A comunidade quilombola de Laranjeiras, localizada a 25 quilômetros da zona urbana de Vitória da Conquista, na região de Bate-Pé, foi a destinatária de mais uma remessa de cestas básicas e kits com donativos, entregues pela Prefeitura neste sábado (9).
Os gêneros alimentícios distribuídos em Laranjeiras totalizam 170 embalagens com cestas básicas, além de um carregamento estimado em 2,5 toneladas de itens doados pela população e também enviados pelo Governo Federal para serem entregues às pessoas atingidas pelos efeitos das chuvas.
A variedade de donativos é grande, incluindo roupas masculinas e femininas, brinquedos, calçados, fraldas descartáveis, etc. – tudo isso devidamente embalado e separado de acordo com o tamanho e o gênero. A associação local de moradores recebeu os fardos e ficou responsável por organizar a entrega dos itens a cada um. “Vai ser uma coisa bem organizada”, garantiu Suelina Moreira, 47 anos, eleita recentemente para a presidência da associação.
Além das cestas básicas e dos donativos, os moradores receberam quase 60 fardos com garrafas plásticas de água mineral. Cada um dos cadastrados recebeu ainda uma embalagem de álcool em gel.
‘Chegou numa boa hora’
Assim que recebeu a cesta básica e o kit com os donativos a que tinha direito, a lavradora Norma Aparecida Dias, 41 anos, já tinha planos definidos para alguns dos itens recebidos. Entre os alimentos da cesta básica, por exemplo, alguns estavam reservados para o prato que ela pretende preparar para as duas filhas.
“Vou cuidar de preparar o leite e o fubá para fazer um cuscuz”, confidenciou Norma. “Lá em casa, isso vai ajudar demais. Chegou numa boa hora”, acrescentou a lavradora, que perdeu parte da produção de sua horta devido à quantidade excessiva de chuva. Durante o auge das precipitações, um riacho chegou a transbordar e quase atingiu a casa onde ela mora. “Ficamos com muito medo. A água não chegou até lá, mas passou bem perto”, contou Norma.
‘Uma ajuda muito boa’
A diarista Silvana Fernandes, 28, também considerou que os gêneros alimentícios chegaram num momento apropriado. Na fase das chuvas intensas, ela chegou a perder um dia de trabalho, pois, como o rio que corta a estrada transbordou, ela não pôde viajar até a zona urbana de Vitória da Conquista, onde trabalha na limpeza de três residências. “É uma ajuda muito boa, porque as coisas, hoje em dia, estão muito difíceis”, comentou Silvana.
Outra consequência foi o atraso no pagamento de sua conta de luz, pois o automóvel da empresa concessionária não pôde passar pela mesma estrada, pelos mesmos motivos. Por causa desse transtorno, sua conta – assim como a de outros moradores – não foi entregue em sua casa.
Agora, tendo em mãos os itens entregues pela Prefeitura, ela também já sabe o que vai fazer com o que recebeu. Segundo Silvana, os benefícios trazidos pela cesta básica e pelos outros materiais não serão desfrutados apenas por ela, o marido e a filha, que tem um ano e dez meses. Ela pretende dividir tudo com uma família de amigos, formada por seis pessoas: o pai e a mãe, ambos lavradores, e ainda quatro filhos, todos vivendo em situação de pobreza extrema.
“É uma família bem carente”, diz Silvana. “Essa senhora vai lá em casa e sempre me ajuda com algumas coisas. E, como eu tenho um pouco mais do que ela, eu vou dividir”.