Crianças e adolescentes com idades entre 12 e 17 anos participaram nesta sexta-feira (23), de uma roda de conversa sobre meio ambiente e mudanças climáticas, com ênfase nas consequências que essas mudanças podem ter sobre suas vidas. Realizada no auditório da Rede de Atenção e Defesa da Criança e do Adolescente, a ação é mais uma atividade intersetorial inserida na busca por garantir mais uma certificação do Selo Unicef, referente ao quadriênio 2021-2024.
Sugerida pela equipe do Selo Unicef, a atividade envolveu um público que já participa de ações promovidas pelo Núcleo de Cidadania de Adolescentes (Nuca), vinculado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes). São jovens que vivem nos bairros Jardim Valéria, Miro Cairo, Nossa Senhora Aparecida, Vila América e Cruzeiro. As inscrições para a roda de conversa foram feitas por meio dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), que atendem a essas localidades e também pela plataforma on-line U-Report Brasil.
“É uma oportunidade de refletir um pouquinho sobre sustentabilidade, sobre como a gente pode, com atitudes simples, ajudar na preservação do meio ambiente”, observou a mobilizadora do Nuca, Laís Pinheiro. “A importância maior é fazer com que esses jovens reflitam sobre o papel deles enquanto cidadãos. Como eles podem contribuir para que as gerações futuras possam usufruir desse meio ambiente preservado”, completou Laís.
Para abordar esse assunto de forma que se tornasse mais interessante para eles, a técnica em Meio Ambiente, Scheyla Estêves, procurou aproximá-lo do cotidiano dos participantes. Por isso, ao invés de falar somente sobre os perigos reais que rondam a Floresta Amazônica, por exemplo, ela trouxe para a conversa a Reserva Florestal do Poço Escuro, uma área verde com quase 20 hectares de extensão, encravada dentro do espaço urbano de Vitória da Conquista.
“É um processo de regionalização da educação ambiental, trazendo para Conquista e região os conhecimentos sobre os espaços verdes que temos aqui. E sobre as dificuldades, que são muitas. Precisamos falar sobre elas para trazer soluções, também”, analisou Scheyla, que trabalha no Módulo de Educação Ambiental, setor ligado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma).
Aprendendo sobre agressões ao meio ambiente
A palestra tratou das espécies de animais que habitam a reserva do Poço Escuro, e a maneira como a área urbana da cidade lida com essa fauna. Mas não se limitou a temas agradáveis. Scheyla explicou ao público que uma das versões para se explicar a origem do nome da reserva faz menção à densidade que havia na mata há centenas de anos. Na época, o grande número de árvores e a proximidade entre elas formava uma mata realmente densa, escura e fria.
Outra versão diz que os indígenas que habitavam o local passaram a chamá-la de Poço Escuro por verificarem que a água da nascente do Rio Verruga era muito escura – o que acaba remetendo à mesma explicação, pois o aspecto escuro das águas se devia ao fato de que, por ser bastante densa, a copa das árvores não permitia que a claridade do sol se refletisse no Rio Verruga.
Com o passar dos anos, a mata foi ficando menos densa e já não é tão escura – e, como ensinou a palestrante, isso se deve à ação humana. “Hoje, se você for até lá, vai ver que está bem mais clara. Por que isso ocorre? Por causa do desmatamento e da degradação que houve lá”, explicou a palestrante.
Scheyla ainda mostrou aos jovens, fotografias da degradação provocada por pessoas que descartam lixo em algumas áreas do Poço Escuro. E convidou-os a uma reflexão sobre as consequências que esse comportamento trazem à reserva e à própria população. Disse ainda que a Prefeitura, por mais que se esforce e amplie a fiscalização na área da mata, ainda não consegue coibir totalmente a ação dos agressores. “Está todo mundo junto no mesmo lugar, que é o planeta Terra. Não existe isso de ‘jogar fora’”, observou a palestrante.
Visita ao Poço Escuro será no dia 30
Mais que obter informações sobre a Reserva Florestal do Poço Escuro, as crianças e adolescentes que participaram da roda de conversa vão conhecê-la na tarde da próxima sexta-feira (30). Essa atividade prática será uma visita guiada, também coordenada por Scheyla. Além de conhecer o espaço, eles vão ser orientados sobre como podem ajudar a fiscalizá-lo, protegendo-o contra iniciativas que podem agredi-lo. “Vamos mostrar as dificuldades que a gente enfrenta. O Poço Escuro é o espaço ideal para aproximar esse público da causa ambiental. Sem a participação da população, fica ainda mais difícil cuidar desse espaço”, pontuou a técnica em Meio Ambiente.
Cuidar faz bem
Para Kevin Porto, de 12 anos, aluno do 5º ano do Ensino Fundamental, não será a primeira visita ao Poço Escuro. Ainda assim, ele se mostrou curioso para voltar ao local. E, por isso, aguarda com ansiedade pela atividade do dia 30. “Cuidar desse lugar faz muito bem para as pessoas”, disse o garoto, que mora no bairro Nossa Senhora Aparecida.