O Governo do Paraná divulgou nesta quarta-feira (2) a relação de 123 projetos de extensão classificados para a segunda etapa do programa Universidade Sem Fronteiras (USF) , edição de 2024. A iniciativa tem foco na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos de municípios com as menores taxas no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), sendo um dos principais critérios de avaliação para a seleção das propostas, que serão desenvolvidas ao longo de um ano. Nesta edição do programa foram inscritas 133 ações extensionistas.
A previsão de investimento é de R$ 20,4 milhões, com limite de R$ 180 mil por projeto. O aporte financeiro é do Governo do Estado, por meio do Fundo Paraná de fomento científico, administrado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). O valor representa um incremento de 100% em relação ao ano passado, quando foram destinados R$ 10,2 milhões para a execução de 100 projetos de extensão.
Os coordenadores das propostas classificadas para a segunda fase receberão um comunicado para proceder com eventuais ajustes e encaminhar a documentação necessária.
Entre as ações extensionistas aprovadas na primeira etapa, 116 são das sete universidades estaduais do Paraná, seis de instituições de ensino superior federais e uma do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR) – que desenvolve ações dentro da extensão rural. Dos 116 projetos, 102 serão desenvolvidos em 66 cidades com os menores índices de IDH. Algumas cidades podem receber mais de um projeto.
As propostas contemplam temas relacionados aos três indicadores de avaliação utilizados pelo índice: educação, saúde e renda.
A maior parte dos recursos, até R$ 145 mil, será aplicada no custeio de bolsas-auxílio mensais, sendo R$ 3.200 para profissionais recém-graduados, R$ 1.192 para estudantes de graduação e R$ 1.649 para os professores orientadores dos projetos. Em cada ação, até R$ 35 mil podem ser reservados para a cobertura de despesas com a locomoção, estada e alimentação dos bolsistas, durante as atividades dos projetos.
ACADEMIA E COMUNIDADE– Segundo o coordenador da Unidade Executiva do Fundo Paraná, Luiz Cézar Kawano, a extensão universitária aproxima a academia da comunidade e facilita a troca de conhecimentos e experiências. “As iniciativas extensionistas promovem a formação integral dos universitários, por meio de vivências práticas que complementam o conteúdo teórico e, ao mesmo tempo, contribuem para uma sociedade mais justa e inclusiva, valorizando a participação cidadã e a diversidade cultural, aspectos importantes para promover mudanças sociais”, afirma.
O programa USF é considerado uma política pública de estado, com amparo na Lei Estadual n.º 16.643/2010 . O intuito, conforme a legislação, é contribuir para o cumprimento da função social das instituições de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica, a partir da solução de desafios das comunidades locais, além da produção e disseminação do conhecimento em diferentes áreas e formação de alunos e profissionais recém-graduados.
EMPREENDEDORISMO– Neste ano, pela primeira vez, o edital de seleção do programa Universidade Sem Fronteiras contemplou propostas para o desenvolvimento de iniciativas de extensão relacionadas às incubadoras solidárias das universidades. Foram aprovados oito projetos nesta modalidade, com ações previstas para 34 municípios do Centro-Sul, Noroeste e Norte do Estado, do Litoral, dos Campos Gerais e da Região Metropolitana de Curitiba.
As propostas incluem, entre vários aspectos, capacitação de trabalhadores, com foco em direitos humanos e na promoção de negócios sociais, e práticas de economia circular para cooperativas de reciclagem. Com um enfoque em ações transformadoras, essas incubadoras buscam integrar teoria e prática, promovendo o desenvolvimento sustentável e a inclusão social, ao mesmo tempo em que oferecem suporte e extensão para o fortalecimento de empreendimentos solidários.
PROJETOS– As universidades estaduais de Londrina (UEL) e de Ponta Grossa (UEPG) aprovaram 16 projetos cada, com foco em inclusão social, educação e saúde. As iniciativas da UEL incluem ações para prevenção à violência contra as mulheres, cidadania digital e formação de gestores nas relações étnico-raciais, além de projetos voltados para a sustentabilidade e apoio a egressos do sistema penal. A UEPG destaca a formação de docentes indígenas, capacitação para produtores rurais e proteção a crianças vítimas de violência, refletindo seu compromisso com a comunidade.
A Universidade Estadual do Paraná (Unespar) obteve aprovação de 17 projetos que abordam saúde, educação inclusiva e sustentabilidade. As ações incluem a promoção da saúde mental nas escolas, reinserção social de mulheres privadas de liberdade e tratamento de água, além de qualificação profissional para jovens em comunidades vulneráveis. Essas iniciativas visam fortalecer a inclusão e o bem-estar social.
A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) conquistou aprovação de 25 projetos focados em saúde, educação e empoderamento social. Entre as propostas, destacam-se a equoterapia para crianças neurodivergentes e o apoio a mulheres em situação de vulnerabilidade. Outros projetos reforçam a educação ambiental e buscam melhorar a qualidade de vida na comunidade.
Das 20 propostas selecionadas da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), as ações enfatizam a atenção primária à saúde, agroecologia e empreendedorismo feminino, buscando promover o bem-estar social e a sustentabilidade econômica.
Os outros projetos selecionados nesta edição do USF são do IDR-Paraná, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). As ações incluem a integração de tecnologia à educação e a promoção da produção sustentável de hortaliças. Além disso, iniciativas voltadas para práticas inclusivas no ambiente escolar e o fomento à inovação na educação também estão entre os destaques. Há ainda propostas que tratam de desafios contemporâneos em ciências e matemática, incentivando uma abordagem colaborativa para o aprendizado.
POLÍTICA DE EXTENSÃO– Em 2022, foi instituída a Política de Extensão Universitária do Paraná , que estabelece um modelo de interação entre as universidades estaduais e a sociedade, com enfoque na transformação social. A normativa busca articular a integração das ações extensionistas com iniciativas de pesquisa e inovação na formação acadêmica e no desenvolvimento territorial. A ideia é que as instituições de ensino superior atendam demandas sociais, culturais e educativas da população, reforçando o compromisso com o desenvolvimento local e regional.