Ação Social Bahia
Sarau marca celebração pelos 12 anos do Creas Novo Olhar
Sarau começou com miniconcerto de Gabi Melo e João LuísPara comemorar o 12º aniversário do Centro de Referência Especializado de Assistência Social...
24/09/2022 21h45
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: Prefeitura Mun. Vitória da Conquista - BA
Foto: Reprodução/Prefeitura Mun. Vitória da Conquista - BA
Sarau começou com miniconcerto de Gabi Melo e João Luís

Para comemorar o 12º aniversário do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) Novo Olhar, a equipe promoveu um sarau na manhã deste sábado (24), no Centro Integrado dos Direitos da Criança e do Adolescente. O serviço é vinculado à Coordenação de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade, setor da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes).

Bárbara Tigre (de vestido florido), gerente do Creas Novo Olhar, coordenou as atividades culturais durante a celebração

“Tudo o que nós preparamos aqui, hoje, é para vocês”, anunciou a gerente do Creas Novo Olhar, Bárbara Tigre. “Este é um momento de acesso à cultura, à arte e ao lazer. Queremos proporcionar uma convivência familiar e comunitária”, acrescentou Bárbara.

As apresentações começaram com um show dos instrumentistas Gabi Melo e João Luís. Munida de violoncelo e violão, a dupla apresentou canções clássicas da música popular brasileira, incluindo afro-sambas da dupla Vinícius de Moraes e Baden Powell, além de temas de Antônio Carlos Jobim e do violonista Garoto.

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Grupo de percussão da Pastoral do Menor, sob o comando de Carlinhos Broa

Depois de acompanharem o miniconcerto de cordas, o grupo de jovens percussionistas da Pastoral do Menor subiu ao palco para mostrar o que seus integrantes vêm aprendendo nas aulas com o instrutor Carlinhos Broa. São crianças e adolescentes que vivem em bairros como Cruzeiro, Pedrinhas, Alto Maron e Guarani, entre outros. Apresentando alguns temas do universo do samba reggae, eles deram uma mostra da habilidade com que manejam os instrumentos de percussão.

Segundo Carlinhos, a função dos atabaques, baldes plásticos e timbaus, nas mãos dos garotos, não se limita a produzir sons. “Estes instrumentos são as nossas armas na luta contra as drogas”, afirmou o instrutor. A apresentação do grupo foi reforçada pela colaboração do mestre de capoeira Betão. E a programação do sarau contou também com a banda 4 Bits, formada por servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Bahia (IFBA).

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Paulo Bertoni (à esq.) deu uma demonstração de movimentos do Kendo, arte marcial japonesa

Além da parte musical, o sarau reservou aos convidados a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre outras linguagens artísticas e esportivas. Houve espaço ainda para experimentos nas áreas de física e química.  E foram oferecidas oficinas de Hip Hop, com Necyta Lopes, de Muralismo, a cargo de membros do projeto CORjunto – Arte na Cidade, e até de uma modalidade japonesa de arte marcial, o Kendo.

Convidados acompanharam experimentos de química e física

A tradicional arte do Kendo, desenvolvida há centenas de anos e inspirada nos movimentos com espadas praticados por samurais no Japão feudal, tornou-se uma prática esportiva a partir do século 19. Ao fazer uma demonstração dos movimentos básicos para os participantes do sarau, o instrutor Paulo Bertoni afirmou tratar-se de uma manifestação de força, mas sem que seus praticantes abram mão da sensibilidade e do respeito aos adversários. “É uma maneira de exercitar o nosso vigor, mas sem violência”, resumiu Bertoni.

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Mudanças de postura

Em meio ao clima de celebração, a gerente Bárbara Tigre leu para os convidados a letra deAté quando?, umrapde Gabriel O Pensador. Um trecho diz o seguinte: “Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura / Na mudança de postura a gente fica mais seguro / Na mudança do presente a gente molda o futuro”.

M. A. A. quer ser cabeleireiro e abrir seu próprio salão

Uma mudança de postura, aliás, é o que procuram os quase 30 jovens atualmente atendidos pelo Creas Novo Olhar, que cumprem medidas socioeducativas em meio aberto, na modalidade liberdade assistida. Encaminhados ao serviço pelo sistema de justiça, eles participam de atividades coletivas e têm acesso ao atendimento oferecido por profissionais das áreas de direito, assistência social, psicologia, pedagogia e educação social.

É o caso de M. A. A., de 17 anos, um dos participantes do sarau. Ele é atendido pela equipe do Creas Novo Olhar há cerca de dois meses. Vai três vezes por semana à sede do serviço, no Centro Integrado dos Direitos da Criança e do Adolescente. Nas conversas com a psicóloga, ele costuma falar sobre si mesmo – e, dessa forma, parece ter conseguido enxergar um pouco mais sobre a própria vida. “O atendimento aqui é muito bom. Excelente”, explicou o garoto.

Quanto à mudança que diz ter sentido, ele foi enfático: “Melhorou mil vezes. Eu era muito largado, jogado. E, fazendo essa medida aqui, estou entrando nos eixos de novo. Participando aqui, acho que minha maturidade melhorou muito. É sempre bom conhecer pessoas novas e fazer atividades novas, também”, disse o rapaz, que está concluindo um curso de cabeleireiro e pretende abrir seu próprio salão em breve. Quando não está no salão nem no Creas Novo Olhar, costuma se distrair jogando futebol em “babas” com amigos.

Mãe aliviada e esperançosa

À esquerda na foto, a mãe de J. V. N. (ao centro)  se sente aliviada por vê-lo cumprir medida socioeducativa: “Aqui ele tem uma equipe que vai atendê-lo”

Mudanças de perspectiva também estão entre os projetos pessoais de J. V.  N. C., 19 anos., que começou a ser atendido pela equipe técnica do Creas Novo Olhar há duas semanas. No momento, ele trabalha como ajudante de pedreiro e também gosta de jogar bola – só que nas quadras de futsal. Sobre o futuro, ele diz ter vontade de abrir uma loja de roupas. “Vou aprender mais para ganhar mais conhecimentos”, contou.

J. foi ao sarau acompanhado pela irmã, de dez anos, e pela mãe, a cabeleireira Rosimeire Nascimento, de 38. Ela afirma que, diante dos acontecimentos pelos quais o filho passou, sente-se aliviada e, aparentemente, esperançosa, por vê-lo cumprindo a medida socioeducativa em liberdade assistida, junto à equipe do serviço, e não recluso numa cela. “Eu me sinto em paz. É melhor do que se ele estivesse preso, porque aqui ele tem uma equipe que vai atendê-lo. E isso pode trazer melhorias para a vida dele”, diz a mãe.