O I Encontro dos Povos de Axé de Vitória da Conquista aconteceu neste sábado (9), no Centro Cultural Glauber Rocha. Sociedade civil e autoridades públicas foram convidadas para debater a intolerância religiosa e o racismo religioso, por meio de palestras, mesas redondas e rodas de conversa. A iniciativa foi da Rede Caminho dos Búzios, do Coletivo de Entidades Negras e da Associação Cultural Agentes de Pastoral Negros, com o apoio da Prefeitura de Vitória da Conquista.
O secretário municipal de Desenvolvimento Social, Michael Farias, esteve presente no evento. O encontro contou ainda com a participação de representantes do Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial, do Conselho Municipal de Cultura, da OAB, da Polícia Militar e da Defensoria Pública.
De acordo com a coordenadora municipal de Promoção Igualdade Racial, Olinda Pereira, o Governo Para Pessoas vem demonstrando, de forma ímpar, compreensão e zelo com essa pauta. “Pra mim é uma honra ser a primeira mulher yalorixá a fazer parte da composição do Governo, fazendo parte dessa construção, dessa nova era, dessa nova história”, contou. Nesse sentido, ela destacou a importância do apoio da Prefeitura ao avento: “Pra gente chamar atenção das necessidades do povo de santo em estar se reunindo, pois sem a participação popular não tem como essas políticas terem força.”
Graça Alves, coordenadora da Rede Caminho de Búzios, explicou que o encontro foi motivado por muitos casos recentes de intolerância religiosa que vêm ocorrendo em todo país, inclusive em Vitória da Conquista. “O que a gente quer é só respeito. Mas, nós entendemos também que existe muita desinformação. Então, tem aquela coisa do fundamentalismo religioso, infelizmente, é o que a gente tá vivendo hoje, mas também tem muita desinformação. A gente acha que a gente tendo mais espaço na sociedade, a gente tendo melhor preparação de vida, a gente tem condição de combater de igual pra igual e mostrar pras pessoas que a coisa não é exatamente como passam pra elas”, afirmou.
Representante do Coletivo de Entidades Negras, Ademar Cirne destacou a importância de envolver outros atores no evento. “Essa discussão é extremamente importante pra gente discutir não só o racismo religioso, que é o que a gente vive, mas também como se posicionar em relação a isso. Por isso, a gente convidou elementos do poder público, como Defensoria Pública, Polícia Militar, Polícia Civil e Ministério Público pra que eles se posicionem sobre o que é que estão fazendo. O apoio da Prefeitura foi fundamental pra gente fazer esse evento, porque também a gente tem que discutir as políticas públicas que a Prefeitura tem feito para essa população”, ressaltou.
Para Ingrid do Prado Carvalho, yalorixá representante do terreiro Ilè Omi T’Ogum, Vitória da Conquista possui muitos terreiros de umbanda e candomblé, e por isso é fundamental dar luz à essa discussão e romper os preconceitos. “A importância desse evento pra Vitória da Conquista é imensa, porque quanto mais visibilidade nós, de axé, temos, vamos conquistando outros espaços, vamos apresentando nossa fé de outro modo, tirando essas características demoníacas que impuseram sobre a gente”, opinou.
Eliene Santos Novaes, a Mãe Lene, do terreiro de umbanda Osóssi e Martim da Quimbanda, também avaliou a iniciativa: “Nos últimos anos, a gente tá vendo muito vandalismo em relação ao povo de santo, muito preconceito, muita falta de espaço, muita falta de fala, de vez, de voz. Então, pra gente é importante estar debatendo essa questão do preconceito da religião.”