Cidades BELÉM EM ORDEM
População aprova combate a poluição sonora causada por motocicletas
Há pelo menos cinco anos, o comerciante José Pereira, de 77 anos, enfrentanoites mal dormidascausadas pelobarulho excessivo de motocicletascom oesc...
18/05/2025 09h56
Por: Redação Fonte: Agência Belém

Há pelo menos cinco anos, o comerciante José Pereira, de 77 anos, enfrentanoites mal dormidascausadas pelobarulho excessivo de motocicletascom oescapamento adulteradoque trafegam todas as noites na rua Dr. Freitas,na Sacramenta, onde José mora há 25 anos. 

“Começa umas22h e vai até de madrugada. São umas dez motos, depois vem outra turma e elesperturbam muito o meu sono e de minha esposa. O barulho é muito alto porque as motos não têm escapamento. Nofinal de semana é ainda pior, o barulho aumenta mais”, desabafa Pereira. 

Apesar do comerciante e da esposa dele sofrerem há anos com o problema, José confessa quenunca denunciouos condutores. “A gente sempre se incomodou, mas não tem para quem recorrer, e searrumar briga com eles é ainda pior. Agora que estou sabendo que a prefeitura está tomando providências em relação a essa situação.Tenho esperança”, diz o comerciante. “Estou até surpreso que algumagestão está finalmente olhando para essa questão”, acrescenta. 

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Morador da Sacramenta, o comerciante José Pereira enfrenta há anos noites sem dormir por conta do barulho causado por motocicletas e está satisfeito com ações contra esse tipo de infração - Crédito: Leandro Neves

A poluição sonora urbana é um dos principaisfatores de estressenas grandes cidades e tem efeitos diretos na saúde física e mental da população. Em Belém, motociclistas que adulteram os escapamentos dos veículos para produzir barulho pelas ruas da cidade têm contribuído significativamente para o problema no trânsito da cidade. É o que explica o Secretário Municipal de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade (Segbel), Cláudio Luciano Monteiro de Oliveira. “Aproximadamente 70% das infrações de trânsito são praticadas por veículos de duas rodas, e a adulteração dos escapamentos está entre elas”, relata. 

Bem-estar da população

Para restabelecer a ordem urbana e garantir o bem-estar da população, o Programa Belém em Ordem, iniciativa da Prefeitura de Belém, realizada por meio da Segbel, temintensificado as fiscalizaçõese mirado em motocicletas com os escapamentos adulterados nas ruas. Na última quarta-feira (14), umamegaoperação destruiu mil escapamentos adulterados de motocicletas apreendidas em fiscalizações. A ação ocorreu no pátio de Retenção de Veículos da Segbel, no bairro da Marambaia, e foi acompanhado de perto pelo prefeito Igor Normando.

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A ação municipalrepercutiu e moradores de diversos bairros aprovam a iniciativa. Na Pedreira, Ana Júlia Cardoso, de 25 anos,sofre com a famíliapor causa do barulho e espera que a ação coíba, de vez, esse tipo de infração. 

“Até por questão derespeito à população. Moro com a minha avó, de81 anos, quenão consegue descansar, porque essas motos passam fazendo um barulho muito alto. E ainda tem umamãe com a sua filha neném, que mora comigo, que se assusta muito com o barulho. Quando as motos passam de madrugada, aneném chorae começa a gritar, aítodo mundo acorda. O sono de todo mundo lá em casa é bem prejudicado”, relata Ana. 

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A jovem Ana Júlia Cardoso mora na Pedreira e diz o barulho das motos com escapamentos adulterados afeta a saúde da avó dela, de 81 anos, e de um bebê - Crédito: Leandro Neves

Infração

Motociclistas que adulteram os escapamentos dos veículos para produzir barulhoinfringem diversas leis, como o Código de Postura do Município de Belém e o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). 

De acordo com o secretário da Segbel, a legislação de trânsito prevêpenalidadespara as pessoas que fazem adulteração do escapamento de suas motos. “Nós realizamos aretenção do veículoaté que o problema seja resolvido, ou seja, a moto só sai do nosso pátio após a troca do escapamento. E também há aaplicação de multapara esse condutor”, explica Oliveira.

Belém em Ordem: escapamentos irregulares foram alvos de operação - Crédito: Leandro Neves

A professora Carmem Cunha, de 55 anos, mora no Marco desde que nasceu e também testemunha o desrespeito de muitos motociclistas não só no bairro dela. “Eu dirijo e ouço essebarulho ensurdecedor em todos os lugaresda cidade. É no momento que estou dirigindo que as motos me incomodam mais, porquevocê não tem pazem rua nenhuma. Mesmo com o vidro fechado, o barulho das motos é muito alto e desconcentra, e issopode causar acidentes, atropelamentos, uma série de perigos. A ação da prefeitura está perfeita”, opina a professora. 

Carmem mora próximo ao hospital Porto Dias e também relata que já visitou um parente internado no local e notou que as motos também incomodam os pacientes. “Quando estive por lá dava para escutar as motos sem escapamento, o que é um absurdo. Ohospital é um local que deve ter silêncioabsoluto, é um local de tratamento,tem que ter respeito”, completa a moradora. 

Segundo Luciano, a Prefeitura de Belém está atenta à situação e, por isso, há um direcionamento da fiscalização específica para motocicletas. O secretário ressalta que não há nenhuma discriminação em relação aos motociclistas e aqueles que cumprem a lei podem dirigir sem preocupação de serem incomodados. “Agora os que não cumprem a lei, nós vamos aumentar ainda mais a fiscalização”, adverte.