A regulamentação das apostas esportivas no Brasil transformou o cenário dos patrocínios no futebol nacional. Em 2025, o Flamengo renovou seu contrato de patrocínio máster com a Pixbet, garantindo R$ 115 milhões anuais até 2027. Este acordo representa um aumento significativo em relação aos R$85 milhões recebidos anteriormente. Além disso, o Palmeiras assinou com a Sportingbet, assegurando sua posição entre os maiores patrocínios do país.
O Corinthians também se destacou ao firmar um contrato de R$103 milhões anuais com a plataforma Esportes da Sorte, válido por três temporadas. Esses números refletem a crescente influência das empresas de apostas no futebol brasileiro, com 75% dos clubes da Série A tendo essas empresas como patrocinadoras máster.
Benefícios e desafios dessa nova realidade
Ricardo Santos, cientista de dados especialista em análise estatística e fundador da Fulltrader Sports, observa que essa tendência traz benefícios financeiros significativos para os clubes, permitindo investimentos em infraestrutura, contratações e desenvolvimento de categorias de base. “A entrada de capital das casas de apostas tem sido essencial para a sustentabilidade financeira dos clubes brasileiros nos últimos anos”, explica.
Outro ponto relevante é a estratégia de marketing das casas de apostas, que vai além da exposição das marcas nas camisas e estádios. Essas empresas investem em campanhas promocionais, ações em redes sociais e até mesmo em conteúdos educativos sobre apostas responsáveis. “Essa abordagem busca não apenas atrair novos apostadores, mas também criar uma base de clientes mais engajada e consciente, ampliando o impacto do patrocínio para além do ambiente esportivo”, pontua.
Preocupações e regulamentação
No entanto, essa relação também suscita preocupações éticas e regulatórias. A facilidade de acesso às plataformas de apostas e a ampla exposição das marcas, inclusive para públicos jovens, levantam debates sobre a promoção do jogo e seus possíveis impactos sociais. Casos como o patrocínio da Fatal Model ao Vitória exemplificam as controvérsias envolvendo a exposição de conteúdos sensíveis ao público geral.
Além disso, a dependência financeira dos clubes em relação às casas de apostas pode criar vulnerabilidades, especialmente se houver mudanças na regulamentação ou no mercado. “É essencial que os clubes diversifiquem suas fontes de receita e estabeleçam políticas internas para lidar com os desafios associados a esses patrocínios. De qualquer maneira, é uma receita que essas equipes não podem se dar ao luxo de negar”, ressalta Santos.
A dependência financeira dos clubes em relação às casas de apostas também cria desafios operacionais e estratégicos. “Em cenários de crise ou mudanças na regulamentação do setor, clubes que têm essas parcerias como principal fonte de receita podem enfrentar dificuldades financeiras”, alerta.
A regulamentação adequada e a promoção de práticas de jogo responsável são fundamentais para equilibrar os benefícios econômicos com a proteção dos consumidores e a integridade do esporte. “O debate sobre o papel das apostas esportivas no futebol brasileiro está apenas começando, exigindo atenção de todas as partes envolvidas”, finaliza o analista.
*Ricardo Santos é cientista de dados especialista em análise estatística para apostas esportivas em Futebol e fundador da Fulltrader Sports, empresa líder da América Latina em Softwares Saas para Público Final de Trade Esportivo. Também atua como trader em Probabilidades de Futebol há 12 anos.