Quando uma criança ou adolescente é afastada do convívio familiar por medida protetiva pode ser acolhido de forma temporária por uma família que cumpra o papel de cuidado e proteção provisoriamente. Esse vínculo acontece através do Serviço Família Acolhedora, mantido pela Prefeitura de Vitória da Conquista, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes).
Essa criança ou adolescente por ficar no seio da família acolhedora por até 18 meses, período no qual são realizadas intervenções na família de origem, visando o restabelecimento das condições necessárias para reintegração familiar. “A gente trabalha com a família pra que essa violação não volte a acontecer e para que ela tenha um preparo para receber essa criança ou esse adolescente de volta aos seus lares”, explicou a psicóloga do serviço, Manoela Soares.
O Serviço Família Acolhedora atua em Vitória da Conquista há quase dez anos, trabalhando de forma integrada aos órgãos de garantia de direitos da criança e do adolescente, como a Vara da Infância e Juventude, Ministério Público, Defensoria Pública e Conselho Tutelar. Já foram atendidas 24 crianças pelo programa, a maioria das quais foi reintegrada à família de origem.
Durante todo o tempo em que a criança e adolescente fica aos cuidados da família acolhedora, a equipe técnica faz o acompanhamento da nova rotina. Uma das estratégias são as rodas de conversa, onde familiares que estão promovendo o acolhimento podem trocar experiências. Na tarde de ontem (30), por exemplo, seis representantes das famílias aptas no programa estiveram reunidos para mais uma dessas ações.
Uma das representantes presente foi a autônoma Ivone Cardoso, que há cerca de dois anos conheceu o Serviço Família Acolhedora pela internet. Mãe de seis filhos, há cinco meses ela passou também a acolher uma criança de um ano e dez meses de idade, que precisou ser afastada de sua família de origem por medida protetiva. Para Ivone, os cuidados não diferem seus filhos biológicos do filho acolhido temporariamente.
“Eu tô emocionada, fico até perdida no que vou dizer. Eu tô aprendendo com ele, e ensinando a ele. E ainda quero mostrar pra outras pessoas que tem crianças que precisam de uma família acolhedora até resolver a vida”, contou Ivone, com lágrimas nos olhos, ao falar sobre a experiência.
Já a técnica de enfermagem Ana Maria Santa está em sua segunda vivência com uma adolescente do programa. Mãe de uma filha de 11 anos, ela conta que o convívio familiar vem sido bastante tranquilo e cheio de aprendizados.
“É lindo, é maravilhoso, me completa. É emocionante falar sobre ser Família Acolhedora, compartilhar um pouquinho do amor que a gente tem em casa, que precisa ser compartilhado, precisa ter esse olhar com o próximo, muitas crianças estão precisando de apoio nesse momento. Ajudar a transformar a vida deles, e aprender com eles também”, disse.
Ana Maria também se emocionou ao narrar a sua primeira experiência de acolhimento, com outra adolescente, que durou um ano e três meses. Até hoje elas mantêm contato através de ligações. “A gente tem que saber que a gente tá acolhendo, mas num momento eles vão partir, traçar novos caminhos, mas o vínculo vai ser pra vida toda, a amizade vai continuar, o vínculo vai continuar”, afirmou.
Para demonstrar seu interesse em ser uma Família Acolhedora, basta fazer o cadastro neste link ou pessoalmente, na sede do serviço, localizada no Centro Integrado dos Direitos da Criança e do Adolescente (Rua Sifredo Pedral Sampaio, nº 790, bairro Recreio – antiga Rua 10 de Novembro). Após o cadastro, as famílias passam por uma análise da equipe multissetorial do programa, que atesta a sua aptidão para receber as crianças e jovens.