Paranaense, Zanetti foi militante da Ação Popular (AP) e chegou à Bahia em 1970 para escapar da repressão. Foi preso na estrada no dia 5 de maio de 1971, quando vinha de Feira de Santana trazendo material para uma reunião em Cabuçu, no recôncavo baiano.
Zanetti ficou preso durante dois anos e meio. Levado para o Forte do Barbalho, ficou três meses numa solitária. Em seguida foi transferido para o Quartel dos Fuzileiros Navais, também em Salvador, onde ficou mais cinco meses em uma solitária. Depois foi julgado e condenado a três anos de reclusão e teve os direitos políticos cassados por dez anos. Ficou preso na Galeria F da Penitenciária Lemos Brito.
No seu depoimento à Comissão Nacional da Verdade em 2014, ele relatou:
“Não conheci meus algozes, porque sempre era torturado de olhos vendados. Depois da tortura, sempre apareciam alguns militares para dizer que não concordavam com aquilo”. Sofreu no “pau-de-arara” e recebeu choques elétricos, entre outros tipos de agressões.
No mesmo depoimento, alertou sobre a importância de se lembrar dos indígenas e camponeses “mortos às centenas pela ditadura e tão pouco visibilizados. O importante reconhecimento destas tragédias pela Comissão Nacional da Verdade é um fato relativamente pouco conhecido a indicar a extensão das mazelas da ditadura”.
E completou o seu relato com outro alerta:
“Infelizmente, a versão atualizada da tortura e do extermínio continua a afligir especialmente os mais fragilizados da nossa sociedade. Nós ainda ostentamos recordes de assassinatos de jovens e adolescentes, negros em sua maioria. Direitos ainda precisam ser conquistados e garantidos”.