A matéria publicada em 4 de agosto no portal Brasil 247, revela que a compra foi feita sem licitação e que o exército não informa o motivo da compra. O que se sabe, que a ferramenta consegue extrair dados de sistemas em nuvens e de registros públicos armazenados.
O Comando de Defesa Cibernética do Exército (ComDCiber) adquiriu uma ferramenta que permite a espionagem de aparelhos celulares por meio da extração de dados de sistemas em nuvens e de registros públicos armazenados em redes sociais como Twitter, Facebook e Instagram.
Conforme o jornal Folha de São Paulo, a compra da ferramenta, feita com dispensa de licitação, foi autorizada pelo então comandante do Exército e atual ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.
A reportagem destaca que apesar de a ferramenta ser utilizada pelas Polícias Civis e Federal, além do Instituto Nacional de Criminalística e Ministério Público para acessar dados a partir de autorizações judiciais, “os documentos da contratação feita para a unidade do Exército não especificam quais aparelhos celulares seriam acessados nem qual é o embasamento jurídico para esse tipo de acesso a dados privados”.
O ComDCiber é chefiado pelo general Heber Garcia Portella, designado pelo Ministério da Defesa — ainda na gestão do general da reserva Walter Braga Netto– para integrar a comissão de transparência das eleições junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Portella é um dos militares alinhados ao discurso bolsonarista que questiona a higidez do sistema eleitoral e a segurança das urnas eletrônicas. Braga Netto será o vice na chapa pela reeleição de Jair Bolsonaro.
Ainda segundo a reportagem, a solução de espionagem escolhida pelo Exército foi a Cellebrite UFED, que tem a empresa TechBiz Forense Digital como a única fornecedora da ferramenta no Brasil. O contrato da empresa, orçado em R$ 528 mil, foi firmado em 28 de dezembro de 2021 e é válido até 27 de dezembro de 2024.