Economia Negócios
Ouribank faz avaliação da economia brasileira em 2024
Para economista Cristiane Quartaroli, há sinalizações de que tanto cenário externo quanto interno devem ser positivos para a economia brasileira
02/01/2024 10h13
Por: Fábio Costa Pinto Fonte: Agência Dino

O Ouribank apresentou suas avaliações dos principais indicadores da economia brasileira em 2024, adotando uma visão mais otimista em comparação com o mercado. A taxa de câmbio, por exemplo, poderá ficar abaixo dos US$/R$ 5,03 previstos no Relatório Focus do Banco Central (BC), afirmou a economista da instituição financeira, Cristiane Quartaroli, em entrevista coletiva na semana passada (19/12).

Quando se olha os dados do setor externo, observou-se que tanto o fluxo quanto o saldo comercial cresceram em 2023 e isso não se refletiu em queda na taxa de câmbio ao longo do ano. Portanto, é de se esperar que em algum momento esse impacto aconteça e seja positivo para a evolução da nossa moeda.

Segundo a economista, os fatores que impediram uma taxa de câmbio melhor foram a preocupação com a política fiscal, no cenário interno, e o desempenho das economias centrais, com inflação e alta de juros. “Trouxeram cautela, incertezas e aversão ao risco, refletindo no câmbio. No entanto, a expectativa de políticas monetárias menos contracionistas ao redor do globo em 2024 tende a ser positiva para a economia brasileira.”

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Como ficam inflação, Selic e PIB

Na análise de Quartaroli, a inflação deverá situar-se mais na próxima meta em 2024, ficando um pouco abaixo da expectativa de 3,93% do Focus. A inflação menor tende a impactar positivamente em nossa taxa básica de juros básicos. “A Selic poderá ficar abaixo dos 9,25% projetados para o ano que se inicia. Desta maneira, o Produto Interno Bruto (PIB) tende a crescer mais que os 1,51% também projetados pelo mercado.”

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A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC divulgada nesta semana trouxe um tom mais positivo em relação ao cenário interno e externo, ela avalia. “O BC entende que os núcleos de inflação estão convergindo para a meta, embora não tenha sinalizado um aumento no ritmo de ajuste da Selic, por conta de riscos do lado fiscal e externos.

Inflação desacelerando, juros mais baixos e melhores taxas de emprego e de renda poderão influenciar no aumento do consumo das famílias; e resultar em expansão mais robusta do setor de Serviços, em 2024, uma vez que essa importante área da economia brasileira apresentou crescimento mais tímido neste ano. Já a Reforma Tributária, um grande avanço para o Brasil, na opinião de Quartaroli, tende a ter repercussão positiva para o desempenho da indústria. Outros pontos de destaque que favorecem o otimismo para 2024 são as melhoras nos índices de confiança tanto do consumidor, quanto do empresariado, importantes para impulsionar consumo e investimentos no futuro.

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Pontos de atenção

Se por um lado dados de trabalho, renda e confiança são indicativos de crescimento da economia; por outro, eles acendem uma luz amarela, que é o aumento do consumo e possível pressão futura sobre a inflação, alerta a economista do Ouribank. Não à toa, o BC está mais cauteloso em anunciar aumento no ritmo de reduções da Selic, em 2024, ela disse.

A política fiscal também merecerá mais atenção no próximo ano. “A questão fiscal trouxe muita volatilidade ao mercado financeiro em 2023, o que poderá continuar no próximo ano porque o atual governo tem perfil mais expansionista e o mercado se preocupa bastante com isso.” A previsão de um PIB menor em 2024 do que os 2,92% projetados para este ano indicam ainda uma arrecadação menor, com despesas que podem não acompanhar esse ritmo. “Assim, a conta pode não fechar e a projeção de déficit zero para 2024 não se efetivará.”

Quartaroli ressaltou, contudo, que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem sinalizado compromisso com a política fiscal, com a meta de redução do déficit e que o governo tem trabalhado para melhorar a arrecadação. “A aprovação da Reforma Tributária é uma sinalização positiva. O País deu um passo importante ao longo de 2023, mas ainda há muito a ser feito, e as medidas vão demorar um pouco para chegar na economia real.”