Alunos da rede pública estadual representarão Sergipe na maior feira de ciências da América Latina, a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), em sua 23ª edição. Os alunos do Centro de Excelência Atheneu Sergipense, de Aracaju, do Centro de Excelência em Tempo Integral e Profissional Dom José Brandão de Castro, em Poço Redondo, e do Colégio Estadual Dom Juvêncio de Britto, em Canindé de São Francisco, irão a São Paulo apresentar quatro projetos na Mostra Presencial e Virtual de Projetos, em março deste ano, na Universidade de São Paulo (USP).
Foram 2.700 projetos inscritos nesta edição, e apenas 276 selecionados. Dentre eles, estão os quatro da rede pública estadual e dois da rede privada de Sergipe. Os projetos finalistas passaram por um criterioso processo de avaliação realizado por pesquisadores da USP. Os trabalhos aprovados demonstraram preocupação com questões globais, além do conteúdo científico e da criatividade.
Os representantes do Centro de Excelência Atheneu Sergipense irão apresentar dois projetos: ‘Desenvolvimento de Esponjas Biodegradáveis utilizando fibra de coco: uma alternativa sustentável às esponjas de plástico’, e ‘Ecoembalagens de fibra de coco: transformando a matéria-prima da praia de Atalaia/SE em ecoembalagens sustentáveis’.
O primeiro trabalho foi desenvolvido pelos alunos Caio Matheus Lobo Dias, Gabriel de Oliveira Santos e Jessy da Silva Santos, sob a orientação dos professores Cristiane Campos Lemos Moreira e Everton Ricardo Silva Santos. Ele propõe o desenvolvimento de esponjas de limpeza biodegradáveis feitas de fibra de coco como uma alternativa sustentável às esponjas plásticas convencionais. O estudo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
O segundo projeto, também do Atheneu, foi desenvolvido pelos alunos Bruna Silva de Menezes, Gabriel Lima Rodrigues e Mary Gabrielle Costa Pereira, com orientação de Darcylaine Vieira Martins e Cristiane Campos Lemos Moreira. Diante do descarte inadequado de cascas de coco verde na Praia de Atalaia, eles propuseram uma logística reversa pós-consumo, reintegrando os resíduos em processos produtivos sustentáveis. Foram desenvolvidas ecoembalagens feitas com resíduos de coco e goma de ágar-ágar, oferecendo uma alternativa às embalagens plásticas. O projeto também alinhado-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
A professora Darcylaine Martins, orientadora do projeto das ‘Ecoembalagens de fibra de coco’, destacou o orgulho em ter os dois trabalhos finalistas na Febrace e a importância dessa conquista. “É uma oportunidade única para os nossos jovens estudantes pesquisadores exibirem a excelência dos trabalhos realizados em nossos laboratórios. A visibilidade ao participar da etapa presencial será fundamental para inspirar outros alunos a se envolverem em projetos científicos, além de posicionar a escola pública de Sergipe entre as melhores do Brasil nesse campo”, ressaltou.
O Centro de Excelência Dom Juvêncio de Britto, de Canindé de São Francisco, também está concorrendo com dois projetos: ‘Palmlac: Integração da economia circular e segurança alimentar através do reaproveitamento sustentável do soro de leite para combater a subnutrição’, e ‘Estudo da ação da curcumina derivada do açafrão-da-terra (Curcuma longa) para prevenção do câncer de pele em áreas de alta incidência solar’.
Desenvolvido pelas alunas Laura Fernanda Bras de Lima, Maria Luiza Gomes dos Santos e Eloise de Souza Santos, com orientação das professoras Lark Soany Santos e Marisa Gomes Nobre, o projeto ‘Palmlac’ visa a combater a subnutrição por meio de uma bebida láctea nutritiva e acessível, feita com soro de leite e palma forrageira. A ideia é reduzir índices de subnutrição e valorizar a economia regional.
Já o projeto sobre a curcumina, realizado em parceria com o Centro de Excelência em Tempo Integral e Profissional Dom José Brandão de Castro, foi desenvolvido pelos alunos Diógenes Felipe Rodrigues dos Santos, Ana Clara Alves de Melo e Isabely Tavares dos Santos, com orientação das professoras Lark Soany Santos e Marisa Gomes Nobre. Ele propõe o desenvolvimento de um sabonete terapêutico acessível à base de cúrcuma, que protege a pele da radiação solar. A iniciativa visa reduzir riscos de câncer de pele, especialmente entre agricultores em Canindé de São Francisco.
“Estar na Febrace é uma experiência incrível, pois é uma oportunidade de apresentar um projeto que pode impactar positivamente a vida de muitas pessoas”, afirmou Diógenes Felipe, um dos alunos participantes.
Febrace
A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, realizada desde 2003, identifica, valoriza e desenvolve projetos realizados por jovens talentos. Para estimular novas vocações e induzir práticas pedagógicas inovadoras dentro das escolas, a feira conta com o apoio de várias empresas privadas e instituições como o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ministro da Educação (MEC), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Em 2025, os projetos selecionados receberão troféus, medalhas e certificados, além de premiações oferecidas por diversas instituições durante o evento. Outro destaque da Febrace será a escolha de nove projetos que representarão o Brasil na Regeneron ISEF 2025, a maior feira pré-universitária do mundo, que ocorrerá em maio, nos Estados Unidos.
Em 2024, a rede estadual de Sergipe teve destaque. O projeto ‘Acendra - purificação de águas de barreiros à base de biopolímero extraído do quiabo (Abelmoschus esculentus)’ ficou em 1° lugar nas engenharias na categoria geral. Já o projeto ‘Fibra de Cocos nucifera: uma alternativa sustentável na produção em tijolo de solo-cimento’ foi o segundo em engenharia na categoria geral, ganhando certificados digitais e medalhas.