Pesquisadoras da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) realizarão, ao longo do ano, série de oficinas e atendimentos técnicos a Farmácias Vivas e Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do estado. O objetivo é repassar tecnologias e conhecimentos sobre cultivo, processamento e identificação de plantas medicinais de uso fitoterápico em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
As espécies abordadas fazem parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde (Renisus), criada com o intuito de estimular a pesquisa e promover o uso seguro do material vegetal.
Ação recente da Epamig foi a entrega de mudas de 14 espécies às UBSs de Belo Vale (MG), que ocorreu em dezembro, por meio de parceria firmada com o município.
As variedades repassadas foram: calêndula, hortelã-pimenta, arruda, alecrim, boldo, tanchagem, babosa, pata de vaca, mil folhas, picão, pariri, açafrão, melão-de-são-caetano e funcho.
Produção
As mudas distribuídas emBelo Vale foram produzidas no Campo Experimental Santa Rita, da Epamig Centro-Oeste, localizado em Prudente de Morais.
Além do material vegetal, tecnologias e conhecimentos gerados estão sendo transferidos por meio de oficinas e palestras. “A prefeitura do município já repassou as mudas para o plantio em três UBSs, que iniciaram as oficinas com a população sobre cultivo, importância da identificação correta das plantas e benefícios do uso adequado das espécies medicinais para a melhoria da saúde e da qualidade de vida”, relata a nutricionista da atenção básica de Belo Vale, Ananda Monteiro de Andrade.
A Epamig aguarda a finalização da agenda oficial do município para confirmar as datas das ações de 2023.
Oficinas
Em fevereiro, em parceria com professores e estudantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV), pesquisadores da Epamig realizarão oficina focada no processamento pós-colheita (secagem e armazenamento) de plantas medicinais voltada para produtores familiares do município de Diogo de Vasconcelos, Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
“A prefeitura da cidade já cedeu um espaço para a implementação da unidade de secagem. Vamos atuar de forma que os agricultores envolvidos possam ver na prática como todo o processo é feito”, prevê a coordenadora de Transferência e Difusão de Tecnologia da Epamig Sudeste, e uma das responsáveis pelo projeto, Maira Christina Fonseca.
Neste primeiro momento, a unidade de secagem irá atender 11 agricultores locais que estão cultivando plantas medicinais. “Ações que promovam a produção e o uso seguro das plantas medicinais são fundamentais para a obtenção de material vegetal de qualidade e que exerça a função terapêutica desejada. Além disso, contribui para a garantia da quantidade e qualidade destas plantas para o fortalecimento da fitoterapia no SUS”, comenta a pesquisadora da Epamig Centro-Oeste, Juliana Maria de Oliveira.
Farmácias vivas
A Epamig também estará presente em Brumadinho, na RMBH, para duas oficinas em 2023. A primeira está agendada para julho e envolverá apenas a equipe da Farmácia Viva do município, e a segunda para dezembro, quando as pesquisadoras da Empresa vão atender agricultores familiares previamente selecionados, para atualizá-los em relação às tecnologias adequadas para o cultivo, colheita e secagem de plantas medicinais.
Segundo a equipe de pesquisa da Epamig, solicitações de parcerias por parte de secretarias de saúde têm sido frequentes para ajuda na estruturação de projetos de implementação de Farmácias Vivas ou para firmarem acordos de cooperação técnica.
O município de Betim (RMBH), por exemplo, está em vias de formalizar parceria entre a sua Farmácia Viva e a empresa, para a transferência de tecnologias, realização de oficinas e entregas de mudas.
Epamig e SUS
O Ministério da Saúde instituiu as Farmácias Vivas no SUS em abril de 2010. O objetivo é garantir à população o fornecimento de plantas medicinais e de fitoterápicos como opção terapêutica aos usuários. “Desde então, a equipe da Epamig vem desenvolvendo projetos de pesquisas visando disponibilizar informações sobre o cultivo, colheita, pós-colheita e bioatividades atribuídas aos princípios ativos de interesse. Além disso, as tecnologias desenvolvidas e aprimoradas pela empresa têm contribuído para o desenvolvimento da produção e uso sustentável de plantas medicinais e para a geração de emprego e de renda”, ressalta a pesquisadora da Epamig Centro-Oeste, Marinalva Woods.
As pesquisas e a produção de mudas de espécies medicinais têm sido realizadas nos Campos Experimentais Santa Rita, em Prudente de Morais, e Vale do Piranga, em Oratórios.
Além disso, no Herbário da Epamig, em Belo Horizonte, são feitas as identificações botânicas. “Um dos aspectos mais delicados na fitoterapia está relacionado à identificação correta das plantas. Por basear-se fortemente em nomes populares, a identidade de uma planta pode variar muito de região para região. Por isso, a uniformização da nomenclatura botânica é necessária para garantir a segurança do uso de plantas medicinais”, ressalta a pesquisadora e curadora do Herbário Pamg/Epamig, Andreia Fonseca Silva.