A morte da jovem Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, após o desabamento do teto da Igreja de São Francisco de Assis, no Centro Histórico de Salvador, completa hoje uma semana. A tragédia traz à tona uma discussão urgente: a necessidade de manutenção preventiva em obras, especialmente em edificações históricas. Construída a partir de 1708 e concluída mais de 40 anos depois, o espaço turístico-religioso está em mau estado de conservação há décadas. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA) reforça a importância de manutenção para evitar tragédias que colocam vidas em risco.  

André Tavares, engenheiro civil e vice-presidente do Crea-BA, destaca que o conselho tem como missão garantir que os serviços de engenharia sejam executados por profissionais habilitados e éticos, seguindo normas técnicas e de segurança. No entanto, Tavares ressalta que a responsabilidade pela manutenção das estruturas físicas cabe aos gestores dos empreendimentos, sejam públicos ou privados.  

“No caso da Igreja de Ouro, o Crea-BA constatou que não havia nenhuma atividade de engenharia em curso no local no momento do desabamento. Isso reforça a necessidade de uma reflexão profunda sobre a manutenção preventiva de imóveis históricos. Salvador possui um patrimônio arquitetônico riquíssimo, mas que demanda cuidados constantes”, afirma Tavares.  

A manutenção preventiva é essencial para garantir a segurança e a durabilidade das edificações. Em Salvador, uma lei municipal já trata especificamente da manutenção de equipamentos públicos e privados, mas sua aplicação e fiscalização precisam ser mais efetivas. “A deterioração natural dos materiais, somada à ação do tempo e às intempéries, exige inspeções periódicas, reparos e reforços estruturais sempre que necessário”, explica o vice-presidente do Crea-BA.  

Desde o desabamento, o Crea-BA acompanha as intervenções na Igreja, fiscalizando a atuação de profissionais envolvidos. A partir do laudo pericial, que identificará as causas do acidente, será elaborado um projeto de recuperação da estrutura. “Nossa atuação será para garantir que os reparos sejam executados por profissionais habilitados e capacitados, seguindo todas as normas técnicas e de segurança”, afirma o vice-presidente do conselho.  

O Crea-BA reafirma veementemente o compromisso com a segurança e a qualidade de obras na Bahia, atuando em parceria com órgãos municipais e estaduais. “Que essa tragédia incentive ações concretas em prol da manutenção preventiva e da valorização do nosso patrimônio histórico e cultural”, conclui Tavares.