Este artigo é o terceiro dos 12 artigos que abordarão as 12 utopias planetárias que precisam ser realizadas visando a construção de um mundo melhor e contribuir para a conquista da felicidade dos seres humanos, individual e coletivamente. Este artigo tem por objetivo apresentar como fazer com que a terceira das utopias consideradas, a da prevalência dos valores da civilização na sociedade se torne realidade sobre a barbárie predominante na grande maioria dos países do mundo.
Até o presente momento, a humanidade evoluiu da condição de selvageria para a de barbárie ao longo da história da humanidade. A selvageria iniciou-se com o surgimento da espécie humana quando os seres humanos viviam em comunidades primitivas nas árvores e cavernas em meio às grandes feras selvagens. A barbárie surgiu na Antiguidade com a escravidão, imediatamente após o estágio de selvageria. A barbárie teve início na Antiguidade, que se caracterizou pelo modo de produção escravista, de 4.000 a.C. até 476 d.C quando ocorre a queda do Império Romano do Ocidente. A barbárie da Idade Contemporânea, como a barbárie primitiva, se caracteriza pela violência desenfreada e pelo desprezo pelo ser humano.
Nos últimos cinco séculos, a barbárie tem aumentado permanentemente. As estatísticas de mortes demonstram o crescimento da barbárie no século XX. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) causou a morte de 15 a 20 milhões de pessoas, a Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945) causou a morte de cerca de 20 milhões de pessoas e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), causou a morte de 60 a 70 milhões de pessoas. Desde o final da Segunda Guerra Mundial até o ano de 1992 ocorreram 149 guerras, quando morreram mais de 23 milhões de pessoas. A estimativa abrangendo todas as mortes ocorridas desde 1914 até o momento atual chegou a um total de 187 milhões de mortos em atos bélicos ou extermínio sistemático. A violência dos conflitos em nossa época não tem paralelo na história. Desde o século XX, as guerras foram “guerras totais” contra combatentes e civis sem discriminação. As guerras mais recentes aumentam continuamente estas estatísticas de mortes.
No século XX, as crises do capitalismo resultaram sempre em revoluções sociais visando a derrubada do sistema capitalista como ocorreu na Rússia em 1917, na China em 1949 e em Cuba em 1959, entre outras, com a implantação do sistema socialista ou em contrarrevolução com a implantação de ditaduras fascistas como ocorreu na Itália na década de 1920 com Mussolini e nazista como ocorreu na Alemanha com Hitler na década de 1930, entre outras. O genocídio nazista contra os judeus, ciganos e comunistas, o uso da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, o Goulag stalinista, a guerra do Vietnã, o ataque terrorista ao World Trade Center em New York, as duas guerras do Iraque, a guerra do Afeganistão e a guerra civil da Líbia e da Síria exemplificam de maneira mais acabada a barbárie que caracteriza o mundo em que vivemos.
O mundo, como organização social, política e cultural está em desintegração. Os sinais são evidentes em todas as partes do planeta. Um desses sinais é o agravamento da situação econômica e social em todos os países na era contemporânea que tende a tornar incontrolável o crescimento da violência. Nos últimos tempos, a desigualdade na distribuição da renda cresceu nos países capitalistas centrais e periféricos. O que parece ser um fenômeno global é o avanço da pobreza que se refere a um nível de recursos abaixo do qual não é possível atingir o padrão de vida considerado mínimo em uma sociedade e época determinadas e da pobreza extrema ou miséria que é o nível mais baixo de distribuição de renda/bens ou privação. Na atualidade, 33% da população dos países capitalistas periféricos encontra-se em estado de miséria.
O resultado do agravamento das tensões sociais em todo o mundo e da incapacidade financeira dos estados nacionais de atenderem em cada país as demandas sociais, devido à crise fiscal agravada pela crise econômica e financeira mundial, poderá levar à formação de amplos movimentos de massa que poderá tomar a forma de guerra civil ao nível de cada Estado nacional. Isto significa dizer que, em cada país, poderemos nos defrontar com a luta sem quartel de todos contra todos pelo poder, renda e riqueza. A legitimidade das estruturas do Estado nacional e, portanto, de sua habilidade de manter a ordem será colocada em xeque. A violência que já dá sinais evidentes de agravamento na era contemporânea tende a assumir dimensões catastróficas no futuro. É a barbárie elevada ao mais alto grau.
O termo barbárie tem dois significados distintos, mas ligados entre si: crueldade de bárbaro e falta de civilização. Pode-se afirmar que estamos na atualidade em um momento de transição em que o mundo em que vivemos caracterizado pela barbárie está tornando um imperativo o advento da civilização com o surgimento de um novo mundo. O novo mundo pode significar uma nova ordem mundial edificada racionalmente pela humanidade para superar a barbárie atual traduzida na violência entre os homens, na catástrofe ambiental e na conflagração global. No momento, prevalece a barbárie em que os supremos interesses da humanidade não são considerados em cada país e no mundo. É preciso fazer com que a nova ordem mundial baseada na cooperação entre as nações e os povos se sobreponha à barbárie reinante.
É preciso que a civilização se sobreponha à barbárie que vem caracterizando a história da humanidade desde a Antiguidade. Neste quadro de perspectivas sombrias, urge atacar o mal da barbárie pela raiz com a construção de uma nova ordem mundial em substituição à ordem capitalista dominante geradora dos atentados contra a Civilização em todos os quadrantes da Terra que se registram há mais de 500 anos. As forças vivas defensoras da Civilização precisam se aglutinar em todo o planeta para se contraporem às forças da Barbárie. O futuro da humanidade depende do desfecho deste confronto. Para tanto, é preciso que haja uma transição que pode ser a reforma do capitalismo com a construção do Estado de Bem Estar Social como o construído nos países escandinavos que, sendo um híbrido entre o que existe de mais positivo nos sistemas capitalista e socialista, prepararia o terreno para a conquista de elevado nível de civilização com a construção do socialismo democrático em todos os países do mundo.
O modelo escandinavo de desenvolvimento político, econômico e social deveria servir de referencial como modelo de sociedade a ser perseguido por todos os povos do mundo para a conquista da civilização porque os países escandinavos são considerados os mais bem governados do planeta, são os que apresentam o maior progresso político, econômico e social e são os que têm os povos mais felizes do mundo. Só assim, a sociedade poderá alcançar elevado nível de desenvolvimento político, econômico e social e o lema "Liberdade, Igualdade,
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* Fernando Alcoforado, 83, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.