Economia Sanções
COMO A CHINA DERROTARÁ OS ESTADOS UNIDOS NA GUERRA COMERCIAL.
O conflito teve início em 2017, quando o então presidente norte-americano Donald Trump tarifou produtos chineses e deu continuidade ao retornar ao poder em 2023.
23/04/2025 22h16
Por: Colunista Fonte: Fernando Alcoforado*
Foto: NeoFeed.webp

Este é o resumo do artigo de 6 páginas que tem por objetivo mostrar como a China derrotará os Estados Unidos na guerra comercial desencadeada pelo presidente Donald Trump. A guerra comercial é como ficou conhecida a disputa econômica entre os Estados Unidos e a China. O conflito teve início em 2017, quando o então presidente norte-americano Donald Trump tarifou produtos chineses e deu continuidade ao retornar ao poder em 2023 ao tarifar produtos chineses em 145%. O objetivo da guerra comercial de Trump consiste em estimular a compra de produtos nacionais, aumentando assim a criação de empregos nos Estados Unidos. Com o argumento de que busca proteger os produtores norte-americanos e reverter o déficit comercial que os Estados Unidos têm, em especial com a China, o presidente Donald Trump anunciou um tarifaço que atingiu todos os países do mundo.

O objetivo de Trump é dificultar a chegada de produtos produzidos em outros países do mundo para os Estados Unidos, principalmente os oriundos da China para estimular sua produção interna. A ideia central do presidente Trump é fazer com que os produtos chineses fiquem mais caros dentro dos Estados Unidos fazendo com que a população opte por comprar produtos nacionais. O governo da China, por sua vez, reagiu a esses anúncios do governo Trump com retaliações tarifárias ao impor também tarifas de 125% sobre produtos norte-americanos.  O governo da China ordenou que suas companhias aéreas não aceitem mais recebimento de jatos Boeing em resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 145% sobre os produtos chineses. As ações da Boeing, que vê a China como um de seus maiores mercados em crescimento e onde a rival Airbus detém uma posição dominante, caíram 3% antes da abertura dos mercados.

O governo da China ordenou, também, que as companhias aéreas chinesas suspendam as compras de equipamentos e peças relacionadas a aeronaves de empresas norte-americanas. As companhias aéreas da China consideram alternativas à Boeing, como a Airbus e a fabricante nacional COMAC. Além da retaliação tarifária contra os Estados Unidos, a China deverá, muito provavelmente, reduzir suas tarifas para o resto do mundo para compensar a perda do mercado dos Estados Unidos aumentando os subsídios à exportação. Uma das medidas mais recentes adotadas pela China foi a imposição de tarifas zero a 43 países menos desenvolvidos, ou PMDs, que estabeleceram relações diplomáticas com a China. Essa medida foi tomada no final de 2024.

Continua após a publicidade
google.com, pub-9319522921342289, DIRECT, f08c47fec0942fa0

A China, que monopoliza 80% da produção mundial de terras raras, poderá utilizá-las como arma de guerra comercial. É importante observar que terras raras são um grupo de 17 elementos químicos que são utilizados em diversas tecnologias, como a de veículos elétricos, turbinas eólicas e celulares. A China produz 90% dos quase 200 mil toneladas por ano de ímãs de terras raras, que são muito mais poderosos do que ímãs de ferro convencionais. O Japão produz a maior parte do restante e a Alemanha produz uma quantidade ínfima também, mas dependem da China para as matérias-primas. China interrompeu exportações de minerais críticos para o mundo todo em retaliação aos Estados Unidos após a guerra comercial se intensificar.

A China suspendeu as exportações de uma ampla gama de minerais e ímãs críticos, ameaçando cortar o fornecimento de componentes centrais para montadoras, fabricantes aeroespaciais, empresas de semicondutores e contratantes militares em todo o mundo. Os embarques dos ímãs, essenciais para a montagem de tudo, desde carros e drones até robôs e mísseis, foram interrompidos em muitos portos chineses enquanto o governo chinês elabora um novo sistema regulatório. Uma vez implementado, o novo sistema regulatório poderia impedir permanentemente que os suprimentos d e terras raras cheguem a certas empresas, incluindo contratantes militares americanos. O governo da China estabeleceu restrições à exportação de seis metais pesados de terras raras, que são refinados inteiramente na China, bem como ímãs de terras raras, 90% dos quais são produzidos na China. Os metais e ímãs especiais feitos com eles agora só podem ser enviados para fora da China com licenças especiais de exportação.

Continua após a publicidade
google.com, pub-9319522921342289, DIRECT, f08c47fec0942fa0

Se fábricas em Detroit nos Estados Unidos e em outros lugares do mundo ficarem sem ímãs poderosos de terras raras, isso poderia impedi-las de montar carros e outros produtos com motores elétricos que requerem esses ímãs. As empresas variam amplamente no tamanho de seus estoques de emergência para tais contingências, então o momento das interrupções na produção é difícil de prever. Os chamados metais pesados de terras raras cobertos pela suspensão de exportação são usados em ímãs essenciais para muitos tipos de motores elétricos. Esses motores são componentes cruciais de carros elétricos, drones, robôs, mísseis e espaçonaves. Carros movidos a gasolina também usam motores elétricos com ímãs de terras raras para tarefas críticas, como direção.

Os metais de terras raras também são usados em produtos químicos para fabricação de motores a jato, lasers, faróis de carros e certas velas de ignição. Esses metais de terras raras são ingredientes vitais em capacitores, que são componentes elétricos dos chips de computador que alimentam servidores de inteligência artificial e smartphones. Os ímãs de terras raras representam uma pequena parcela das exportações totais da China para os Estados Unidos e outros países. Assim, interromper os embarques causa dor econômica mínima na China, enquanto tem potencial para grandes efeitos nos Estados Unidos e em outros países. Funcionários da alfândega chinesa estão bloqueando exportações de metais pesados de terras raras e ímãs não apenas para os Estados Unidos, mas para qualquer país, incluindo Japão e Alemanha. As restrições de exportação chinesas de terras raras começaram a entrar em vigor antes de o governo Trump anunciar que isentaria muitos tipos de eletrônicos de consumo da China de suas últimas tarifas. As exportações de ímãs continuaram bloqueadas durante o fim de semana.

Continua após a publicidade
google.com, pub-9319522921342289, DIRECT, f08c47fec0942fa0

Além da retaliação tarifária contra os Estados Unidos e da não exportação de minerais estratégicos para os Estados Unidos, como as terras raras e ímãs de terras raras, a China conta, também, com armas financeiras e tecnológicas para vencer os Estados Unidos na guerra comercial. Muito provavelmente, a China utilizará como arma financeira na guerra comercial com os Estados Unidos desvalorizar a sua moeda (Yuan) para baratear os produtos chineses e estimular a exportação da China para mercados fora dos Estados Unidos. A China, o segundo maior detentor estrangeiro da dívida dos Estados Unidos, com aproximadamente US$ 816 bilhões em sua posse, atrás do Japão, está se desfazendo dos títulos públicos norte-americanos e comprando ouro para lançar seu próprio sistema de precificação do ouro em Yuan.

No contexto da guerra comercial e financeira entre os Estados Unidos e a China, foi criado um sistema de pagamento alternativo não baseado em dólar que está tomando forma na Ásia e o ouro provou ser uma arma financeira eficaz. Esta situação está contribuindo para a construção de novos sistemas bancários e de pagamentos baseados no ouro em substituição ao dólar. A China está consolidando sua posição como uma potência no mercado de ouro. O Banco Central da China vem elevando suas reservas de ouro, aumentando continuamente seu estoque. Desde 2009, a China tem se empenhado persistentemente na aquisição de ouro físico. Em 2023, sob o comando da China, os bancos centrais globais intensificaram a compra de ouro em uma tentativa de diversificar suas reservas longe do dólar americano.

Além de elevar suas reservas de ouro, a China criou sua moeda digital como uma das estratégias para acabar com a dependência do dólar. Trata-se de uma criptomoeda apoiada por seu banco central, algo que analistas afirmam ter ampliado a liderança da China na corrida global para o desenvolvimento de dinheiro digital por parte de bancos centrais. O Yuan digital é provavelmente a mais avançada das iniciativas de criação de moedas digitais dos bancos centrais do mundo até agora. As moedas digitais do banco central da China fornecem uma forma pública de pagar e armazenar dinheiro digitalmente. O Yuan digital pode funcionar para pagamento de produtos. Na guerra comercial e financeira contra os Estados Unidos, a China tem como um dos seus objetivos internacionalizar sua moeda como alternativa ao dólar e o Yuan digital poderá ajudar nisso.

Além das armas financeiras, a China utiliza armas tecnológicas na guerra comercial contra os Estados Unidos. O rápido crescimento econômico da China tem sido impulsionado principalmente pelo progresso e investimento em tecnologia. A China mostra excepcional inovação tecnológica local. Não por acaso, as empresas chinesas já estão liderando o caminho tecnológico das redes móveis 5G e, também, das futuras redes móveis 6G que deverão ocorrer em 2030 e sua capacidade é elevada para desencadear uma guerra cibernética com os Estados Unidos.  A China está seguindo seu próprio caminho demonstrando que sistemas políticos centralizados e planejados são capazes de impulsionar mais e mais rapidamente o desenvolvimento do que sistemas baseados no livre mercado. A China pode liderar o futuro digital mesmo se os Estados Unidos tentarem impedir que isto aconteça. No que diz respeito à guerra tecnológica entre China e Estados Unidos, são citados, por exemplo, dois campos de conflito: Tecnologia 5G e Inteligência Artificial (IA).

A China lançou um programa de incentivo à Inteligência Artificial. O plano do governo chinês declara como objetivos explorar esta oportunidade estratégica e ser pioneiro para construir uma vantagem competitiva no desenvolvimento da IA, ou seja, deixar de ser replicadora e assumir a liderança nessa tecnologia de ponta. A era iminente das máquinas inteligentes pode ser um ponto de virada a favor da China na batalha pela hegemonia global com os Estados Unidos. Não há dúvidas de que o país que exercer a liderança em Inteligência Artificial poderá levá-lo à conquista do poder mundial. Quem conquistar uma vantagem decisiva, poderá usar os avanços em IA para minar o poder econômico ou militar de seus oponentes.

Pelo exposto, conclui-se que as armas comerciais, financeiras e tecnológicas da China deverão sobrepujar os Estados Unidos que desencadeou a guerra comercial com o governo Trump contra todos os países do mundo e muito especialmente contra a China. Hoje, os Estados Unidos têm a maior economia do mundo e a China, a segunda. Por isso, se os dois países sofrerem consequências negativas na guerra comercial desencadeada pelos Estados Unidos, o temor é que outros países e a economia global como um todo possam ser impactados negativamente, em uma reação em cadeia, prejudicando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global e o comércio internacional. A economia dos Estados Unidos corre o risco de recessão. A guerra comercial só faz aumentar este problema para o governo dos Estados Unidos. A guerra comercial afeta, também, a produção industrial da China e pode levar o mundo à terceira grande depressão da história.

Enquanto a China e os Estados Unidos estão travando sua guerra comercial, a China avança rumo à sua supremacia econômica e tecnológica global no século XXI. Afinal, com uma população quatro vezes maior do que a dos Estados Unidos e um plano de governo projetado para recuperar o atraso após séculos de estagnação tecnológica, é inevitável que a China assuma definitivamente a responsabilidade de ser a potência econômica hegemônica do planeta em substituição aos Estados Unidos. O rápido crescimento da China tem sido impulsionado principalmente pelo progresso e investimento em tecnologia. A China, ao contrário da ex-União Soviética, mostrou excepcional inovação tecnológica local. A China está seguindo seu próprio caminho demonstrando que sistemas políticos centralizados são capazes de impulsionar mais e mais rapidamente o desenvolvimento do que alguém poderia imaginar. A era iminente das máquinas inteligentes pode ser um ponto de virada a favor da China na batalha pela hegemonia global com os Estados Unidos.

Para assistir o vídeo, acessar o website https://www.youtube.com/watch?v=MqUQpCyWMiM&t=1s

Para ler o artigo de 6 páginas em Português, Inglês e Francês, acessar os websites do Academia.edu <https://www.academia.edu/128875247/COMO_A_CHINA_DERROTAR%C3%81_OS_ESTADOS_UNIDOS_NA_GUERRA_COMERCIAL>, <https://www.academia.edu/128875312/HOW_CHINA_WILL_DEFEAT_THE_UNITED_STATES_IN_THE_TRADE_WAR> e <https://www.academia.edu/128875337/COMMENT_LA_CHINE_VAINCRA_LES_%C3%89TATS_UNIS_DANS_LA_GUERRE_COMMERCIALE>, do SlideShare <https://pt.slideshare.net/slideshow/como-a-china-derrotara-os-estados-unidos-na-guerra-comercial-pdf/278137244>, <https://pt.slideshare.net/slideshow/how-china-will-defeat-the-united-states-in-the-trade-war-pdf/278137307> e <https://pt.slideshare.net/slideshow/comment-la-chine-vaincra-les-etats-unis-dans-la-guerre-commerciale-pdf/278137381> e do Linkedin <https://www.linkedin.com/pulse/como-china-derrotar%C3%A1-os-estados-unidos-na-guerra-alcoforado-qsggf/?trackingId=eyBS%2FehZ2RqTB6ZmXSa01Q%3D%3D>, <https://www.linkedin.com/pulse/how-china-defeat-united-states-trade-war-fernando-a-g-alcoforado-jdonf/?trackingId=41gTLYHGSlX7WDTzyJAFVA%3D%3D> e <https://www.linkedin.com/pulse/comment-la-chine-vaincra-les-%C3%A9tats-unis-dans-guerre-alcoforado-dkxof/?trackingId=1Huxs5o6RW83UivPxm3a4Q%3D%3D>.

  • Fernando Alcoforado, 85, condecorado com a Medalha do Mérito da Engenharia do Sistema CONFEA/CREA, membro da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, do IPB- Instituto Politécnico da Bahia e da Academia Baiana de Educação, engenheiro pela Escola Politécnica da UFBA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário (Engenharia, Economia e Administração) e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, foi Assessor do Vice-Presidente de Engenharia e Tecnologia da LIGHT S.A. Electric power distribution company do Rio de Janeiro, Coordenador de Planejamento Estratégico do CEPED- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Secretário do Planejamento de Salvador, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016), A Invenção de um novo Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017),  Esquerda x Direita e a sua convergência (Associação Baiana de Imprensa, Salvador, 2018, em co-autoria), Como inventar o futuro para mudar o mundo (Editora CRV, Curitiba, 2019), A humanidade ameaçada e as estratégias para sua sobrevivência (Editora Dialética, São Paulo, 2021), A escalada da ciência e da tecnologia ao longo da história e sua contribuição ao progresso e à sobrevivência da humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2022), de capítulo do livro Flood Handbook (CRC Press, Boca Raton, Florida, United States, 2022), How to protect human beings from threats to their existence and avoid the extinction of humanity (Generis Publishing, Europe, Republic of Moldova, Chișinău, 2023), A revolução da educação necessária ao Brasil na era contemporânea (Editora CRV, Curitiba, 2023), Como construir um mundo de paz, progresso e felicidade para toda a humanidade (Editora CRV, Curitiba, 2024) e How to build a world of peace, progress and happiness for all humanity (Editora CRV, Curitiba, 2024).  
  •