O estudo recebe apoio por meio do Programa Coleções Biológicas/Museus da Fapeam
Novas espécies de vespas, popularmente conhecidas como cabas, e formigas da Amazônia estão sendo descobertas na coleção de invertebrados do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), por meio do projeto “Insetos da ordem Hymenoptera na Amazônia: a diversidade escondida em uma coleção”, apoiado pelo Governo do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
O estudo é amparado pelo Programa de Apoio à Organização, Restauração, Preservação e Divulgação das Coleções Biológicas e de Museus do Amazonas (Coleções Biológicas/Museus), edital Nº 008/2019 da Fapeam, que apoia projetos que dão suporte às coleções biológicas institucionais e museus já existentes e considerados estratégicos para o Estado do Amazonas.
Coordenada pelo pós-doutor em Entomologia, Márcio Luiz de Oliveira, do Inpa, já descobriu quase 70 espécies, que irão passar pelo processo de descrição científica e publicação. O pesquisador afirma que ainda é possível encontrar novas espécies de animais, principalmente organismos pequenos, a exemplo dos examinados no estudo.
Márcio Oliveira afirma que das 69 espécies descobertas, 66 são vespas parasitoides e organismos que, para completar seu ciclo de vida, precisam colocar seus ovos no interior ou na superfície do corpo de outros insetos ou aranhas, causando ao final do ciclo a morte destes. Todas as espécies detectadas são de diferentes gêneros das famílias Chalcididae, Eucharitidae, Eurytomidae e Eupelmidae.
O pesquisador acrescenta que a checagem minuciosa da coleção de invertebrados permitiu detectar um novo gênero e três novas espécies de formigas.
“Foram examinados 1.780 exemplares de formigas distribuídas em nove gêneros. Pelo menos três exemplares são pertencentes a espécies ainda não conhecidas pela ciência ou em processos de descrição. E, ao menos, dois exemplares pertencem a um novo gênero de formigas também em processo de descrição, mostrando, assim, o potencial do acervo do Inpa em revelar novidades taxonômicas”, comemorou.
De acordo com ele, o Inpa também se tornou a primeira instituição do país a ter 100% de seu acervo de formigas da subfamília ectatommíneas identificado em nível de espécies e organizado com base na classificação mais atualizada da literatura científica.
Contribuições – A manutenção de exemplares de insetos bem preservados, coletados ao longo dos anos por diversos estudiosos em áreas remotas e, em ambientes com características geológicas e vegetais únicos, permitiu a existência de uma coleção com elevado valor científico e informações inéditas sobre a biodiversidade da Amazônia. Todos esses fatores possibilitam que novas espécies de insetos sejam hoje em dia detectadas por meio de estudos do acervo da coleção de invertebrados do Inpa.
Para o pesquisador, a descoberta de novas espécies de vespas e formigas gera uma grande contribuição para a comunidade científica. Inclusive, novos estudos serão necessários para descobrir quais são as funções que essas espécies desempenham na natureza.
Além disso, as principais formigas estudadas na pesquisa pertencem à subfamília Ectatomminae, que são em sua maioria predadoras generalistas, pois consomem diversas outras espécies. Tal fato, significa que a preservação de seus formigueiros em seus territórios de ocorrência pode contribuir para o controle biológico de insetos-pragas em áreas de plantações, por exemplo. O mesmo ocorre em relação às vespas parasitoides, que podem auxiliar no combate de eventuais pragas agrícolas.
Apoio – O projeto “Insetos da ordem Hymenoptera na Amazônia: A diversidade escondida em uma coleção” teve início em março de 2020 e tem a previsão de ser concluído em junho de 2022.
O pesquisador classifica como imprescindível o investimento da Fapeam para a expansão da ciência no Amazonas.
“Uma das razões é que sem a Fapeam torna-se muito difícil ou mesmo impossível conseguir financiamentos de projetos. A segunda razão é que esse já é o segundo edital da Fundação voltado para financiamento de pesquisas em Coleções Biológicas. Desconheço editais semelhantes da parte de outras agências estaduais ou mesmo federais”, finalizou.
O estudo conta com a participação de especialistas em insetos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), do Instituto Biológico de Campinas, além de outros sete especialistas que ainda virão ao Inpa, por conta do mesmo projeto.