Meio Ambiente Pesquisa / Esgoto
Esgoto é considerado o maior problema ambiental para moradores da Região Nordeste.
Pesquisa revela ainda que 51% dos nordestinos relacionam o desmatamento da Amazônia com as atividades de cidades que ficam longe dessa região, mas apenas 23% acreditam que o consumo de carne bovina é causa direta do desmatamento.
28/05/2022 23h30 Atualizada há 3 anos
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: cidadessustentaveis.org.br
O sistema de coleta e tratamento de esgoto, apontado como o maior problema ambiental por moradores do Nordeste (37%). Foto: Reprodução internet pontocritico.org

O Instituto Cidades Sustentáveis, em parceria com o IPEC -- Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, divulgou na sexta-feira (27/5) os resultados da Pesquisa Cidades Sustentáveis: Consumo e Meio Ambiente. O levantamento inédito ouviu moradores das cinco regiões brasileiras sobre o impacto dos problemas ambientais no cotidiano das cidades e sobre, em que medida, seus hábitos de consumo interferem no desmatamento da Amazônia.

 

O sistema de coleta e tratamento de esgoto foi apontado como o maior problema ambiental para os moradores da Região Nordeste (37%), com dez pontos percentuais a mais do que a média nacional. No Sudeste o índice é ainda menor, sendo a principal preocupação de apenas 22% dos entrevistados.

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A pesquisa evidencia diferenças na percepção das pessoas em relação ao tema, dependendo da região do país onde a cidade está localizada. Os moradores de municípios das regiões Norte e Centro-Oeste, por exemplo, têm uma preocupação maior com o desmatamento em comparação com os habitantes de outras áreas do Brasil.

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Apontado por 20% dos moradores destas duas regiões, no Nordeste o desmatamento é compreendido como o maior problema ambiental por apenas 10% da população, mesmo índice do tema das queimadas.

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Hábitos de consumo e desmatamento

 

A pesquisa revela ainda uma contradição bastante interessante. Embora metade dos brasileiros (50% dos pesquisados) avalie que o desmatamento da Amazônia é “muito influenciado” pela atividade econômica das cidades que ficam longe dessa região e pelo hábito de consumo das pessoas que nelas vivem, o percentual que relaciona o problema ambiental com o seu próprio consumo é bem menor.

 

Apenas 25% dos pesquisados reconhecem que seu hábito de consumir carne bovina está “muito relacionado” com o desmatamento da Amazônia. Na Região Nordeste chega aos 70% dos entrevistados aqueles que relacionam pouco ou nada este consumo à derrubada da Amazônia.

 

Já em relação ao hábito de consumir “produtos derivados da madeira”, mais da metade da população têm dificuldade de fazer a relação direta com o desmatamento da Amazônia (41%), mesmo valor do recorte Nordeste. Na Região Sul o índice cai para 36%.

 

Confira aqui os dados completos da Pesquisa Nacional: Meio Ambiente.

 

Sobre a pesquisa

 

Promovida pelo Instituto Cidades Sustentáveis -- organização responsável pelo Programa Cidades Sustentáveis e Rede Nossa São Paulo -- e realizada pelo IPEC -- Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, a Pesquisa Nacional: Meio Ambiente contempla 2.000 entrevistas em 128 municípios, entre os dias 1 e 5 de abril de 2022.

 

Foram entrevistados integrantes da população brasileira, de 16 anos ou mais, e a margem de erro do levantamento é de 2 (dois) pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. O nível de confiança estimado e de 95%.

 

 

Crescimento do rebanho bovino na Amazônia

 

O que talvez muitos pesquisados não saibam é que, desde a década de 1970, o rebanho bovino cresceu mais de 980% nos municípios localizados na Amazônia Legal, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Comparativamente, nas cidades brasileiras localizadas em outras regiões, o aumento registrado foi de 49%.


Segundo o instituto, em 1974, o número de cabeças de gado na Amazônia Legal era de 8,5 milhões, o que representava menos de 10% do rebanho nacional. A quantidade saltou para 93 milhões em 2020, ou seja, quase 43% dos bovinos existentes no país, que somavam 218 milhões.

 

A cidade líder do ranking no Brasil, São Félix do Xingu, no Pará, ganhou mais 2,7 milhões de bois apenas em 2020, um crescimento de 5,4% em relação ao ano anterior. Não por coincidência, a cidade também é líder nacional em emissões de carbono e está no topo dos municípios que mais desmatam no país. 

 

@cidadessustentaveis.org.br