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Da Ilha das Peças para o Canadá: aluna paranaense quer mudar de vida com o Ganhando o Mundo
Mônica Cristina Lima, de 15 anos, moradora de uma comunidade no Litoral do Paraná de 300 habitantes, vai fazer intercâmbio na província canadense ...
29/01/2025 09h17
Por: Redação Fonte: Secom Paraná

Uma distância de 8 mil quilômetros e quase 45 graus de diferença no termômetro. Esses são alguns dos desafios que a jovem Mônica Cristina Lima, de 15 anos, vai cumprir para realizar um sonho. Ela vai trocar a Ilha das Peças, em Guaraqueçaba, no Litoral paranaense, por outra ilha na Nova Escócia, província do Canadá. A estudante está entre os 500 alunos que embarcam nesta semana para o país norte-americano, por meio do programa Ganhando o Mundo, do Governo do Estado.

Nascida em Paranaguá, Mônica mora há cinco anos na ilha com a mãe, a irmã, o padrasto e vários animais, e vai ser a primeira estudante da comunidade, que tem cerca de 300 habitantes, a participar do Ganhando o Mundo. É também a primeira pessoa da família a viajar para fora do país – até agora, as viagens mais longas que já fez foi para Santa Catarina e São Paulo, esta última, para tirar o visto para o intercâmbio.

“Era um sonho da minha mãe fazer intercâmbio, mas minha avó não permitiu na época porque achava perigoso ficar longe da família. E o meu sonho era ir para o Canadá, que foi isso o que me deu mais ânimo para persistir e participar do programa”, diz Mônica. “Apesar de morar na ilha, eu gosto muito de frio, sonho em conhecer a neve, fazer um programa dehigh school, andar nos ônibus amarelos. Tudo isso está próximo de acontecer”.

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O embarque está marcado para a próxima sexta-feira (31), no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. Além dos 500 alunos que vão para o Canadá, ao todo 1,2 mil estudantes da rede estadual participam da atual edição do Ganhando o Mundo, que é a maior até agora, com intercâmbios previstos também para Estados Unidos, Irlanda, Reino Unido e Nova Zelândia. Outros 100 alunos dos colégios agrícolas paranaenses vão estudar por um período em escolas do estado de Iowa, nos Estados Unidos.

A preparação de Mônica para o intercâmbio começou logo que recebeu a notícia de que tinha sido selecionada, em junho, quando o diretor fez uma surpresa compartilhando a conquista dela com a escola inteira. “O diretor reuniu a escola toda para anunciar. Depois de uns três ou quatro meses, descobri que ia para o Canadá, e então começou a corrida para o cartório, para tirar visto em São Paulo, as aulas de inglês. Agora só falta o embarque”, conta.

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E além da oportunidade de futuro que se traça – a estudante pretende cursar Medicina Veterinária na Universidade Federal do Paraná (UFPR) –, a participação no Ganhando o Mundo também uma ponte com o passado, realizando o sonho da mãe, a técnica de enfermagem Andreia de Freitas Correia, de 45 anos.

"Era um sonho antigo meu, que hoje minha filha está realizando. Sempre quis fazer um intercâmbio, mas na época meus pais não tinham muitas condições e nem muita confiança para me mandar para fora. Hoje tem as tecnologias, com celular e internet é possível conhecer as famílias e o lugar onde o filho vai ficar, mas antigamente tinha nada disso”, afirma.

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“É uma mistura de sentimentos, porque vou ficar longe dela por seis meses, mas também sinto orgulho e alegria por ela estar realizando esse sonho, que é compartilhado com a família e a comunidade. Eu faço minha parte como mãe, mostro os caminhos, mas agora é com ela, que vai ganhar o mundo”.

Foto: Reprodução/Secom Paraná
O embarque está marcado para a próxima sexta-feira (31), no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. Foto: Roberto Dziura Jr./AEN


ESCOLA– O Colégio Estadual do Campo Ilha das Peças, onde Mônica estuda, conta com cerca de 30 alunos matriculados na rede estadual, sendo que apenas três, incluindo ela, estavam no 1º ano do ensino médio no ano passado, quando se inscreveram no programa. O incentivo veio do diretor, Fernando Luiz Ramos Brock, que levou os três ao laboratório de informática da escola no penúltimo dia de inscrições.

“Nossos estudantes são filhos de pescadores, pequenos comerciantes, os pais trabalham com o turismo, em restaurantes. Nós temos uma perspectiva muito boa na formação desses jovens, pensando no desenvolvimento do turismo da região, para que eles empreendam na localidade e não precisem sair daqui em busca de emprego em outros locais”, ressaltou o diretor.

Para ele, o Ganhando o Mundo é uma forma de valorizar o trabalho feito na unidade, que atende 100% das crianças e adolescentes em idade escolar na ilha e une o ensino científico aos saberes tradicionais da comunidade. “O professor hoje é um importante intermediador. A gente trabalha em uma perspectiva que o conhecimento está muito acessível, e aqui na ilha não é diferente”, disse.

“Para nós, a conquista da Mônica, que vai participar do Ganhando o Mundo no Canadá, foi algo muito significativo. Ela é a primeira de muitos que esperamos que podem vir com a continuidade do programa”, destacou Brock. “A nossa escola é uma escola de pequeno porte, que está distante, então temos muitos desafios. Então quando temos uma conquista como esta, nos dá visibilidade e mostra que existe um trabalho muito bem feito sendo realizado na escola. É uma conquista para a comunidade toda”.

Foto: Reprodução/Secom Paraná
O Colégio Estadual do Campo Ilha das Peças, onde Mônica estuda, conta com cerca de 30 alunos matriculados na rede estadual. Foto: Roberto Dziura Jr./AEN


GANHANDO O MUNDO – Criado em 2019 pelo Governo do Estado e desenvolvido pela Secretaria da Educação como uma iniciativa de intercâmbio estudantil, o Ganhando o Mundo já levou 1.240 estudantes da rede estadual de ensino para países da América do Norte, Europa e Oceania. Diretores e professores também foram contemplados com viagens específicas. O investimento na iniciativa, desde seu lançamento, ultrapassa de R$ 1 bilhão.