Internacional CONSEQUÊNCIAS
O FIM DOS ESTADOS UNIDOS COMO POTÊNCIA HEGEMÔNICA MUNDIAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS.
A economia dos Estados Unidos é, portanto, uma economia de guerra que é sinônimo da economia da morte.
28/04/2025 00h34
Por: Colunista Fonte: Fernando Alcoforado*
Foto: Divulgação / Autor

Este é o resumo do artigo de 11 páginas que tem por objetivo apresentar como ocorrerá o fim dos Estados Unidos como potência hegemônica mundial e suas consequências. Estudo do Institute for Policy Studies (Instituto de Estudos de Política) demonstra que o governo dos Estados Unidos gasta 62% do orçamento com guerras ou ações militarizadas em detrimento do investimento produtivo. Pesquisadores do Institute for Policy Studies elaboraram o dossiê “The Warfare State” (O Estado de guerra) que mostra como o financiamento do militarismo compromete o bem-estar da população norte-americana. Nesta pesquisa, constata-se a gritante desproporção das despesas de guerra dos Estados Unidos no orçamento de 2023 que destinou US$ 1,14 trilhão a gastos militares em um orçamento governamental de US$ 1,8 trilhão, ou seja, 62% do total. A economia dos Estados Unidos é, portanto, uma economia de guerra que é sinônimo da economia da morte. Os 62% de gastos militares do orçamento dos Estados Unidos tem como principal beneficiário sua indústria bélica que patrocina as guerras atuais como promoveu outras guerras no passado para ganhar dinheiro. Dos 10 maiores fabricantes de armas do mundo, seis são norte-americanas, sendo cinco delas líderes da indústria bélica mundial. Os Estados Unidos foi o país que apresentou o maior gasto militar do mundo (39% do total) em 2021.

Com 102 guerras em seu "currículo" belicoso, os Estados Unidos são, provavelmente, um dos países mais envolvidos em ações militares do mundo que começou com a anexação das terras do México a seu território. Não é coincidência que os Estados Unidos sejam um dos países mais beneficiados economicamente com os confrontos armados, já que os maiores fabricantes exportadores de armas do mundo são norte-americanos. Para além da venda de munição e armas, os Estados Unidos monetiza, também, com contratos de segurança e treinamento militar, o que faz com que muitos membros do Congresso estadunidense entendam as guerras como uma máquina de gerar emprego internamente e fazer dinheiro. A paz mundial, para os Estados Unidos, poderia lhe custar muito caro. No século XXI, a preparação para a guerra tornou-se mais central para os Estados Unidos do que jamais fora antes. No século XXI, os Estados Unidos estiveram envolvidos em vários conflitos militares e operações militares, incluindo o Afeganistão, o Iraque, a Síria e a Somália, entre outros. Fica evidente que, enquanto houver indústria bélica no mundo, as guerras continuarão a proliferar em todo o planeta. A paz no mundo só acontecerá quando houver a cessação da fabricação de armas no mundo com o fim da indústria bélica e o desarmamento de todos os países.

Desde a 2ª Guerra Mundial, os gastos militares se multiplicaram nos Estados Unidos e, impulsionados pela Guerra Fria e depois pelo 11 de setembro, nunca deixaram de crescer. A guerra tem sido utilizada, também, pelo governo dos Estados Unidos desde a 2ª Guerra Mundial como um esforço permanente para evitar a deterioração das condições econômicas ou crises monetárias do país, com o governo promovendo a expansão de serviços e empregos nas forças armadas e a expansão da indústria bélica que é a maior do mundo. Com quase 40% dos gastos militares em todo o mundo, os Estados Unidos ultrapassam o que os demais países juntos gastam nessa rubrica. A guerra permanente dos Estados Unidos sustentada pelo complexo industrial-militar canibalizou o país criando um pântano social, político e econômico. A economia de guerra permanente, implantada desde o fim da 2ª Guerra Mundial, contribuiu para o desperdício de trilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes americanos. Os gastos com o complexo industrial-militar contribuíram para elevar a dívida dos Estados Unidos a US$ 36 trilhões atualmente, US$ 7 trilhões a mais que o PIB do país de US$ 29 trilhões. Os Estados Unidos pagam um alto custo social, político e econômico por seu belicismo.

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A China ultrapassará os Estados Unidos nos planos econômico, tecnológico e militar não apenas por suas virtudes, mas sobretudo pela decadência dos Estados Unidos. A guerra comercial que o governo Trump dos Estados Unidos está desencadeando contra a China e o sistema econômico mundial globalizado poderá devastar as economias chinesa, norte-americana e global, destruindo o livre comércio entre países como ocorreu na 1ª Guerra Mundial e destruindo, também, o processo de globalização econômica e financeira. A segunda consequência da guerra comercial é a de que o dólar americano deixe de ser a moeda de reserva mundial, precipitando o colapso econômico dos Estados Unidos. Isso forçará a contração imediata do imperialismo norte-americano que será obrigado a fechar a maioria de suas quase 800 bases militares em pelo menos 80 países no exterior. A terceira e pior consequência é a de que a guerra comercial contra a China e, também contra a Rússia, aliada da China, poderá desencadear a 3ª Guerra Mundial que se constituiria no Armagedom, isto é, na guerra final, com a possibilidade de que os contendores aliados e oponentes dos Estados Unidos usem suas armas nucleares.

Como consequência da guerra comercial desencadeada pelo governo Trump, o dólar americano poderá deixar de ser a moeda de reserva mundial que resultará da falta de confiança provocada pela ausência de lastro da moeda, pelo declínio da economia norte-americana, pela possibilidade da explosão da bolha da dívida pública dos Estados Unidos e, também, pelo uso político do dólar como arma para impor a vontade política do governo norte-americano visando a manutenção da hegemonia dos Estados Unidos no plano mundial. O processo de desdolarização global segue avançando, com os Bancos Centrais de vários países desfazendo-se do dólar e adquirindo ouro. Além disso, vários países têm evitado o dólar para fugir do alcance da jurisdição americana. Países muito poderosos estão evitando o uso do dólar como a China, a Rússia e os da União Europeia que são alguns dos principais responsáveis pelo processo de desdolarização. A compra de ouro pelos Bancos Centrais de vários países está ocorrendo especialmente naqueles que preveem tensões geopolíticas com os Estados Unidos. Eles estão se refugiando no ouro como principal reserva de valor. A China vem vendendo títulos do governo dos Estados Unidos para adquirir ouro. Até mesmo pessoas físicas, em geral muito ricas, também estão sendo aconselhadas pelo Goldman Sachs e estão comprando ouro. Além de haver aumento da demanda de ouro para substituir o dólar como reserva internacional, há a tendência de substituir o dólar por moedas mundiais capazes de substituí-lo como, por exemplo, o Euro e o Yuan chinês. A situação atual do dólar é insustentável.

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As reservas internacionais em dólares vêm declinando de 2014 até o momento atual. Em 2014, as reservas em dólar correspondiam a 66% do total das reservas internacionais, em 2018, 61,7% e, em 2025, caiu ainda mais para 57,8%, que é o nível mínimo nos últimos 20 anos, demonstrando a falta de confiança no dólar. Esta perda de confiança resulta do fato de a atual crise econômica mundial mostrar que um sistema monetário como o norte-americano baseado em papel-moeda, emitido livremente e sem lastro pelo governo dos Estados Unidos, é algo inerentemente instável cujas inevitáveis consequências desse processo são o crescimento econômico artificial, a euforia e os maus investimentos que tal crescimento gera, e, finalmente, as depressões econômicas. A tendência é a dívida pública dos Estados Unidos crescer ainda mais com o aumento dos gastos militares. Especialistas especulam que, caso esta situação se agrave, o país enfrentará uma crise em grande escala comparável à Grande Depressão dos anos 1930. Caso a economia global não seja capaz de digerir a gigantesca dívida dos Estados Unidos financiando-a, a crise subsequente levará o mundo à depressão econômica, à pobreza extrema em massa, instabilidade geopolítica, agitação política e guerras.  O mundo caminha para uma crise mais grave do que a grande recessão de 2008 com magnitude semelhante ou pior do que a depressão de 1929. É importante destacar que a depressão da economia mundial eclodida em 1929 nos Estados Unidos só foi superada graças à 2ª Guerra Mundial que demandou vultosos investimentos na indústria bélica. A 3ª Guerra Mundial com investimentos na indústria bélica seria a solução para superar a depressão econômica que deve resultar da crise atual?

A emergência da China como uma superpotência é inevitável e conflitos de interesses com os Estados Unidos serão incontornáveis. Uma confrontação militar entre os Estados Unidos e a China está em processo de preparação pelos Estados Unidos com a constituição do QUAD (Diálogo de Segurança Quadrilateral formado pelos Estados Unidos, Austrália, Japão e Índia) e da AUKUS (aliança militar tripartite formada pela Austrália, Reino Unido e Estados Unidos), enquanto a China adota medidas visando seu fortalecimento militar com o aumento constante dos seus gastos militares.  O mundo está se aproximando de um conflito militar catastrófico no Pacífico entre a China e os Estados Unidos e seus aliados com a possibilidade de eclosão da 3ª Guerra Mundial. Para evitar a eclosão da 3ª Guerra Mundial, os governantes e povos do mundo inteiro amantes da paz mundial deviam se mobilizar para, de início, constituir um poderoso movimento mundial em defesa da paz mundial através de um Fórum Mundial pela Paz e pelo Progresso da Humanidade a ser constituído por organizações da Sociedade Civil e governos de todos os países do mundo amantes da paz mundial. Neste Fórum deveriam ser debatidos e estabelecidos os objetivos e estratégias de constituição de um governo mundial para tornar realidade um mundo de paz e de progresso para toda a humanidade. Este seria o caminho que tornaria possível transformar a utopia do governo mundial em realidade. Sem a constituição de um governo mundial democrático, o cenário que se descortina para o futuro da humanidade será o de desordem econômica, política e social, da guerra de todos contra todos, e de extinção da espécie humana com o uso de armas nucleares pelos países contendores pelo poder mundial.

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Para assistir o vídeo, acessar o website https://www.youtube.com/watch?v=R2bUSOaCscs

Para ler o artigo de 11 páginas em Português, Inglês e Francês, acessar os websites do Academia.edu <https://www.academia.edu/129021811/O_FIM_DOS_ESTADOS_UNIDOS_COMO_POT%C3%8ANCIA_HEGEM%C3%94NICA_MUNDIAL_E_SUAS_CONSEQU%C3%8ANCIAS>, <https://www.academia.edu/129021885/THE_END_OF_THE_UNITED_STATES_AS_A_WORLD_HEGEMONIC_POWER_AND_ITS_CONSEQUENCES> e <https://www.academia.edu/129021926/LA_FIN_DES_%C3%89TATS_UNIS_EN_TANT_QUE_PUISSANCE_H%C3%89G%C3%89MONIQUE_MONDIALE_ET_SES_CONS%C3%89QUENCES>, do SlideShare <https://pt.slideshare.net/slideshow/o-fim-dos-estados-unidos-como-potencia-hegemonica-mundial-e-suas-consequencias-pdf/278435746>, <https://pt.slideshare.net/slideshow/the-end-of-the-united-states-as-a-world-hegemonic-power-and-its-consequences-pdf/278435791> e <https://pt.slideshare.net/slideshow/la-fin-des-etats-unis-en-tant-que-puissance-hegemonique-mondiale-et-ses-consequences-pdf/278435839> e do Linkedin <https://www.linkedin.com/pulse/o-fim-dos-estados-unidos-como-pot%C3%AAncia-hegem%C3%B4nica-e-suas-alcoforado-xnugf/?trackingId=gLwu28fs6ivA4emw7ShGww%3D%3D>, <https://www.linkedin.com/pulse/end-united-states-world-hegemonic-power-its-fernando-a-g-alcoforado-fax2f/?trackingId=AM91sfcSGOMs6etfqpVUJQ%3D%3D> e <https://www.linkedin.com/pulse/la-fin-des-%C3%A9tats-unis-en-tant-que-puissance-mondiale-et-alcoforado-lw09f/?trackingId=hoecrRbQNbXJVdFA3kjhTQ%3D%3D>.

  • Fernando Alcoforado, 85, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, do IPB- Instituto Politécnico da Bahia e da Academia Baiana de Educação, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017),  Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) e How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024).  
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