Tipos de tintas passam a ter peso na escolha da tatuagem
Quando as pessoas vão atrás das primeiras tatuagens, é comum pensarem em quais desenhos serão feitos,no lugar onde farão, se será mais ou menos dol...
18/01/2024 14h32
Por: Fábio Costa PintoFonte: Agência Dino
A busca das pessoas por ter uma ou mais tatuagens muitas vezes aparenta ser simples, com a busca por um profissional de qualidade e confiança que, além de entregar um trabalho bem feito, possa caber no bolso e traga a maior satisfação possível.
Entretanto, além desses pontos, que realmente importam e pesam para as pessoas e profissionais, existem outros motivos para que a escolha seja feita da melhor forma possível, como o tipo de traço que o tatuador é acostumado e capaz de fazer. Além desse aspecto, com o passar dos anos, mais uma variável entrou na equação da escolha, o tipo de tinta a ser usada na arte.
Porém, esse assunto, como o tipo de traço, não é tão conhecido do público em geral, além de esbarrar na legislação brasileira. Infelizmente, muitas das tintas não entram no país, sendo proibidas pela ANVISA, e só podem ser utilizadas pelas pessoas se as tatuagens forem feitas em solo estrangeiro.
Com a chance de esquecimento disso, ou da impossibilidade de fazer o desenho em outro lugar, detalhes importantes podem passar batidos e até mesmo uma oportunidade de ter uma tatuagem mais bonita e marcante pode deixar de acontecer.
Portanto, para saber mais qual tinta funciona melhor, ou pode apresentar mais riscos é preciso entender sua composição e como cada uma age no corpo, como as seguintes:
Acrílicas: podem ser chamadas de minerais. Elas contém pigmentos derivados de metais, como arsênio, cobalto, berílio, selênio, níquel, entre outros. Na visão de Daniel Couto, proprietário do estúdio ITattooClub, “sua composição pode trazer algumas complicações, como alergias, em pessoas com pele mais sensível. Além disso, ela pode dificultar a realização de alguns exames médicos, como o MRA, e pode ser mais difícil de ser removida a laser, se comparada a outros tipos de tinta”.
Dentre os tipos de tintas acrílicas, cada cor pode apresentar sua especificidade, gerando mais ou menos problemas ou dificuldades no trato com a tatuagem. Como exemplo disso, pode-se citar:
Preto: por mais que possa apresentar traços de fenol algumas vezes, o que pode acarretar em alergias no tatuado, na grande maioria das vezes, é uma tinta feita de carbono, sendo o menos agressivo ao corpo, dentre todas as outras cores.
Vermelho: como possui mercúrio em sua base, essa cor é extremamente nociva ao corpo, podendo gerar alergias mesmo tendo passado um bom tempo da tatuagem feita. Dentre todas as outras cores, é a mais perigosa e costuma ser substituída por carmim, feita de animais e hipoalergênica.
Azul: mesmo não sendo a mais perigosa, pode afetar peles hipersensíveis, com o surgimento de granulomas, uma erupção cutânea causada pela presença de sais de cobalto na tinta.
Amarelo: essa cor apresenta cádmio e sulfito de cádmio, metais, mas não costuma causar problemas de alergia, sendo leves, quando acontecem.
Branco: junto da cor vermelha, apresenta muitos riscos à saúde, por ter, em sua composição, titânio e óxido de zinco.
Verde: por ter cromo, em sua base, pode causar eczemas na pele. O eczema é uma condição crônica da pele em que ela fica vermelha, seca, pruriginosa e rachada.
Violeta: como é composta por magnésio, serão poucas as vezes em que apresentará alguma reação indesejada na pele.
As tintas acrílicas costumam ser a primeira opção dos tatuadores, visto que “suas cores são mais intensas, fazendo os desenhos ficarem mais vivos e vibrantes. Além disso, elas tendem a durar mais tempo na pele”, explica Daniel.
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Vegetais: diferentes das acrílicas, elas não possuem metais ou produtos que possam causar problemas de pele. Elas são orgânicas e, mesmo não garantindo 100% de segurança, são hipoalergênicas. Além disso, o corpo tende a reagir e absorver melhor esse tipo de tinta e, para os veganos, ela não possui nenhum tipo de origem animal. As vegetais sofrem com as sanções da ANVISA, sendo impossíveis de serem usadas aqui.
De acordo com Daniel, “um ponto contrário é que elas não resistem tanto à passagem do tempo, desbotando mais facilmente. Elas também não apresentam a mesma intensidade quando comparadas às acrílicas, não causando o mesmo impacto”.
Fluorescente: são marcadas por brilharem em ambientes escuros, mas podem ser utilizadas em conjunto com outras tintas, tendo compostos metálicos também. Assim como as vegetais, suas possibilidades acontecem fora do Brasil, necessitando de uma viagem para encontrar onde fazer.
Ultravioleta: assim como as fluorescentes, elas brilham conforme são expostas à luz negra, podendo compor uma artes com tintas normais, e também são impossibilitadas em solo brasileiro.
Portanto, são muitas as possibilidades de tintas e usos para elas. O que difere, para o cliente, é o quanto ele se importa com as consequências na pele, os compostos das tinta, os efeitos que planeja com o desenho escolhido e sua disponibilidade de realizar o procedimento em outro país.
É importante lembrar que, caso algum tatuador apresente a possibilidade de usar tintas proibidas, o recomendado é não correr o risco de um incidente maior.