Meio Ambiente Amparo à Pesquisa
Com investimento da Fapac, pesquisa vai analisar impactos de mudanças climáticas na mortalidade das árvores do estado
A doutora em Biodiversidade e Biotecnologia, Simone Matias, está desenvolvendo uma pesquisa voltada para entender o impacto das mudanças climáticas...
10/02/2024 11h42
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: Secom Acre

A doutora em Biodiversidade e Biotecnologia, Simone Matias, está desenvolvendo uma pesquisa voltada para entender o impacto das mudanças climáticas na mortalidade das árvores da região e, consequentemente o acúmulo de carbono em área do estado. O projeto foi submetido e aprovado noProgramaPrimeiros Projetos (PPP),financiado com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (Fapac), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Pesquisa avalia impacto das mudanças climáticas na mortalidade de árvores e emissão de carbono. Foto: Marcos Vicentti/Secom

Simone explica que o objetivo é entender como as mudanças climáticas estão impactando na emissão e absorção de carbono nas florestas do estado.

Um artigo elaborado por pesquisadores do Acre, intitulado “Extremos Climáticos na Amazônia: aumento das secas e inundações no estado brasileiro do Acre”, foi publicado na revista Perspectives in Ecology and Conservation, em dezembro do ano passado, e atesta que o estado do Acre é uma das regiões brasileiras mais afetadas por eventos climáticos extremos, o que tem se tornado recorrente, principalmente a partir de 2010.

Continua após a publicidade
google.com, pub-9319522921342289, DIRECT, f08c47fec0942fa0

A pesquisa de Simone pretende justamente avaliar parte desses impactos. “Essas mudanças têm contribuindo cada vez mais para a fragmentação de árvores, o que deixa essa floresta mais aberta, sujeita à entrada de fogo, por exemplo. Com isso, essas árvores acabam morrendo e, com essa maior mortalidade de árvores, vai diminuir a quantidade de carbono. Ou seja, aumenta a quantidade de carbono na atmosfera porque a floresta vai perdendo um pouco do serviço, que é essa absorção do carbono”, explica.

Estudos devem ter duração de 18 meses e disponibilizarão dados para tomada de decisões e outras pesquisas. Foto: Marcos Vicentti/Secom

Como será a pesquisa

O estudo vai avaliar áreas como Humaitá (que faz fronteira com o estado acreano); Fazenda Experimental Catuaba, em Senador Guiomard, e Parque Zoobotânico, em Rio Branco. Algumas dessas áreas já foram limitadas em outras pesquisas pela Universidade Federal do Acre (Ufac).

Continua após a publicidade
google.com, pub-9319522921342289, DIRECT, f08c47fec0942fa0

“Alguns pesquisadores já vinham analisando essas parcelas, que chamamos de parcelas permanentes, porque já é uma área marcada. Então, vamos naquela área, identificamos as árvores, é colocada uma placa e aí podemos acompanhar, no decorrer dos anos, se ela cresceu, se está viva ou morta e quantidade de carbono que está acumulando”, explica.

A ideia de delinear uma área no Parque Zoobotânico dentro da Ufac é poder acompanhar mais de perto, já que as outras áreas ficam em locais mais distantes. Já dentro da universidade, esse deslocamento é facilitado e pode ser feito mensalmente.

Continua após a publicidade

Para ter os detalhes desse cenário, cestos são colocados na base das árvores para que todas as folhas caiam nesse espaço delimitado. A partir disso, é feito a pesagem desse material e é calculada a biomassa desses orgânicos.

“Esse cesto vai pegar tudo de folha que cair ali naquela área. Com isso, a gente sabe quanto que as copas das árvores estão liberando de carbono. No Acre, não temos muitos estudos que falem da deciduidade das florestas, então agora a gente consegue acompanhar os meses, de agosto, setembro, avaliando se está caindo poucas ou muitas folhas, considerando esse volume de acordo com a sazonalidade”, esclarece.

Nesse processo, quanto mais a árvore perde folhas, mas ela emite gás carbônico, o que é ruim para o meio ambiente.

Além dos cestos, a pesquisa envolve equipamentos como paquímetro, balança de precisão e estufas. Todo o material coletado no período do levantamento também será disponibilizado para outras pesquisas dentro ou fora do ambiente acadêmico.

“Outro dado importante que vamos obter é saber qual espécie de árvore é mais resistente às mudanças climáticas, o que vai nos possibilitar sugerir esse tipo de árvore para os trabalhos de recuperação e reflorestamento que já existem em todo o estado”, relata.

Pela quantidade de folhas caídas pode-se avaliar emissão e absorção de carbono. Foto: cedida

Incentivo à pesquisa

Entre os seis projetos que tiveram o investimento de R$ 420 mil, Simone é a única mulher entre os aprovados. Ela disse que se sente honrada em ser a representante feminina, mas destacou que queria ver mais mulheres desenvolvendo trabalhos importantes para a ciência.

“Minha presença como única mulher também é uma forma de tentar fortalecer mais o público feminino na área da pesquisa no estado”, reforça.

A secretária do Meio Ambiente, Julie Messias, afirmou que o incentivo ao ambiente científico é fundamental para a geração de conhecimento, pois quando aplicado fortalece a gestão pública:

“Na área ambiental, a pesquisa científica tem o potencial de orientar as políticas públicas, gerando instrumentos que podem garantir maior eficiência da execução de ações de preservação, conservação, alternativas sustentáveis para a produção e outros.”

Pesquisa também deve apontar qual árvore é mais resistente às mudanças climáticas. Foto: Marcos Vicentti/Secom

Projetos

A interação entre meio ambiente e desenvolvimento é definida como bioeconomia, e o governo do Acre, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (Fapac), em parceria com Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),está investindo R$ 420 mil em seis pesquisas que devem fazer o estado avançar nessa área, que tem sido um dos focos da gestão de Gladson Cameli.

Os recursos são provenientes do Edital nº 002/2023 – Programa Primeiros Projetos (PPP), que tem o objetivo de apoiar pesquisadores com, no máximo, oito anos de doutorado e que não sejam bolsistas de produtividade do CNPq. Todos os projetos são executados por pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac) e cada um teve o investimento de R$ 70 mil e tem prazo de execução de 18 meses, contando desde dezembro do ano passado.