A Escola Municipal Luiz Antonio Fleury Filho, no bairro Egydio Zani, desenvolveu um projeto especial com os alunos do 5º ano para marcar o Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril. A proposta, idealizada pela professora Roselaine Batista da Silva, promoveu uma abordagem interdisciplinar e crítica sobre a história e a diversidade dos povos indígenas no Brasil.
“Esse projeto surgiu da necessidade de ir além do conteúdo apresentado pelos livros didáticos, que muitas vezes não mostram a diversidade das etnias e saberes indígenas”, explica Roselaine. A professora buscou apoio em autores indígenas — como Ailton Krenak e Daniel Munduruku — e propôs aos alunos um novo olhar para os acontecimentos de 1500, priorizando a perspectiva de quem já vivia no território brasileiro antes da chegada dos portugueses.
Durante as aulas, os estudantes participaram de rodas de conversa, leitura de textos, produção de tirinhas, interpretação de mapas e atividades práticas, como a confecção de maquetes representando aldeias indígenas, com o apoio das famílias. “O projeto não é só de história. Ele envolveu língua portuguesa, geografia, artes, ensino religioso e, principalmente, educação em valores, como o respeito aos povos originários e aos mais velhos, que têm papel fundamental na tradição oral indígena”, completa a professora.
Entre os trabalhos apresentados, a aluna Luiza Fernandes, de 10 anos, destacou a importância de chamar os povos indígenas pelo nome correto. “Índio é uma forma desrespeitosa. A gente aprendeu que o jeito certo é indígena, porque eles são vários povos diferentes, com culturas próprias”, afirmou. A colega Vitória de Oliveira Bernardo, também de 10 anos, contou que aprendeu sobre instrumentos musicais como o pau de chuva, chocalho e apito. “Na minha maquete eu coloquei eles pescando, plantando e brincando em roda.”
Beatriz Fernanda Lopes Machado, 11 anos, destacou o conteúdo estudado. “A gente aprendeu sobre os objetos, as falas e também como os portugueses invadiram o Brasil. Descobrimos o significado de muita coisa sobre a vida nas aldeias.” Já o aluno Ruither Emanuel da Silva de Sousa, de 10 anos, se surpreendeu com as descobertas feitas durante as pesquisas. “Antes dos portugueses chegarem, já havia povos aqui. Os portugueses não descobriram o Brasil, porque ele já era habitado”, refletiu.
A iniciativa evidencia a abordagem pedagógica do tema, realizado em toda rede municipal ao longo do ano, não apenas em datas comemorativas. “O trabalho com a cultura e tradições dos povos indígenas tem o objetivo de promover o respeito, empatia e valorização das culturas. Deve ser trabalhado de forma interdisciplinar e alinhado às habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), envolvendo as diferentes áreas do conhecimento, como o projeto desenvolvido na Escola Luiz Antonio Fleury Filho”, afirma a coordenadora executiva de políticas públicas, Leandra Justo Herrera, responsável pelo departamento de ensino.
Embora tenha sido desenvolvido com a turma do 5º ano, o projeto mobilizou toda a escola. Os demais alunos puderam ver a exposição com trabalhos, fotografias, textos, maquetes e assistir a apresentações culturais preparadas pela turma. A ação também se estendeu ao momento da refeição dos alunos, com a inclusão do milho — alimento base em muitas culturas indígenas das Américas.