Mestres, contramestres, treinéis e praticantes da capoeira, de todas as idades, participaram, nesse domingo, 23, da Roda Coletiva de Capoeiragem de Alagoinhas, na Praça dos Esportes. O encontro marcou o fim do processo de implantação da arte afro-brasileira que mistura luta, dança e música, nas escolas da rede municipal de ensino.
Realizada pelo coletivo Capoeiragem de Alagoinhas e apoiada pela vereadora Juci Cardoso, a Roda contou também com a participação do prefeito de Alagoinhas, Gustavo Carmo; vice-prefeito, Luciano Sérgio; secretário de Cultura, Esporte e Turismo, João Henrique Paolilo; da secretária de Educação, Rita Bastos; e da assessora especial do Gabinete do prefeito, Iraci Gama.
Destacando a disposição da gestão municipal em apoiar as iniciativas de movimentos culturais da cidade, Gustavo Carmo falou da capoeira como importante atividade para os estudantes da rede municipal. “Nós sabemos da importância da prática do esporte e das artes em nossas unidades escolares. Estamos aqui, hoje, imbuídos do propósito de valorizar a capoeira dentro desse processo e dar a garantia da inserção dessa prática nas escolas de tempo integral de Alagoinhas. A Prefeitura se dedica a valorizar a cultura, a arte e o esporte”, afirmou o prefeito.
“A capoeira é a expressão mais genuína da cultura brasileira, porque ela não é só um ato cultural, mas de resistência da comunidade negra. E o governo municipal está aqui, com a presença do prefeito, do vice-prefeito e dos secretários diretamente ligados à arte, para se comprometer com a capoeiragem e, além disso, efetivar a legislação, que prevê a capoeira nas escolas como forma de resgatar a contribuição da herança cultural africana no Brasil, cujo projeto foi de minha autoria. Então, para mim, esse momento é importante demais”, declarou a vereadora Juci Cardoso.
Para o Mestre Tchê Pintado, presidente da Associação de Capoeiristas e Academias de Capoeira de Alagoinhas e Região (Asaca), a prática de capoeira trabalha valores importantes, trazendo benefícios físicos e mentais. “Especialmente para as crianças que estão em idade escolar, a capoeira auxilia no desenvolvimento cognitivo e trabalha a coordenação psicomotora. Estamos felizes com a disposição do município em ouvir nossos anseios e colocar em prática a sustentabilidade de nossa cultura”, reconheceu.
Arte, luta e transformação social
Além de desenvolver habilidades físicas, a capoeira também é um instrumento de resistência e transformação social. “Nós temos, em várias comunidades, um trabalho extraordinário que os capoeiristas e as capoeiristas fazem, majoritariamente de forma voluntária, resgatando a juventude de tudo que é ruim, trazendo alternativas na saúde, cultura e lazer. Muitas vezes, onde o Estado organizado não chega, a capoeira está”, aponta Juci.
Um exemplo do benefício social da prática da capoeira pode ser visto no projeto “Vem Gingar, Camaradinha”, iniciativa da escola de capoeira Quilombo de Maré, do Miguel Velho, que atende alunos de 4 a 14 anos e oferece aulas três vezes por semana. “Nosso objetivo é levar mais qualidade de vida e perspectiva de um futuro melhor para nossa comunidade. Através da capoeira, conseguimos mobilizar as famílias e ajudar crianças que estão em vulnerabilidade social; a capoeira faz a diferença”, explica o Mestre Maresia, coordenador do projeto.
Daniele Santos, de 13 anos, há quatro é aluna do “Vem Gingar, Camaradinha”. Orgulhosa de seu bom desempenho escolar, ela conta que também já evoluiu bastante na prática da capoeira. “No início, foi difícil. Mas eu comecei a gostar mais e mais e já melhorei muito. A capoeira ocupa nosso tempo, traz felicidade e saúde, por causa do exercício. Eu quero continuar na capoeira por muito tempo”, conta Daniele.
