Especialistas do Hias realizam a aplicação de toxina botulínica em pacientes no ambulatório da unidade
Aos 16 anos, Erick enfrentou dificuldades para sentar e caminhar após ser diagnosticado com neurocriptococose, uma infecção no sistema nervoso central que pode causar complicações neurológicas graves, como rigidez muscular e problemas motores. Um ano depois, a família do rapaz celebra a recuperação da mobilidade após o início do tratamento no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), que contou com sessões de fisioterapia, medicações orais e aplicações de toxina botulínica.
“Os braços dele estavam rígidos e flexionados, um para trás e o outro para frente. As pernas também estavam ‘enroladas’, o que dificultava a locomoção e até mesmo o ato de sentar. Essa condição ainda causava cãibras e contrações musculares, o que tornava a situação desesperadora”, recorda Andréia Pessoa, mãe de Erick e confeiteira.
A mobilidade do jovem foi recuperada a partir da adoção de terapias como a aplicação da toxina botulínica. “A substância age no bloqueio de sinais nervosos que causam contrações excessivas nos músculos, com o intuito de promover um relaxamento muscular e facilitar a reabilitação, tanto para o paciente quanto para os cuidadores”, explica a neuropediatra do Hias, Ellen Mourão.
Andréia também destaca outros avanços no tratamento: “meu filho não teve nenhuma reação adversa à substância, e isso fez uma grande diferença em nossas vidas. Hoje, ele consegue esticar os braços e as pernas normalmente. Antes, parecia que os braços dele estavam deslocados para trás.”
De acordo com especialistas, os benefícios são visíveis nas primeiras semanas após as injeções. Foi o que aconteceu com Myrella, de 7 anos, e filha da Janaína Lima, agricultora e residente de Baturité. A pequena é paciente do Hias desde os dois anos, onde recebe assistência para tratar o diagnóstico de Niemann-Pick, uma doença genética rara responsável por afetar o metabolismo das células e por causar problemas motores.
Myrella recebeu a primeira aplicação de toxina botulínica em janeiro deste ano. “Apesar do curto período, já conseguimos perceber uma diferença considerável. Os braços dela, que são bem rígidos, já estão mais fáceis de movimentar. Foi notado até pelo fisioterapeuta que acompanha a Myrella”, conta a cuidadora.
“Minha filha sente dor ao abrir as mãos ou durante a troca das fraldas, mas, após a aplicação, notamos uma grande redução do desconforto. Há um relaxamento evidente nos músculos dela”, complementa.
A médica Ellen Mourão também acompanha o tratamento de Myrella e explica que “a toxina pode proporcionar uma melhora rápida na qualidade de vida do paciente, diminuindo a dor e melhorando a funcionalidade. Além disso, facilita a vida dos cuidadores, que lidam com tarefas como higiene e troca de roupas. O efeito dura de quatro a seis meses, podendo ser repetido conforme a necessidade de cada caso”.
“A toxina botulínica é uma terapia de alta eficácia no tratamento da espasticidade (rigidez muscular) e da distonia (contrações musculares involuntárias). O tratamento é disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), apesar de seu alto custo”, finaliza a neuropediatra.