Educação Piauí
Programa Pró-Equidade da Uespi debate maternidade, saúde mental e mundo do trabalho
O evento explorou as intersecções entre maternidade, saúde mental e as exigências do ambiente profissional.
23/09/2024 14h30
Por: Redação Fonte: Secom Piauí

O programa estadual Pró-Equidade de gênero, raça e diversidade da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) promoveu, nesta segunda-feira (23), uma mesa temática com o título “Maternidade, Saúde Mental e Mundo do Trabalho“. O evento explorou as intersecções entre maternidade, saúde mental e as exigências do ambiente profissional, reunindo discentes e funcionários da Uespi para um debate fundamental.

Discutir essa temática se tornou essencial em uma sociedade onde as mulheres enfrentam múltiplos desafios ao tentar equilibrar a vida profissional com a criação de filhos. O impacto desse cenário ultrapassa a rotina diária, afetando não apenas a saúde mental das mães, mas também seu desenvolvimento profissional. A maternidade, combinada com as demandas do trabalho, frequentemente resulta em sobrecarga emocional e estresse, podendo levar a problemas mais sérios, como ansiedade e depressão.
 

Foto: Reprodução/Secom Piauí

A Psicóloga Juma Frota, uma das palestrantes,  destacou os impactos significativos na saúde mental das mulheres.  “São vários os fatores que afetam a saúde mental nesse período. A privação do sono é uma questão significativa, assim como a perda de autonomia, uma vez que a mãe direciona toda a sua atenção para o bebê”.

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Juma Frota enfatizou a importância de estar atenta aos sinais de alerta que podem indicar problemas de saúde mental durante e após a gestação.  “Com a gestação, os hormônios ficam todos alterados, à flor da pele, o que pode levar à instabilidade emocional.” Muitas mães acabam se isolando de suas atividades rotineiras, intensificando alterações no padrão de sono.

“Nos primeiros dias é humanamente impossível ter uma rotina de sono estável, mas o excesso de privação pode agravar vários problemas, como transtornos de ansiedade e depressão”. Diante dessa realidade, ela destaca a importância de uma rede de apoio. “É fundamental que as mães tenham um suporte emocional e prático. Caso percebam sinais como a persistência da tristeza, irritabilidade excessiva, dificuldade em se conectar com o bebê ou alterações significativas no sono e apetite, é essencial procurar ajuda profissional”.
 

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Foto: Reprodução/Secom Piauí
Pró-Equidade realiza mesa temática sobre maternidade, saúde mental e mundo do trabalho

Além de contar com o apoio, a psicóloga sugere práticas de autocuidado que podem fazer a diferença. “É importante lembrar que, apesar de ser mãe, você não vai conseguir dar conta de tudo. A rotina muda, mas encontrar pequenos momentos para si mesma é essencial. Tente priorizar uma rotina de sono quando possível e resgatar atividades que você gostava de fazer antes de ser mãe.”
Ela recomenda também passar tempo com pessoas da família que possam ajudar, permitindo que a mãe tenha momentos para relaxar e cuidar de si. “Essas práticas, mesmo que pequenas, são fundamentais para o bem-estar. Às vezes, as mães estão tão ocupadas que nem conseguem tomar um banho direito. Então, cuidar de si deve ser uma prioridade, mesmo em meio à correria da maternidade.”

A assistente social, Indira Aragão, destacou a sobrecarga de atribuições como um dos principais obstáculos enfrentados por essas mulheres. “Os desafios se referem justamente a essa sobrecarga que a mulher moderna tem assumido, fruto tanto dos papéis socialmente determinados para o ser mulher quanto da sociedade que cobra uma produtividade intensa”, afirma.
 

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Foto: Reprodução/Secom Piauí

Indira Aragão também observou que essa pressão resulta em um acúmulo de responsabilidades, onde as mães precisam equilibrar as demandas do trabalho com as exigências familiares. “Muitas vezes, elas se veem obrigadas a desempenhar funções tanto no ambiente profissional quanto em casa, sem o devido reconhecimento ou apoio”, explica.  Ela ressaltou que as políticas públicas desempenham um papel crucial no apoio às mulheres, especialmente em momentos de maternidade. “É fundamental que haja ações que promovam a equidade de gênero e enfrentem as diversas formas de violências vivenciadas pelas mulheres”.

A assistente social ressaltou que para criar um ambiente mais acolhedor é necessário implementar programas que ofereçam suporte psicológico e social às mães.  Além disso, ela aponta a importância de políticas que garantam licença-maternidade e paternidade mais amplas, bem como condições de trabalho que considerem as necessidades das mães. “A implementação de horários flexíveis, creches nos ambientes de trabalho e suporte para a saúde mental são essenciais para que as mulheres consigam equilibrar suas responsabilidades profissionais e familiares”, conclui.

Foto: Reprodução/Secom Piauí
O evento explorou a maternidade, saúde mental e as exigências do ambiente profissional