Lídia foi artista visual. Também compositora, contestadora, pioneira. E essa vida de dedicação às artes a tornou eterna. Celebrando os 125 anos de seu nascimento a Fundação de Cultura abriu na noite desta segunda-feira (12 de maio), no Museu da Imagem e do Som, a mostra “As várias faces de Lidia Baís”. Gratuita, a exposição conta com 15 pinturas e 10 discos com composições da artista.
A exposição faz parte da programação da Semana de Museus e celebra a integração entre o Museu de Arte Contemporânea (Marco), que mantém e conserva o acervo artístico de Lídia Baís e o Museu da Imagem e do Som, que recebe em seu renovado espaço obras de grande relevância histórica.
Entre as pinturas que podem ser visitadas no MIS estão “Auto Retrato (Simboliza-Trindade)”, “Virgem com Cruz” e “Micróbio da Fuzarca”, todas executadas com a técnica de óleo sobre tela. As peças revelam a sensibilidade, ousadia e a espiritualidade que marcam o estilo inconfundível da artista.
Surpresa musical
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Os discos foram gravados em saraus e eventos promovidos por Lídia e revelam uma faceta ainda pouco conhecida. Os álbuns, resguardados pelo MIS, são analisados e os áudios das músicas da artista passam por refinamento digital para, então, serem transcritos em partituras.
“Ao todo 10 discos estão sob a salvaguarda do MIS. São vinis raros e que precisam de muito cuidado no manuseio. Por isso é importante que as músicas de Lídia Baís sejam recuperadas, transcritas e registradas, garantindo os direitos de sua autoria”, explica Márcio Veiga, diretor do Museu da Imagem e do Som.
Pioneirismo e atitude
Pioneira e multifacetada, Lídia Baís deixou um rico legado. Nascida em 22 de abril de 1900, em Campo Grande, desafiou as convenções sociais e culturais de sua época.
Filha do maestro Gabriel Baís, demonstrou desde cedo uma inclinação para as artes, estudando pintura no Rio de Janeiro (RJ) com renomados professores como Henrique Bernardelli e Oswaldo Teixeira. Sua busca por aprimoramento a levou a viagens pela Europa, onde teve contato com movimentos artísticos como o expressionismo e o surrealismo, influências perceptíveis em suas obras.
A produção artística de Lídia é marcada por temas místicos, religiosos e femininos, frequentemente explorando a dualidade entre o sagrado e o profano. Suas obras, como Auto Retrato (Simboliza-Trindade) e Virgem com Cruz, revelam uma profunda espiritualidade e uma crítica velada às normas sociais impostas às mulheres de sua época.
Segundo a arte-educadora do Marco, Patrícia Aguena, a exposição é um resgate da artista como figura central na construção da identidade artística regional. “Levar o acervo da Lídia para o MIS é uma forma de inseri-la novamente no espaço público e de reafirmar o protagonismo feminino na arte sul-mato-grossense”.
Serviço
A exposição vai até o dia 27 de junho e vai ficar aberta à visitação de segunda a sexta, das 7h30 às 17h30, no Museu da Imagem e do Som, que fica no 3º andar do Memorial da Cultura e da Cidadania, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, Centro.
A entrada é franca.
Marcio Breda, Comunicação Setesc
Fotos: Ricardo Gomes/Setesc