Cidades SEMANA SANTA 2025
Malhação de Judas agita bairro da Cremação no sábado de Aleluia
A tradicional festividade de Malhação de Judas celebra 85 anos agitando o sábado de Aleluia, na rua Fernando Guilhon, no bairro da Cremação, em Bel...
17/04/2025 23h21
Por: Redação Fonte: Agência Belém

A tradicional festividade de Malhação de Judas celebra 85 anos agitando o sábado de Aleluia, na rua Fernando Guilhon, no bairro da Cremação, em Belém. Na edição 2025 da festa, mais de uma dezena de bonecos confeccionados pelos moradores representarão temáticas consideradas impopulares pela comunidade como preconceito, racismo, homofobia e doenças como a dengue, por exemplo, deverão ser “malhadas” pelo público. As especulações sobre figurinhas e celebridades “negativadas” no mundo virtual estão soltas, mas ninguém arrisca um palpite e mantém segredo sobre o assunto.

A programação da Malhação do Judas 2025 abrirá nesta sexta (18), por volta das 19h, no tradicional “velório” do personagem e, no sábado (19), a brincadeira se inicia por volta das 9h com atividades de quebra-pote, corrida de saco entre outros, e vai até o meio-dia, com a malhação, hora em que os bonecos são espancados pelo público, em sua maioria crianças e jovens. A coordenação avisa que haverá pequenas quantias em dinheiro nas vestimentas dos bonecos, que este ano, estão com modelos diversos – passando pelo social terno e gravata e esportivos.  

A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Semcult), em parceria com outros órgãos da administração municipal e estadual, está garantindo apoio de segurança, trânsito, comércio ambulante e shows artísticos. A rua Fernando Guilhon, no perímetro da avenida Alcindo Cacela e até a Travessa 14 de Março, deverá ser fechada ao trânsito para garantir segurança ao público.

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A programação da Malhação de Judas em outros bairros, como Condor e Guamá, também receberão apoio para realização dos eventos. A expectativa é reunir grande público para festa, considerando o feriadão de Sexta-feira da Paixão, sábado de Aleluia, Domingo de Páscoa e segunda-feira (21), dia de homenagear Tiradentes.   

Tradição

A festa da Malhação do Judas no bairro da Cremação iniciou na década de 1940 pelo morador Raimundo Flaviano da Silva, autor do primeiro boneco de pano simbolizando o apóstolo Judas Iscariotes que, segundo a tradição de origem católica foi o traidor de Jesus. Com o passar do tempo a brincadeira ganhou força já com Francisco Raimundo Neto, mais conhecido como “Quincas”, filho do idealizador da festa. 

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Ana Paula Holles, liderança comunitária e parte da organização da Malhação de Judas na Cremação - Crédito: Selma Amaral

De acordo com Ana Paula Holles, liderança comunitária da área, a festa da Malhação do Judas encontra raízes na cultura popular de Belém. “Por isso, precisamos mantê-la viva e estamos muito felizes por receber apoio da Prefeitura de Belém para realização do evento, que é único em nossa cidade”, contou ela, que conseguiu resumir a história da manifestação popular e publicar um projeto chamado Manifestações Culturais Populares: “A Malhação de Judas no Bairro da Cremação”, no qual ela defende a salvaguarda e a importância da manifestação cultura de rua. “Isso aqui é meu orgulho e gratidão ao seu Quincas que começou essa festa popular”, completou.

Malhação de Judas foi trazida ao Brasil pelos portugueses 

Programação lúdica e brincadeiras reúnem crianças, adolescentes e adultos - Crédito: MÁCIO FERREIRA / AG BELÉM

Segundo o historiador Brasilino Assaid Sfair da Costa, graduado pela Universidade Federal do Pará, as celebrações da chamada Semana Santa, que inicia com o Domingo de Ramos e vai até o Domingo de Páscoa, tem raízes pagãs e judaicas, como várias outras festividades cristãs, notadamente católicas. Dentre essas festividades, ainda segundo professor, encontra-se a Malhação de Judas que, mesmo popular, e presente em países das América do Sul e da Europa, não faz parte da liturgia católica.

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"A prática foi trazida pelos portugueses, ainda no período colonial, para o Brasil. Há vários registros da prática, em obras literárias ou em pinturas, por exemplo, como a do conhecido pintor francês Jean-Baptiste Debret, que a registrou em suas telas, na primeira metade do século XIX”, explica. A Malhação de Judas também já foi vista como ato de baderna e, por isso, sofreu repressão e migrou às periferias das cidades quase desaparecendo totalmente. Em Belém, o bairro da Cremação segue resistindo, realizando evento no Sábado de Aleluia, com mais de 70 anos de existência, segundo explicou o historiador Brasilino Assaid Sfair da Costa.

Programação

Malhação de Judas:

Fernando Guilhon, entre Quintino Bocaiúva e Alcindo Cacela:

Rua dos Tambés, entre Padre Eutiquio e Apinagés:

Travessa Honório José dos Santos, entre Fernando Guilhon e São Miguel - 20/04, de 12h às 21h

Paixão de Cristo:

Avenida Cipriano Santos, entre Guerra Passos e Francisco Monteiro - 16 e 18/04, a partir das 18h30

Avenida Castelo Branco, esquina com a Conselheiro Furtado - 18/04, a partir das 19h

Texto: Selma Amaral - Semcult