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Após 114 anos desaparecido, espécie de periquito ameaçada retorna à Caatinga

Após mais de cem anos sem registros do periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) na região do Planalto da Ibiapaba, entre os municípios de Crateú...

15/12/2024 às 07h57
Por: Redação Fonte: Secom Ceará
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Foto: Reprodução/Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará

Após mais de cem anos sem registros do periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) na região do Planalto da Ibiapaba, entre os municípios de Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI), 18 exemplares da espécie ameaçada foram reintroduzidos na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), no Ceará, nesta quinta-feira (12).

Essa iniciativa faz parte do projeto Refaunar Arvorar, promovido pelo Parque Arvorar, do Beach Park, em colaboração com as ONGs Associação Caatinga e Aquasis. A ação contou com a participação do fiscal ambiental, Roberto Cavalcante e da gestora ambiental, Marina Lopes, da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), além de fiscais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Esse esforço está alinhado ao Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Caatinga, uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente destinada à proteção de espécies nativas ameaçadas. Antes da soltura, os periquitos passaram por rigorosas avaliações realizadas por biólogos, veterinários e zootecnistas, que garantiram a saúde das aves e sua adaptação ao novo ambiente.

Período de reabilitação

Durante cinco meses, os 18 periquitos permaneceram em recintos de aclimatação dentro da reserva, um período crucial para sua familiarização com o local, estabelecimento de vínculos familiares e fortalecimento da adaptação ao ambiente. Esse processo aumenta consideravelmente as chances de sucesso da reintrodução e da sobrevivência das aves.

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A seleção dos indivíduos para a reintrodução na Serra das Almas seguiu critérios rigorosos adotados na soltura realizada na Serra da Aratanha, em 2022. Entre os requisitos, destacam-se a pertença dos animais a grupos familiares de vida livre, o que garante maior coesão social e facilita sua adaptação ao novo ambiente.

Além disso, as aves foram escolhidas por estarem habituadas ao uso de caixas-ninho, o que facilita o manejo durante o processo de soltura. Outro fator importante foi o treinamento prévio para o uso de comedouros, uma preparação essencial para a aclimatação gradual e bem-sucedida dos indivíduos ao habitat natural.

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Marco significativo na Caatinga

Foto: Reprodução/Secom Ceará
Foto: Reprodução/Secom Ceará

“Foi um privilégio poder presenciar a soltura dos periquitos-cara-suja. Me emocionei ao ver as aves voltarem à natureza depois de tantos anos do último registro comprovado na região. Fiquei com a certeza de que, com o esforço conjunto, a natureza pode se recuperar, e que, em breve, poderemos ver outras ações semelhantes, com outras espécies ameaçadas no Ceará”, explica Roberto Cavalcante, integrante da equipe de fiscais ambientais da Semace.

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Além disso, três periquitos que haviam sido apreendidos pelo Ibama e acolhidos no Parque Arvorar também serão transferidos para a reserva, onde passarão por um novo processo de aclimatação antes de serem soltos definitivamente.

A Reserva Natural Serra das Almas já se consolidou como um refúgio para diversas espécies que retornaram espontaneamente à região, como a paca, o tatu-bola e o guariba-da-caatinga. No entanto, espécies extintas localmente, como o periquito-cara-suja, as emas e as araras, requerem intervenções diretas, como a reintrodução, para se reintegrarem ao seu habitat original. A colaboração entre organizações, órgãos ambientais e especialistas tem sido essencial para o sucesso dessas iniciativas de conservação.

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