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Hospital São José reforça importância da testagem regular para o HIV e outras ISTs
O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento rápido e oportuno do paciente, o que tem impacto direto na quebra da cadeia de transmissão do...
15/11/2024 10h16
Por: Redação Fonte: Secom Ceará

Dados do Ministério da Saúde revelam que, do total de um milhão de pessoas que viviam com HIV/aids no Brasil em 2022, cerca de cem mil desconheciam seu diagnóstico. Para mudar essa realidade, o Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) referência no tratamento do HIV/aids, reforça a importância da testagem regular para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), pelo menos uma vez ao ano, para todas as pessoas com vida sexual ativa.

O teste rápido, cujo resultado fica pronto em cerca de 30 minutos, pode ser realizado nas unidades básicas da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). Segundo a infectologista e diretora técnica do HSJ, Ruth Araújo, é necessário que a testagem seja feita após o período de janela imunológica.

“Quando você tem uma exposição de risco ao HIV, leva um tempo até o sistema imunológico produzir anticorpos. Esse tempo entre a infecção e a produção de anticorpos é chamado de janela imunológica: você está infectado, mas seu organismo ainda não foi capaz de expressar esse anticorpo que será detectado pelo exame. Nesse período, você pode até infectar outras pessoas sem saber que está doente”, alerta a médica. A depender do tipo de teste realizado, essa janela pode ser reduzida para até 15 dias, possibilitando a detecção do anticorpo no organismo após esse período.

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Além disso, se a relação de risco ocorreu em até 72 horas (três dias), a pessoa também pode buscar a Emergência do Hospital São José para verificar a indicação da profilaxia pós-exposição (PEP) ao HIV. Se houver indicação, a pessoa fará uso da PEP por 28 dias e será acompanhada pela equipe de saúde, para realização dos exames necessários.

Testes laboratoriais

Apesar de muito precisos, os testes rápidos não substituem os laboratoriais, como afirma Paulo Germano, farmacêutico bioquímico e coordenador do Laboratório do HSJ. “Os testes rápidos estão melhores hoje, mas não dispensam a necessidade dos testes convencionais e automatizados, pois são de grande sensibilidade e especificidade — acima de 99%, o que é muito alto — e cuja margem de erro diminui bastante. Quando você faz dois testes em um paciente com suspeita de HIV, e esse teste da máquina dá positivo, o valor preditivo-positivo [probabilidade de um indivíduo ser doente quando o resultado de um teste é positivo] é alto”, destaca.

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Foto: Reprodução/Secom Ceará

Testes laboratoriais, como o “imunoblot” (foto), apresentam sensibilidade e especificidade acima de 99%

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Todo o procedimento de testagem em laboratório leva cerca de duas a três horas, possibilitando que o paciente tenha acesso ao resultado no mesmo dia em que for submetido ao teste. Após a coleta, a amostra é testada pelo método de quimioluminescência, que detecta se há ou não a presença de anticorpos contra o HIV no sangue. Se positivo, é necessário fazer a confirmação do resultado por outra técnica, chamada imunoblot, que pesquisa anticorpos dirigidos contra glicoproteínas da estrutura viral.

“Existem cinco glicoproteínas que ele pesquisa: quatro são do HIV-1 e uma do HIV-2 (predominante nos países do continente africano). Ele confirma se é positivo, e eu digo quais são as glicoproteínas presentes. Então, eu solicito uma nova coleta e repito essa mesma técnica. Se as três testagens dão reagente, eu confirmo o diagnóstico positivo do paciente”, explica a farmacêutica bioquímica do HSJ, Darcielle Dias.

O rigor no processo de diagnóstico está presente desde o momento da coleta, no qual é exigida a apresentação de um documento com foto para cadastro do paciente, até a comunicação do resultado ao paciente, que é feita somente na presença de um profissional da saúde. Dessa forma, o paciente não recebe o diagnóstico do HIV em mãos, mas de um profissional qualificado para dar a notícia.

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Para a infectologista Ruth Araújo, a existência de um protocolo de aconselhamento pré e pós-teste permite explicar as medidas de prevenção e elucidar as dúvidas do paciente. “Em caso de resultado positivo, você tem a chance de desmistificar o preconceito e o estigma que ainda tem o HIV e encaminhá-lo para o tratamento rápido e oportuno, o que vai impactar na adesão dele. Além disso, o tratamento está dentro da mandala da prevenção combinada [conjunto de estratégias que utiliza diferentes abordagens para dar uma resposta ao HIV e outras ISTs], porque se você indetecta a carga viral, você não transmite o vírus e quebra essa cadeia de transmissão”, salienta.