A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest-PB), em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT), realizou, nesta terça-feira (28), uma ação para conscientizar a população sobre o trabalho escravo contemporâneo. A iniciativa, ocorrida no Terminal de Integração da Lagoa, em João Pessoa, marcou o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, reforçando a importância de identificar e denunciar essa prática ainda presente no Brasil.
De acordo com a diretora-geral do Cerest Estadual, Celeida Maria de Barros França, é fundamental esclarecer o que caracteriza o trabalho escravo nos dias atuais. “Isso ocorre quando os direitos dos trabalhadores não são respeitados, eles enfrentam condições degradantes, jornadas exaustivas e, muitas vezes, servidão por dívidas. Na Paraíba, já tivemos vários casos, incluindo o resgate de mulheres que viviam em situações de trabalho doméstico análogo à escravidão”, explicou.
A procuradora do Ministério Público do Trabalho Marcela Maia destacou a relevância dessa data e a necessidade de ampliar a conscientização. “Hoje, 28 de janeiro, é o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, uma data que nos lembra da urgência de enfrentar esse crime que vitimiza tantos trabalhadores no Brasil. De 1995 até 2024, mais de 63 mil pessoas foram resgatadas em situações análogas à escravidão. Só na Paraíba, entre 2023 e 2024, foram 121 resgatados. É essencial que todos saibam que isso ainda acontece”, afirmou.
Durante a ação, panfletos educativos foram distribuídos e a equipe orientou os participantes sobre como identificar sinais de exploração. O diretor administrativo do Cerest Estadual, Ricardo Brindeiro, ressaltou o compromisso do serviço em parceria com o MPT. “Estamos aqui para esclarecer à população o que é trabalho escravo e como identificá-lo. Muitas vezes, as pessoas estão sendo exploradas e nem sabem. Nosso papel é divulgar, informar e ajudar a população a denunciar, colaborando com o MPT para combater essa prática na Paraíba”, afirmou.
Além de destacar os impactos sociais, o evento também abordou os danos à saúde dos trabalhadores submetidos ao trabalho escravo. Celeida alertou sobre as consequências físicas e mentais dessas condições. “O adoecimento mental é uma das principais consequências. Além disso, dependendo do setor, os trabalhadores enfrentam riscos como intoxicação por agrotóxicos ou esforços excessivos na construção civil. Nosso trabalho no Cerest é proteger a saúde e garantir condições dignas para todos”, pontuou.
A ação chamou a atenção de quem passava pelo terminal. Bianca Yasmin, de 22 anos, refletiu sobre a importância do tema. “É algo que infelizmente ainda acontece no Brasil, mas muitos fingem que não existe. Eu mesma não sabia como denunciar, mas aprendi hoje. Acredito que iniciativas como essa são fundamentais para mudar essa realidade”, disse.
As denúncias podem ser feitas por diversos canais, oferecendo várias formas de acesso para a população. O Ministério Público do Trabalho disponibiliza, para quem deseja denunciar casos de exploração, o Disque 100, WhatsApp (83) 3612-3128, o aplicativo MPT Pardal, o site do MPT-PB ( www.prt13.mpt.mp.br/servicos/denuncias ), o portal nacional do MPT ( www.mpt.mp.br ) e o site do Ministério do Trabalho e Emprego ( www.ipe.sit.trabalho.gov.br ). Cada denúncia é um passo crucial para erradicar essa prática e garantir a dignidade dos trabalhadores.