Resultado representa um crescimento de 1,76% na comparação com a safra anterior (Foto: Aires Mariga/Epagri)
A safra catarinense de feijão 2023/2024 foi totalmente colhida. Os dados sobre a área plantada, produção e produtividade estão em fase de fechamento. Contudo, os números preliminares apontam que a produção catarinense de feijão chegou a 116 mil toneladas (somada a produção da primeira e da segunda safra). As informações constam no Boletim Agropecuário do mês de junho. A quantidade produzida é 1,76% maior do que a registrada na safra anterior. O crescimento se deve, especialmente, ao aumento da área plantada, que cresceu cerca de 6% e, segundo as últimas estimativas, chegou a 63,5 mil hectares.
No mês de maio, os preços recebidos pelos produtores de feijão-carioca tiveram uma desvalorização de quase 16% na comparação com o mês anterior. A saca de 60kg, que em abril teve um preço médio de R$180,97, em maio foi comercializada, em média, por R$151,54. No caso do feijão-preto, o preço médio pago aos produtores teve um recuo de 5% na comparação com o mês anterior: passou de R$199,94 para R$189,61 a saca de 60kg. Esse preço é menor do que o registrado em maio de 2023. Na comparação anual, a saca de feijão-carioca teve uma desvalorização de 42,9% e a de feijão-preto um decréscimo de 11,7%.
Conforme o analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, João Alves, essa movimentação do mercado se deve à manutenção da oferta em patamares elevados. Embora a produção gaúcha tenha sido afetada pelas enchentes, a safra paranaense de feijão superou as expectativas. Mesmo assim, a relação entre a produção e os preços médios obtidos pelos produtores catarinenses é tida como positiva, especialmente para aqueles que investiram na segunda safra de feijão-preto.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no Brasil, a área plantada com feijão segunda safra cresceu 10,6%, a produtividade média deve ter um incremento de 13,2% e a produção aumentará cerca de 25,2%. Com isso, ao se levar em consideração as três safras nacionais de feijão, a temporada 2023/24 deverá chegar ao final do ciclo com uma produção de 3,3 milhões de toneladas, 9,5% a mais do que na safra anterior.
O Boletim Agropecuário é uma publicação mensal do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa). A íntegra do documento está disponível no site do Observatório Agro Catarinense , da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária . A seguir, mais informações do Boletim:
O relatório de junho confirma a estimativa de redução da produção total de milho no Estado. Os dados apontam uma produção de 2,26 milhões de toneladas, 22,8% menor do que a da safra anterior. As condições climáticas do início da safra impactaram no potencial produtivo. A colheita está em fase de finalização. Até o início de junho, cerca de 80% da área estimada na segunda safra foi colhida.
Em maio, os preços médios pagos aos produtores pela saca de milho apresentaram uma elevação de 2,8%, na comparação com o mês anterior. Quando se observa o mesmo período do ano passado, a valorização foi de 3,72%. A elevação do consumo do cereal no Brasil (rações e etanol) e a menor produção nacional na safra 2023/24 devem afetar o balanço entre oferta e demanda.
A produção total prevista para a safra catarinense de soja 2023/2024 é de 2,79 milhões de toneladas. Isso representa uma redução de 6,9% na comparação com a safra anterior. Embora a expectativa seja de redução da produtividade média, o aumento da área de cultivo compensou parte das perdas.
No mercado, os preços da soja recuperou os patamares do início do ano. Em maio, o crescimento no preço médio foi de 4,5% em relação ao mês anterior. Essa movimentação do mercado foi influenciada pela redução da produção nacional estimada para a safra 2023/2024, o aumento da demanda interna por derivados e as chuvas intensas e inundações em áreas de cultivo no Rio Grande do Sul.
Em maio, os preços médios recebidos pelos produtores catarinenses de trigo começaram a reagir. A variação mensal registrou uma alta de 2,16% no preço pago ao produtor catarinense. Contudo, na comparação anual, em termos nominais, a variação permanece negativa. Os preços recebidos em maio deste ano estão 11,66% abaixo dos registrados no mesmo mês de 2023. Nas primeiras semanas de junho, os preços médios pagos aos produtores catarinenses de trigo continuaram com movimento de alta, cotado a R$67,72 a saca de 60kg.
Para o novo ano agrícola, que inicia no mês de julho, a expectativa é uma produção de aproximadamente 433 mil toneladas de trigo em Santa Catarina. A produtividade média estadual deverá ficar em torno de 3.452 quilos por hectare, um aumento de 54% em relação à safra anterior. Esse incremento estimado na produtividade se deve à quebra na safra anterior, marcada por excesso de chuvas na época de colheita.
No mercado atacadista em Santa Catarina, entre abril e maio, os preços da maçã apresentaram valorização devido à baixa oferta da fruta na safra de 2023/24. Nas centrais de abastecimento nacionais também houve redução no volume comercializado e consequente valorização nos preços da fruta catarinense. Nos cinco primeiros meses do ano, na Ceagesp, a quantidade de maçã de origem catarinense comercializada foi 2,5% menor do que no mesmo período do ano anterior. Já o valor total negociado superou em 23% os do mesmo período de 2023.
Nas principais regiões produtoras catarinenses, a maçã Gala está com os preços valorizados e a expectativa é que as classificadoras mantenham a fruta estocada em atmosfera controlada para comercialização no segundo semestre. Para a maçã Fuji, também com cotações valorizadas, a tendência é de manutenção nos preços com menor oferta em junho. Em maio, a expectativa é que a safra estadual 2023/24 tenha uma redução de 18,9% na comparação com a safra anterior.
Os preços do arroz em casca, no mês de maio e na primeira quinzena de junho, apresentaram valorização em função da prolongada enchente ocorrida no Rio Grande do Sul. De abril a junho, os preços gaúchos variaram positivamente em torno de 20%, enquanto em Santa Catarina essa variação foi de aproximadamente 13%.
A safra catarinense 2023/2024, que foi 100% colhida, teve uma redução de aproximadamente 0,9% na área plantada. A ocorrência de chuvas excessivas, baixa luminosidade, excesso de nebulosidade, dificuldade de execução de tratamentos fitossanitários e excesso de calor na floração, prejudicou o desenvolvimento das lavouras. Por isso, a produtividade recuou 8,36% na comparação com a safra anterior.
No mês de maio, o preço médio pago aos produtores catarinenses pelo quilo de alho , categoria 2-3, foi de R$11,25, redução de 13,46% em relação ao mês de abril. Situação semelhante ocorreu para as categorias 4-5 e 6-7, com redução de 15,27% e 7,22%, respectivamente. A estimativa inicial para a safra estadual de alho 2024/25 é de uma redução de 34% na área plantada, na comparação com a safra anterior.
Tendo em vista a quebra registrada na última safra, para o próximo ano agrícola se espera uma produção 44,43% maior, estimada em 6,9 mil toneladas. O motivo é a estimativa de produtividade, que pode alcançar 10,53 toneladas por hectare. Nos primeiros cinco meses de 2024, as importações nacionais de alho foram de 79,56 mil toneladas, 23,84% superiores ao mesmo período do ano passado. O motivo é a baixa oferta interna da hortaliça.
O preço médio pago ao produtor de Santa Catarina pelo quilo da cebola , no mês de maio, foi de R$4,12. As importações nos primeiros cinco meses de 2024 ultrapassam 226 mil toneladas, volume recorde para o período nos últimos anos, estimuladas pela baixa oferta interna. A estimativa de área plantada para a safra estadual 2024/25 é de aproximadamente 17,4 mil hectares, redução de 5,89% em relação à safra 2023/2024.
Mesmo com a redução da área, a produção total é estimada em pouco mais de 521 mil toneladas, aumento de 37,44% em comparação com a safra anterior. O motivo é a expectativa de aumento da produtividade, já que a safra 2023/2024 teve a produção frustrada por problemas climáticos.
Nas duas primeiras semanas de junho, o preço médio estadual da arroba do boi gordo manteve-se praticamente inalterado em relação ao registrado no mês anterior (variação de apenas -0,04%). Na comparação com o valor recebido pelos produtores em junho de 2023, verifica-se queda de 14,1%. Os preços de atacado da carne bovina, por sua vez, apresentaram alta de 2,7% em relação ao mês anterior.
De acordo com os dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), sistematizados pela Epagri/Cepa, de janeiro a maio deste ano foram produzidos e abatidos no estado 266,4 mil cabeças, alta de 5,5% em relação aos abates do mesmo período de 2023.
Em maio, Santa Catarina exportou 89,7 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada). Isso representa uma queda de 13,6% em relação aos embarques do mês anterior, mas alta de 2,2% na comparação com os de maio de 2023. As receitas foram de US$173,4 milhões, quedas de 13,6% em relação às do mês anterior e de 12,4% na comparação com as de maio de 2023.
No acumulado de janeiro a maio, Santa Catarina exportou 471,2 mil toneladas, com receitas de US$895,3 milhões. Ou seja, uma alta de 3,8% em quantidade, mas queda de 9,0% em receitas, na comparação com os valores do mesmo período do ano passado. O Estado foi responsável por 23,7% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango nos cinco primeiros meses do ano.
Em maio, Santa Catarina exportou 54,4 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos). Isso representa uma queda de 10,1% em relação ao montante do mês anterior, mas uma alta de 1,2% na comparação com os embarques de maio de 2023. As receitas foram de US$122,5 milhões, quedas de 11,7% na comparação com as do mês anterior e de 11,8% em relação às de maio de 2023.
No acumulado de janeiro a maio, o Estado exportou 275,6 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$614,8 milhões. Ou seja, alta de 5,9% em quantidade, mas queda de 4,4% em receitas, em relação às do mesmo período de 2023. Santa Catarina respondeu por 58,7% das receitas e por 56,7% do volume de carne suína exportada pelo Brasil este ano.
Segundo novos dados da Pesquisa Trimestral do Leite, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), no primeiro trimestre de 2024 as indústrias brasileiras adquiriram 6,2 bilhões de litros. Isso é 3,3% a mais do que o registrado no primeiro trimestre de 2023. Em Santa Catarina o crescimento foi maior e chegou a 8%. Nos primeiros cinco meses de 2024, as importações brasileiras de lácteos equivaleram a 898 milhões de litros de leite cru. Estima-se que essa quantidade representou 8,1% da oferta total no período.
No mês de junho, o preço médio pago nas principais regiões produtoras de Santa Catarina pelo litro de leite aumentou pelo sétimo mês consecutivo (chegou a R$2,57). Mesmo assim, em nenhum dos meses de 2024 o preço pago ao produtor alcançou o mesmo patamar de 2023.
Leia a íntegra do Boletim Agropecuário de junho aqui.
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