O início do ano letivo trouxe uma novidade para alunos, pais e professores da rede pública estadual de ensino. A partir deste ano, o uso de celulares será restrito e controlado em todas as escolas da Secretaria de Estado da Educação (Seduc). Desta forma, fica proibida a utilização dos aparelhos eletrônicos nas dependências dos centros de ensino sem a autorização das direções das escolas ou fora de atividades pedagógicas, previamente planejadas.
“A conscientização sobre o uso de celulares, no contexto escolar, é um desafio que exige a colaboração de todos os envolvidos na educação das crianças e dos adolescentes. A parceria entre família e escola é fundamental para a materialização desse entendimento”, afirmou o secretário da Educação, Washington Bandeira.
No início de Janeiro, o governador Rafael Fonteles sancionou a lei nº 8563/2025, que proíbe o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos em escolas públicas e privadas do Piauí. A norma versa sobre a utilização de celulares, tablets e relógios inteligentes. Também está vedado o acesso a redes sociais e aplicativos de mensagens, tanto nos dispositivos pessoais dos estudantes quanto nos equipamentos das escolas.
Segundo Matheus Asmassallan, psicólogo integrante do corpo técnico da Seduc, a medida tem por objetivo minorar os impactos negativos que os dispositivos digitais afligem sobre a capacidade de concentração e aprendizado dos estudantes.
“Nós entendemos que a escola é um local para aprender, de estar concentrado, focado naquele processo. Essas mídias concorrentes, se não tiverem um fim pedagógico planejado e articulado pela equipe institucional da escola, são muito prejudiciais para nosso processo de ensino e aprendizagem”, explica o profissional.
Coordenadora pedagógica do Centro Estadual de Tempo Integral (CETI) Duque de Caxias, em Teresina, Dayhany dos Santos, acredita que, apesar do estranhamento inicial, a expectativa é de que os estudantes possam assimilar a medida sem apresentarem resistência.
“Tudo que é novo assusta, mas eu acredito que a forma como estamos repassando, de uma maneira muito tranquila, explicitando as regras, fazendo uma vistoria cuidadosa, os alunos tendem a não ter resistência. Com uma boa comunicação, eles irão sim acatar a nossa orientação”, pondera Dayhany.
Para Lucas Albuquerque, aluno da 1ª série do ensino médio no CETI Duque de Caxias, a medida vai alterar a rotina a qual estava habituado, mas promete ser benéfica para o seu aprendizado, em um ano em que ele inicia a preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
“Eu usava muito (celular). Mas entendo que essa lei foi criada para os alunos focarem mais nos estudos e não se distraírem tanto assim. Realmente, o celular tira a concentração”, reflete o jovem.
Escola modelo do Piauí restringe o uso de celulares há 10 anos
A restrição do uso de celulares no ambiente escolar não é uma novidade para alguns centros de ensino da rede pública estadual. No CETI Augustinho Brandão, em Cocal dos Alves, o controle do uso de smartphones é realizado há 10 anos. Lá, o regimento interno foi construído com o apoio de pais e alunos, como destaca o diretor do Centro, Darkson Machado.
“A normativa contribui nos dando, agora, embasamento na lei. A escola tem bons resultados com essa restrição há alguns anos. Uma aula planejada, avisada, eles têm a liberdade, sob o comando do professor, de usar a tecnologia. Além disso, a escola tem um laboratório de informática à disposição dos estudantes. Então, nunca foi um problema a questão da restrição. Pelo contrário, foi uma ferramenta muito útil para impactar a aprendizagem”, pontua o diretor.