Meio Ambiente Minas Gerais
Concessão pioneira de coleta e destinação de resíduos no país irá atrair mais de R$ 1 bilhão em investimentos no Triângulo Mineiro
Cerca de 430 mil pessoas dos oito municípios que integram o Convale serão beneficiadas com os serviços
14/04/2022 15h10
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: Secom Minas Gerais

Mais de R$ 1 bilhão serão investidos na prestação dos serviços de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final de resíduos sólidos urbanos (RSU) em oito municípios que integram o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Regional do Vale do Rio Grande (Convale/MG), no Triângulo Mineiro. O trabalho será realizado pelo Consórcio S, que venceu a concorrência pública para a contratação dos serviços na manhã desta quinta-feira (14/4), na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo (SP).

Representado pela corretora Ativa Investimentos, o grupo ganhou a disputa com fator K de 0,6983, o que representa um deságio de 30,17%. Fator e multiplicador K representam valores a serem aplicados sobre a estrutura tarifária prevista no leilão.

Esta é a primeira concessão para resíduos sólidos urbanos realizada no Brasil, pioneira por adotar o tipo de concessão para a prestação regionalizada dos serviços. A empresa apresentou a menor tarifa a ser paga por cerca de 430 mil habitantes dos municípios de Uberaba, Sacramento, Campo Florido, Conceição das Alagoas, Delta, Água Comprida, Veríssimo e Planura, que serão beneficiados pelos serviços. De acordo com o projeto, o Consórcio S deverá investir R$ 164,7 milhões na implementação de empreendimentos na região do Convale/MG (Capex) e R$ 944 milhões em operação e manutenção (Opex) durante os 30 anos de contrato.

O projeto para a concessão dos serviços e a licitação foram construídos com recursos do Fundo de Estruturação de Parcerias Público-Privadas (FEP), da Caixa Econômica Federal, nos moldes estipulados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), pela Secretaria Especial do Programa de Parcerias e Investimentos (SPPI) e pela Caixa Econômica Federal.

O governador Romeu Zema acompanhou a sessão pública e destacou o pioneirismo de Minas nessa ação.
 

Gil Leonardi / Imprensa MG

“Minas Gerais está sendo pioneira neste avanço. Quando você reduz lixões, você tem maior preservação do meio ambiente, gera empregos porque o percentual de reciclagem aumenta e melhora a saúde da população, pois isto significa menos lençóis de água contaminados, menos lixo esparramado. É uma pauta muito importante, principalmente com a parceria com o setor privado, já que o Estado e as prefeituras não teriam condições de fazer este investimento de R$ 1 bilhão nas próximas três décadas. Então, Minas Gerais mais uma vez está demonstrando que é possível fazer diferente e melhor”, afirmou o governador.

O ministro do Desenvolvimento Regional, Daniel Duarte Ferreira, falou sobre a importância da união dos setores para que o projeto fosse realizado.

“Parabéns a todos pela coragem em unir esforços para o bem dos cidadãos. O que a gente está fazendo aqui hoje vai ficar para a história. Quando o lixo passa a ser um bom negócio a gente acredita mais que o Brasil vai dar certo, que tem jeito. O marco do saneamento é uma revolução na vida de todos os brasileiros, pois estamos falando da universalização dos serviços”, disse.

Também participaram da sessão pública o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, a secretária especial da SEPPI, Martha Seillier, a prefeita de Uberaba, Elisa Araújo, e demais autoridades.

Benefícios

A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) , Marília Melo, também destacou, dentre as diretrizes do projeto e ganhos ambientais previstos, o fomento à coleta seletiva, redução dos resíduos orgânicos e de recicláveis destinados ao aterro, redução da emissão de gases do efeito estufa, recuperação energética de resíduos sólidos, inserção de catadores de recicláveis, além da recuperação de custos.

Gil Leonardi / Imprensa MG

“Agregando os municípios neste consórcio, a gente conseguiu ter uma redução de tarifas. Do ponto de vista ambiental, a gente diminui a quantidade de lixões no estado. E não é apenas a destinação final, é o cumprimento da política de resíduos sólidos, que fala em reciclagem, em reutilização e destinação do lixo, então é um grande passo do estado de Minas Gerais”, afirmou a secretária Marília.

Destaca-se que a Semad firmou Termo de Cooperação Técnica com o Convale/MG, por meio do qual os gestores da secretaria oferecem apoio técnico e orientativo aos municípios consorciados na construção conjunta de soluções para a adequada gestão e manejo de resíduos sólidos urbanos.

O projeto

O projeto do Convale/MG é um dos cinco projetos-piloto do FEP/Caixa e teve um período de amadurecimento e desenvolvimento de 24 meses.

Espera-se que essa concessão abra as portas para diversas outras no setor, reconhecidamente carente de investimentos no país e que poderá se tornar um marco relevante para o desenvolvimento de projetos de resíduos em consórcios intermunicipais.
 

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Consórcios públicos intermunicipais

Os consórcios públicos intermunicipais têm se revelado um importante instrumento de ação dos municípios que podem unir esforços, somar recursos, bens e pessoal para a solução de problemas que lhes são comuns, neste caso a gestão de resíduos sólidos que, de forma isolada, não conseguiriam obter o mesmo resultado.

A prestação regionalizada dos serviços possibilita maior viabilidade técnica, ambiental e econômico-financeira, uma vez que favorece o ganho de escala e resulta em tarifas melhores para todos os cidadãos atendidos pelo projeto. Rodrigo Franco, Subsecretário de Gestão Ambiental e Saneamento da Semad, reforça que o Governo do Estado possui atualmente 19 Termos de Cooperação Técnica (TCT) firmados com consórcios públicos intermunicipais para a realização de ações conjuntas com vistas à gestão adequada dos RSU.

Rodrigo Franco destaca, ainda, que um segundo projeto que abrange 35 municípios pertencentes ao Consórcio Intermunicipal Multifinalitário do Centro-Oeste Mineiro (Cias Centro-Oeste) já está em fase de elaboração dos estudos de viabilidade, para posterior estruturação do contrato, consulta pública e licitação, também com recursos do FEP, da Caixa Econômica Federal.

Os 19 consórcios públicos intermunicipais em cooperação técnica com a Semad abrangem cerca de 340 municípios do estado. Essa ação de cooperação e fortalecimento dos consórcios vai ao encontro das determinações do novo marco legal do saneamento básico, que incentiva a prestação regionalizada desses serviços à população.

Avanços em saneamento básico

Minas Gerais está em fase final de elaboração de seu Plano Estadual de Saneamento Básico (Pesb-MG). Em 11/4, foi realizada a Conferência Estadual “Unindo Minas pelo Saneamento”, momento de discussão e contribuições ao Pesb-MG por todos os atores envolvidos com a temática e pela população mineira em geral, abordando os quatro eixos do saneamento: abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos urbanos e drenagem de águas pluviais.

Com relação aos resíduos sólidos urbanos, Minas Gerais caminha rumo ao atendimento das metas previstas no Marco Legal do Saneamento Básico, que determina o prazo máximo para o fim dos lixões até 2024. Atualmente, dos 853 municípios do estado, 469 possuem destinação regularizada dos resíduos sólidos urbanos, correspondendo a cerca de 71% da população urbana do estado.

De 2019 a 2022, houve significativa redução do número de lixões no estado, que passou de 360 a 308 lixões. O fortalecimento dos consórcios públicos e da gestão compartilhada dos RSU que vem sendo trabalhados em Minas Gerais são fundamentais para o alcance das metas previstas na legislação.