Cultura FLICA 2024
Thalita Rebouças defende na FLICA que, quando o livro é bom, não há tela certa.
Com mais de 20 livros publicados, a escritora defende que, mesmo com uma geração hiperconectada e com mais tempo de telas, não existe concorrência quando o livro é bom.
18/10/2024 10h56
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: Tatiane Freitas / @interativaviva
Foto: Divulgação / Bárbara Lima

Ao lançar sua primeira obra não ficcional, a escritora mais animada do país, Thalita Rebouças, estreou no primeiro dia de programação no espaço Geração Flica, lotando o Cine Theatro Cachoeirano e provando que sua escrita conecta diversas gerações. Com o tema “Livros que atravessam gerações”, a escritora, que é uma referência para o público infantojuvenil, começou dizendo que a decisão de se tornar escritora não foi bem uma decisão, mas algo que simplesmente aconteceu. “Eu precisei gritar bem alto e dizer: ‘Eu sou escritora’. Mas, no início, eu passava todos os sábados e domingos nas livrarias, batendo na porta e oferecendo um pirulito em forma de coração, aproveitando para vender meu livro. E foi assim que tudo começou”.

Com mais de 20 livros publicados, a escritora defende que, mesmo com uma geração hiperconectada e com mais tempo de telas, não existe concorrência quando o livro é bom. “Quando o livro prende, não há tela. Você nem lembra, sabe, que aquilo existe. Quantas pessoas falam para mim: ‘Fiquei horas lendo teu livro’. Mães que dizem: ‘Pô, meu filho estava rindo de madrugada, quando abri a porta para dar bronca, ele não estava vendo nada de vídeos no YouTube, ele estava lendo seu livro’. Então, eu acho que, quando essa mágica acontece, o livro tem esse poder”.

Ao ser questionada sobre a importância de abordar temas sensíveis como menopausa, separação e etarismo no livro Felicidade Inegociável e Outras Rimas, Thalita Rebouças argumenta que boa parte de seu público não está passando por essa fase, mas ela acredita que tem um papel importante nesse processo de tomada de consciência. “Primeiro que eu acho que acabo preparando elas. Porque ninguém me preparou, ninguém me disse como seria. Até porque ninguém falava sobre isso, né? Hoje em dia se fala sobre tudo. Então, eu quero falar para as mulheres como é. E que não vai ser fácil. Eu encaro o envelhecimento, o amadurecimento, como uma segunda adolescência”.

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Ao falar sobre o significado do trecho do livro “o sorriso não tem idade e é sozinha que a gente aprende a se amar de verdade”, a escritora carioca revelou que essa felicidade inegociável a que se refere no título é a paz. “Acho, de verdade, que só entendi o significado de paz depois dos 45 anos. A gente deseja tanta paz, luz e tal, e eu só entendi o que é paz quando a tive de verdade. E isso inclui o que estou falando aqui, de não ligar para o que os outros dizem, de conseguir cortar relacionamentos tóxicos”.

Thalita Rebouças aproveitou o espaço e o público presente para incentivar novos talentos. “Não tenham medo, escritores, de se venderem. Eu dizia isso, gente, eu dizia isso. Vai que eu tenho uma fila em zig-zag amanhã... E hoje eu tenho uma fila em zig-zag. Então, isso foi muito por acreditar em mim. O que eu digo para todos vocês que escrevem é: acreditem em vocês. Porque, quando a gente acredita na gente, o outro presta atenção”.

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DEPOIMENTOS.

Pela primeira vez na Flica, Darjorie Carvalho, de 29 anos, revelou que Thalita é uma escritora que a salvou muitas vezes. Leitora dela desde os 13 anos, ela lembra que, no intervalo da escola, viu uma colega que era referência lendo seu livro. “Questão de ansiedade, questão de autoestima, os livros dela trazem isso para a gente. E são livros que contam histórias atemporais. Ela abriu o mundo da literatura para mim. Foi por causa dela que comecei a ler outros livros, e foi por causa dela que conheci outras pessoas. Então, eu só tenho a agradecer a ela e à Flica pela oportunidade”.

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Para o futuro educador do município de Ibicaraí, Jhemisson Vitor, de 23 anos, a Flica tem um papel relevante para fomentar a cultura. “Thalita traz aí uma ótima fala, e de como nós devemos nos portar em relação a outras pessoas. Precisamos valorizar ainda mais esses espaços, porque só a educação pode transformar a realidade”.

A professora aposentada Nanci Neide Santos Araújo, de 59 anos, elogiou a 12ª edição da Flica e salientou que eventos como esse fazem com que os jovens deixem as telas de lado e tenham contato com seus escritores preferidos. “Esse evento cultural é muito importante. Estamos vivendo uma era muito difícil com as crianças e adolescentes. Seria muito bom que os pais tivessem essa consciência e trouxessem as crianças e os adolescentes para prestigiar o evento”.

FLICA.

Nesta edição, os principais espaços são a Tenda Paraguaçu, Fliquinha e Geração Flica, além da programação artística, dividida entre o Palco Raízes e o Palco dos Ritmos. Todos os espaços têm indicação etária livre e contam com acessibilidade, tradução em Libras e audiodescrição. A curadoria da Flica é formada por Calila das Mercês, Emília Nuñez, Deko Lipe e Linnoy Nonato. A Coordenação Geral é assinada por Vanessa Dantas, Diretora Excutiva da Fundação Hansen Bahia.

A Flica 2024 é uma realização da Fundação Hansen Bahia (FHB), em parceria com a Prefeitura de Cachoeira, LDM (livraria oficial do evento), CNA NET (internet oficial do evento) e conta com o apoio da Bracell, ACELEN, Bahiagás, Governo do Estado da Bahia, através da Bahia Literária, ação da Fundação Pedro Calmon/Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação, Caixa e Governo Federal.