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Kit Solo Saudável facilita o acesso a plantas de cobertura em Santa Catarina

Depois de completar seu ciclo, as plantas de cobertura ficam sobre o solo, formando uma camada de palha.Foto: Divulgação/EpagriA conservação do so...

23/10/2024 às 18h35
Por: Redação Fonte: Secom SC
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Foto: Reprodução/Secom SC
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Depois de completar seu ciclo, as plantas de cobertura ficam sobre o solo, formando uma camada de palha.Foto: Divulgação/Epagri

conservação do solo e da água  cresce com força na agricultura catarinense: esse tema é prioridade no setor e recebe o incentivo de diversas políticas públicas. Uma das que se destacam é o  Kit Solo Saudável , lançado em 2019 pela  Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária  para facilitar o acesso dos agricultores às sementes de adubos verdes (também conhecidos como plantas de cobertura) e outros insumos para a melhoria do solo.

Com o incentivo da Epagri nas propriedades rurais de cada município, o número de beneficiados pelo programa cresce ano a ano. De 2022 para 2023, o total de famílias que acessaram o Kit Solo Saudável saltou de 652 para 1.025, somando R$3,9 milhões e alcançando 157 municípios catarinenses.

Plantar para proteger

Plantas de cobertura  são aquelas cultivadas com o objetivo de proteger o solo contra a erosão, além de melhorar as condições físicas, químicas e biológicas dele. O uso dessas espécies é um dos pilares do Sistema Plantio Direto: depois de completar o ciclo vegetativo, elas são derrubadas e ficam sobre o solo, formando uma camada de palha. Na sequência, vem o cultivo das culturas comerciais, mantendo o solo coberto.

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As plantas de cobertura mais cultivadas no inverno em Santa Catarina são aveia, nabo forrageiro, centeio, azevém, ervilhaca e tremoço. No verão, os produtores usam milheto, capim-sudão, crotalária, mucuna e trigo mourisco. Mas nem sempre os produtores encontram sementes com qualidade, variedade e preço acessível. “Frequentemente, as opções ficam restritas a poucas espécies, como aveia-preta para o cultivo no inverno e milheto para o verão”, explica Juliane Knapik Justen, coordenadora do programa de Desenvolvimento e Sustentabilidade Ambiental da Epagri.

Foto: Reprodução/Secom SC
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Com a participação da Federação das Cooperativas Agropecuárias de Santa Catarina (Fecoagro), o programa Kit Solo Saudável busca incentivar o mercado catarinense a disponibilizar essas sementes e aumentar a oferta aos produtores, com facilidade no pagamento. Em 2023, ao todo, 45 cooperativas e lojas agropecuárias se credenciaram para participar.

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Epagri na linha de frente

Os kits contêm sementes de, ao menos, duas espécies ou cultivares de plantas para adubação verde, além de insumos para a melhoria do solo. Para ter acesso, o agricultor deve procurar a Epagri de seu município. Os técnicos orientam sobre o acesso ao programa e elaboram um projeto para aquisição dos materiais, de acordo com as necessidades da propriedade e a disponibilidade da região.

Com a Autorização de Retirada em mãos, o agricultor busca seu kit diretamente nas cooperativas ou empresas credenciadas. Os técnicos da Epagri ainda assessoram e acompanham os agricultores nas práticas na lavoura. O valor do kit é de até R$5.720, com dois anos para pagar, sem juros, com parcelas anuais. Se o produtor efetuar o pagamento total no vencimento da primeira parcela, tem direito a um desconto de 30% sobre o valor.

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Plantio direto em expansão

Estima-se que Santa Catarina tenha 1,5 milhão de hectares cultivados em plantio direto, principalmente em lavouras dos quatro principais grãos (soja, feijão, milho e trigo) e hortaliças. A Epagri é a maior incentivadora dessa prática no Estado, desenvolvendo tecnologias e orientando as famílias agricultoras.

Foto: Reprodução/Secom SC
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Em 2023, a Empresa atendeu 8,8 mil famílias catarinenses em temas como plantas de cobertura, práticas de conservação do solo e Kit Solo Saudável. No mesmo ano, lançou a publicação gratuita  “Plantas para adubação verde e cobertura do solo” .

Essas informações, que ajudam o produtor a escolher as melhores espécies para cada caso, também estão disponíveis no aplicativo gratuito  EpagriMob . As vantagens do uso das plantas de cobertura são rapidamente percebidas na qualidade do solo e no desempenho das culturas nas lavouras.

Tanto vivas quanto na forma de palha, elas protegem o solo da erosão, facilitam a infiltração da água e também servem como isolante térmico, protegendo as culturas comerciais do excesso de calor. Essas plantas ainda formam a matéria orgânica que promove a estruturação do solo, a retenção de umidade e o aumento da porosidade. Elas servem de abrigo para a fauna do solo e, através da decomposição feita por esses organismos, fornecem nutrientes para as plantas. Como se não bastasse, as plantas de cobertura ainda reduzem a incidência de pragas, doenças e plantas daninhas na lavoura.

Foto: Reprodução/Secom SC
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Agricultura sustentável

As tecnologias do plantio direto também integram o Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono ABC+SC. Ele foi construído pela Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária para tornar a agricultura catarinense mais sustentável e adaptada às mudanças climáticas.

Com o plano, Santa Catarina assumiu o compromisso voluntário de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), além de se adaptar às mudanças climáticas para a próxima década. O Plano ABC+SC pretende gerar um potencial de mitigação de emissões de GEE de 86,78 milhões de toneladas de carbono até 2030.

A meta é aumentar em 126 mil hectares a área manejada sob Sistema Plantio Direto (SPD) e em 7,7 mil hectares a área sob Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) em Santa Catarina até 2030. Estima-se que o plantio direto de grãos possa contribuir na acumulação de 0,97 toneladas de carbono equivalente por hectare e o SPDH participe com 3,67 toneladas por hectare.

Plantio direto cresce no município de Saudades

A região de Palmitos, no Extremo Oeste Catarinense, foi a que beneficiou mais produtores rurais com o Kit Solo Saudável no último ano. A Epagri atendeu 174 famílias atendidas com essa política pública em 2023. Dentro da região, o município de Saudades teve 55 famílias beneficiadas. “Foram 80 cotas, suficientes para uma área de 500 hectares”, destaca Sidinei Weirich, extensionista da Epagri.

Foto: Reprodução/Secom SC
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Sidinei conta que as lavouras mais comuns no município são de milho safra e soja safrinha. “A maioria das famílias colhe o milho em janeiro, em seguida planta a soja safrinha e colhe em maio. Na sequência, entram as plantas de cobertura”, explica.

Com incentivo da Epagri, as lavouras em plantio direto estão se expandindo em Saudades e contribuindo para tornar a agricultura mais sustentável. Em uma região com áreas declivosas, as plantas de cobertura ajudam a controlar a erosão e também a reduzir a presença de plantas daninhas, diminuindo o uso de herbicidas e o custo de produção da lavoura.

Mais de 20 anos de plantio direto

Um dos praticantes do plantio direto é o agricultor Asir Both. Parceiro da Epagri há anos, ele acessa o programa Kit Solo Saudável desde 2021. Em 2023, ele garantiu, mais uma vez, sementes de aveia e nabo forrageiro para melhorar o solo nas lavouras de milho, soja e melancia. Mas o plantio direto não é novidade na propriedade: consciente da necessidade de conservar o solo, Asir usa plantas de cobertura há mais de 20 anos.

“Se chover muito em uma lavoura de milho ou soja e o produtor não tiver cobertura do solo, a água carrega junto a terra adubada e a semente, e é preciso plantar tudo de novo. No plantio direto, mesmo que venha uma chuvarada, a gente fica mais tranquilo de que não vai perder aquele investimento”, defende.

Além de praticar o plantio direto em seus 34 hectares de lavoura, Asir tem um terço das lavouras com terraceamento. Essa é outra prática conservacionista que a Epagri difunde para reter a água no solo e evitar a erosão. “No ano passado tivemos muita chuva no município e deu bastante dano na lavoura. Mas com certeza teríamos perdido tudo se não fosse a cobertura do solo”, finaliza.

Por Cinthia Andruchak Freitas – Jornalista da Epagri

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