre os cidadãos e o governo. Uma cidade inteligente pode estar mais preparada para responder aos desafios enfrentados pelos seus gestores e por sua população. Toda cidade alcançará a condição de cidade inteligente quando forem conquistados os objetivos de humanização da cidade com a melhoria da qualidade de vida para toda a população, de desenvolvimento sustentável da cidade e de democratização das decisões do governo com a participação de toda a população.
Pode-se afirmar que é uma necessidade imperiosa tornar as cidades sustentáveis porque elas se tornaram o principal habitat da humanidade haja vista que, pela primeira vez na história humana, mais da metade da população mundial vive nas cidades. Este número, 3,9 bilhões de pessoas vivendo nas cidades atualmente, deverá ultrapassar a marca de 6,4 bilhões até 2050. O acesso a empregos, serviços, instalações públicas e maior bem-estar econômico e social é o seu maior atrativo para todos os que para ela se dirigem. Pode-se afirmar, também, que a maior parte dos problemas ambientais globais têm origem nas cidades, o que faz com que dificilmente sejam sustentáveis sem que, ao mesmo tempo, sejam cidades inteligentes. É imperiosa, portanto, que as cidades sejam sustentáveis e inteligentes.
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* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.