Quando recebeu o diagnóstico de hipertensão e pré-diabetes há quatro anos, a pedagoga Lady Maria Paes, de 46 anos, decidiu não esperar pelos sintomas para agir. Procurou a unidade de saúde do seu bairro, se cadastrou noPrograma Hiperdia, passou a ter acompanhamento médico regular e incorporou hábitos mais saudáveis à sua rotina. Hoje, ela integra também o grupo de atividades físicas da unidade, iniciativa que une cuidado com o corpo e fortalecimento dos laços sociais.
“Acho quea gente precisa desmistificar que diabetes e hipertensão são doenças que atingem só os idosos. Eu comecei meu acompanhamento ainda jovem e hoje, com uma boa alimentação, atividade física e o apoio da equipe médica, consigo manter tudo sob controle. E as atividades ao ar livre ainda ajudam muito na saúde mental pela interação com outras pessoas”, relatou Lady Maria.
Histórias como a dela são lembradas e celebradas neste17 de maio, Dia Mundial de Combate à Hipertensão Arterial, data que reforça aimportância da conscientização, do diagnóstico precoce e do tratamento contínuo dessa condição crônica, muitas vezes silenciosa, mas com alto potencial de risco à saúde cardiovascular.
Em Belém,o cuidado com a população hipertensa é uma prioridade da Prefeitura, que por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) desenvolve, nas unidades básicas de saúde (UBSs), ações contínuas de promoção, prevenção e controle da doença, principalmente com o Programa Hiperdia, voltado ao acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial e diabetes mellitus.
Mais de 160 mil pessoas estão atualmente em acompanhamento contínuo pelo Hiperdia na rede municipal de saúde. Dessas, aproximadamente110 mil são pacientes hipertensos, que recebem assistência regular dentro das UBSs.
Na UBS da Providência, onde é atendida, a aposentada Maria Helena Ribeiro, de 63 anos, também comemora os resultados do acompanhamento que faz há cinco anos.
“Aqui eu sou bem acolhida, bem tratada.Recebo os medicamentos pelo programa, tenho acompanhamento médicoe consigo manter minha pressão estabilizada. Já temos essa doença crônica, então é fundamental contar com esse suporte que a prefeitura oferece”, afirmou.
Para marcar a data, a Sesma iniciou na sexta-feira, 16, na UBS da Providência, umaação educativa com serviços gratuitosà população, como aferição de pressão arterial, medição de glicemia, orientações nutricionais e rodas de conversa com profissionais de saúde.
A iniciativa, que seráampliada para todas as unidades, reforça o compromisso da gestão municipal com o cuidado integral e com a informação como ferramenta de prevenção.
A coordenadora da Referência Técnica de Doenças Crônicas Não Transmissíveis da Sesma, Maria Fernanda Costa, lembra que a hipertensão nem sempre apresenta sintomas visíveis e, por isso, exige atenção redobrada.
“A hipertensão é uma doença silenciosa, que nem sempre apresenta sintomas. Por isso é fundamental fazer aferições regulares de pressão arterial, mesmo quando se está jovem e aparentemente saudável. Ainda há a ideia de que hipertensão é algo exclusivo de idosos ou de gestantes, mas não é. A prevenção começa com a informação e com a busca ativa por cuidados nas unidades de saúde”, afirmou.
Ela também destacou a importância doDia Mundial da Hipertensão Arterial como um movimento essencial de conscientização. Para a profissional, a data é uma oportunidade de reforçar o cuidado preventivo e o acesso à informação.
“É um dia muito significativo para nós, profissionais da saúde. Ainda existem muitas dúvidas sobre o uso correto de medicamentos e sobre como controlar a hipertensão na rotina. Pensamos essa iniciativa justamente para isso:levar informação qualificada à população, incentivar o acompanhamento regular nas unidades de saúde e promover hábitos saudáveis, como a alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas”, completou Maria Fernanda.
O Hiperdia é um programa do Sistema Único de Saúde (SUS) coordenado pela Atenção Primária, que tem como objetivo o controle e a melhoria da qualidade de vida de pessoas com hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus, com suporte médico, nutricional e educacional.
Para se cadastrar no programa, bastaprocurar a unidade de saúde mais próxima da residência, levando o laudo médico que comprove a condição de hipertensão ou diabetes, uma receita médica atualizada, comprovante de residência, cartão do SUS e documento de identidade com RG e CPF.
Além do acompanhamento clínico, osusuários têm acesso a medicamentos gratuitos e a atividades complementares, como participação em grupos de educação em saúde e práticas corporais, que têm contribuído significativamente para a adesão ao tratamento e o bem-estar dos pacientes.